Pelé é carregado durante a comemoração do título mundial em 1970 (Foto: Agência AP)
Um craque superestimado, especialista em vender a própria imagem e ávido por patrocínios. Este foi o perfil de Pelé apresentado pelo jornal inglês “The Telegraph”, num artigo que questiona a posição do ex-jogador como o maior futebolista de todos os tempos e analisa seu relacionamento com os brasileiros e suas ações após pendurar as chuteiras.
- Nos dizem que Pelé é o melhor, mas seu recorde é exagerado. Ele é um mestre de autopromoção, e as circunstâncias o ajudaram a alcançar sua proeminência – diz o subtítulo do texto, intitulado “Como e por quê a mística e a reputação de Pelé como maior jogador do mundo foram exageradas”.
Antes de tudo, o jornal admite que Pelé foi um grande jogador, um atleta completo. Mas argumenta que o currículo do brasileiro não é tão bom quanto parece: além da controversa lista de 1283 gols – “alguns deles marcados em amistosos contra combinados locais ou times convidados” -, a performance do Rei do Futebol em Mundiais também é questionada.
- Seu histórico na Copa do Mundo, embora impressionante, é suscetível a exageros. A lesão em 1962 significa que ele, na verdade, venceu duas Copas, e não foi o destaque absoluto em nenhuma delas. Em 1958, Didi foi escolhido o melhor jogador do torneio, enquanto em 1970 o time inteiro foi bem, com Tostão e Jairzinho tão importantes quanto Pelé.
Para o jornal, Pelé foi eficiente em se autopromover. As constantes viagens pelo mundo para jogar com o Santos, o fato de a Copa de 1970 ter sido a primeira televisionada em grande escala, a produção de filmes e livros, estudos psicológicos... Tudo entra na conta para explicar como o ex-jogador soube se divulgar no planeta. Até mesmo depois de se aposentar dos gramados.
- Aos 73 anos, a sede de Pelé por merchandising está mais viva do que nunca. Em algumas semanas, ele visita três ou quatro continentes fazendo trabalho promocional. Estima-se que a “marca Pelé” vai gerar 25 milhões de dólares neste ano – prossegue o “The Telegraph”.
Pelé durante evento em São Paulo (Foto: Nilton Fukuda / Agência Estado)
De acordo com o jornal, os próprios brasileiros são cientes disso, algo visível na forma como muitos criticam Pelé. As declarações do ex-jogador em relação aos recentes protestos no país foram lembradas pelo periódico como um exemplo de que o craque não está em sintonia com seus compatriotas.
Por fim, o artigo questiona se Pelé continuará a ser lembrado como o maior de todos os tempos nas próximas décadas.
- Talvez em meio século o nome de Pelé estará esquecido, e nossos netos estarão envolvidos em debates similares sobre os méritos de Messi. Cada geração, no fim das contas, refaz sua própria verdade.