Com dois Campeonatos Brasileiros conquistados, Mattos deixa o Cruzeiro depois de 2 anos e 7 meses

Após anunciar o fim de seu ciclo no Cruzeiro, em entrevista na Toca da Raposa II, o diretor de futebol Alexandre Mattos compareceu na noite dessa terça-feira a uma reunião de conselheiros do clube, no Barro Preto, para se despedir. Segundo apurou o Superesportes, o dirigente foi bem recebido, ficou todo o tempo ao lado de Gilvan e recebeu inúmeros pedidos para seguir no clube. Nos bastidores, a saída de Mattos não foi bem digerida pela maioria do conselho, que teme pela gestão do futebol a partir de 2015.

Nomes importantes da cúpula celeste prestigiaram o encontro, que ocorre semanalmente e ganhou o nome de “Confraria”. Os vices José Francisco Lemos e Márcio Rodrigues, além de Hermínio Lemos, secretário-geral do Cruzeiro, estiveram no Barro Preto. Apesar do conselho não aprovar a saída de Mattos, oficialmente, o apoio às decisões do presidente Gilvan é irrestrito. O comentário que circula entre os conselheiros é de que a única ala que aprovou a saída de Mattos foi a “Perrellista”, capitaneada pelo ex-vice presidente José Maria Fialho – que foi contrário à admissão do diretor.

Possíveis substitutos para a diretoria de futebol foram aventados durante o encontro. Gilvan evitou comentar sobre qualquer nome, mas teria garantido a pessoas próximas que não efetivará Valdir Barbosa. Alexandre Faria, que colocou o cargo à disposição da diretoria do América, teve o nome citado por conselheiros, mas em tom de rejeição. Os colaboradores do clube, no entanto, esperam que o presidente faça opção por um funcionário capacitado, que possa dar continuidade à gestão profissional introduzida por Mattos.

Curiosamente, o nome de Mattos para dirigir o futebol do Cruzeiro surgiu desse mesmo encontro de conselheiros, em fevereiro de 2012. Na época, Bruno Vicintin havia apresentado Alexandre, seu amigo pessoal, ao então vice-presidente administrativo José Francisco Lemos, que sugeriu a contratação a Gilvan no dia da "Confraria". O presidente comprou a ideia e anunciou a contratação de Mattos semanas depois, apoiado por Márcio Rodrigues, vice-presidente do clube.

A saída

Uma reunião entre Gilvan de Pinho Tavares e Alexandre Mattos na última sexta-feira, na sede do Cruzeiro, praticamente sacramentou a saída do diretor. Na ocasião, o presidente “liberou” o dirigente para negociar contrato com o Palmeiras e disse que não "atrapalharia" seu futuro.

Além de não ver abertura no Cruzeiro para um reajuste salarial, Alexandre teria solicitado maiores benefícios a funcionários da Toca da Raposa II e também sentiu Gilvan resistente. O discurso do presidente vai na mão contrária: reduzir custos.

Após a festa do tetracampeonato brasileiro, no domingo, Alexandre Mattos ficou balançado com as manifestações dos jogadores e da torcida e chegou a repensar sua decisão de deixar o Cruzeiro. Gilvan declarou que acreditava na permanência de seu diretor. Nessa terça-feira, no entanto, após nova reunião na sede do clube, no Barro Preto, o martelo foi batido e o desligamento anunciado em seguida, em entrevista na Toca da Raposa II.

Na “gestão Mattos", o Cruzeiro contratou 40 jogadores. Ele fechou quatro das cinco aquisições mais caras da história do clube: o zagueiro Dedé (R$ 14 milhões), o atacante Willian (R$ 10,5 milhões), o zagueiro Manoel (R$ 7,5 milhões) e o atacante Dagoberto (R$ 7 milhões). A contratação de Sorín, em 2000, por R$ 9,4 milhões, integra o top5.