Amadeu Ribeiro (ao fundo) lembra pontualidade de Éverton (Foto: Vitor Geron)

Nos últimos anos o meia Éverton Ribeiro ganhou destaque nacional pela visão de jogo, qualidade para armar a equipe, drible rápido e finalização precisa. Mas cidade de Santa Isabel, na Grande São
Paulo, ele é famoso por ser agitado, quieto e pontual.

Familiares e amigos lembram de histórias curiosas do menino que cresceu no pequeno município paulista. Lembranças que o jogador do Cruzeiro e da Seleção Brasileira provavelmente não guarda, por também carregar a fama de esquecido.

- Ele falou “bola” antes de “pai” e “mãe” e fui uma frustração em casa. Como começou a andar cedo, aos nove meses, com um ano ele já corria. E ele aproveitou todas as fases da infância.

Gostava de bolinha de gude, empinou pipa, descia os barrancos, mas a brincadeira sempre terminava em frente à nossa casa, com o portão virando gol – contou a mãe do craque do Brasileirão, Rita de Cássia.

Mas nos primeiros anos de vida do menino Éverton, nem tudo era futebol. Apesar da tranquilidade demonstrada nos gramados, Rita tem recordações de uma criança agitada. Ele perdeu a conta de quantas vezes acordou e encontrou o filho dormindo fora do quarto, seja na sala ou no banheiro.

- Com um ano e meio, eu lembro que as luzes da casa estavam todas apagadas e tinha papel higiênico por todos os lados. Eu fui seguindo e, quando vi, ele estava em cima da mesa, todo enrolado, feito uma múmia. Acordava para brincar sozinho e acabava dormindo em qualquer lugar.

Se o lado “agitado” do bicampeão brasileiro surpreende quem não o conhece há muito tempo, tem outro traço da personalidade que é bem perceptível. O pai, Amadeu Ribeiro, cansou de ver o filho preocupado em não chegar atrasado nos treino, desde os primeiros anos da carreira.

- Quando o Éverton treinava na Portuguesa, em São Paulo, ele não podia ver um trânsito na Marginal Tietê que já ficava preocupado em chegar tarde. No meu carro tinha um relógio e o Éverton ficava de olho. Era o trânsito começar a parar que ele já falava que nós iríamos atrasar. Me enchia o saco isso. Até que eu resolvi colar um papelzinho no relógio para ele ficar sem ver as horas – contou o pai.

Para Amadeu, a pontualidade acabou se refletindo no restante da carreira, uma vez que o meia é conhecido por sempre cumprir os horários e nunca perder os treinos. Se ele não comparece a um compromisso, a explicação pode estar em outra característica de Éverton: a memória curta.

- O grande problema dele é que ele é esquecido. A memória dele é de 10 minutos. Você marca alguma coisa e logo depois ele já esqueceu. Não dá para fazer planos com o Éverton – disse o amigo Rodrigo “Carioca”.

De férias em Santa Isabel, Éverton Ribeiro continua jogando futebol (Foto: Vitor Geron)

Por ser muito discreto e quieto, os amigos reconhecem que Éverton dá pouco espaço para piadas e situações engraçadas. Para Thiago “Gambá”, que conviveu boa parte da infância com o meia do Cruzeiro em Santa Isabel, as lembranças estão relacionadas ao futebol.

- Ele estava sempre jogando bola. E até hoje é assim, nunca vi. Quando chega aqui (em Santa Isabel) é só ver uma bola que ele já sai chutando. É muito fominha.

O isabelense ilustre passa férias na cidade e se reapresenta ao Cruzeiro no dia 7 de janeiro. Nesta semana ele realizou um jogo beneficente em sua cidade, no último compromisso do jogador em 2014.