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30/8/2014 15:00

Por uma final mineira

Claro que os torcedores querem a eliminação precoce do rival, mas para a imprensa seria muito legal ver dois mineiros decidindo

Por uma final mineira
O Cruzeiro goleou o Santa Rita por 5 a 0, na Copa do Brasil (foto). Até aí, novidade nenhuma. Ninguém esperava outro resultado que não fosse esse. Afinal, o Santa Rita não disputa nenhuma divisão do futebol brasileiro, tem orçamento na casa dos R$ 100 mil anuais e é um mero desconhecido do torcedor. Foi um jogo em que o técnico Marcelo Oliveira deixou três grandes jogadores de fora: Éverton Ribeiro, Léo e Ricardo Goulart. Mas para quem tem jogadores como Manoel, Dagoberto e Júlio Baptista, isso não é problema. O Cruzeiro tem dois ou três jogadores de nível por posição e, exatamente por isso, é candidato a todos os títulos que vai disputar. Além disso, pegar um adversário desqualificado, facilita as coisas. Parecia Brasil x Alemanha, quando os alemães não aplicaram uma goleada de 12 porque tiraram o pé. O Cruzeiro mandou bola na trave, perdeu gols incríveis e se contentou com os cinco gols. E vou dizer mais: o Cruzeiro só não chegará às semifinais se não quiser, já que nas quartas vai pegar ABC ou Vasco, mais provavelmente o primeiro, que empatou com o time carioca em São Januário por 1 a 1.

A Copa do Brasil é o caminho mais curto para a Libertadores. Porém, é competição mata-mata, em que o técnico Marcelo Oliveira não se dá bem. Pode chegar à final novamente e perder a taça, como ocorreu em duas vezes com o Coritiba. Mesmo sendo o Cruzeiro o melhor time do Brasil, poderá enfrentar um Corinthians, Grêmio e acabar derrotado. Vale lembrar que no time gaúcho há um especialista em mata-mata, que não morreu depois que levou de sete da Alemanha. Felipão já ganhou três Copas do Brasil, com Criciúma, Grêmio e Palmeiras, e conhece os atalhos para fazer um time mais fraco, no caso, Grêmio, derrotar o mais forte, o Cruzeiro, caso se enfrentem. Se fosse nos pontos corridos, as chances dele seriam zero. Como está bem no Brasileirão e deverá ser o campeão novamente, se perder a Copa do Brasil o torcedor não irá sofrer. Mas que essa Copa do Brasil tá uma moleza, ah, isso tá!

Do outro lado, o Atlético terá um pouco mais de trabalho. Venceu o Palmeiras com inteligência e sabedoria, foi melhor o tempo todo e não foi ameaçado. Tanto que o goleiro Fábio, do time alviverde, foi o grande nome do jogo, fazendo defesas impossíveis. Houve um gol de Leonardo Silva anulado e um pênalti inventado pelo árbitro. A falta do zagueiro atleticano me pareceu fora da área. Como dizem que “pênalti roubado não entra”, o Palmeiras teve de voltar a primeira cobrança, que havia entrado, pois seus jogadores invadiram a área, e, na segunda cobrança, a bola foi para fora. O Atlético tem em seu treinador o campeão da Copa do Brasil de 1996. Aliás, único título relevante da carreira de Levir Culpi, que dedicou parte de seu trabalho ao Japão, onde ganhou muito dinheiro. Mas, aos poucos, e contra o fato de estar desatualizado do nosso futebol, ajeitou o Galo com as peças que tem e não deixa de fazer boa campanha. Eu não duvidaria se o Galo chegasse à final. E seria melhor ainda para o nosso estado se esta final fosse entre os dois mineiros e rivais. Aí que São Paulo e Rio ficariam ainda mais deprimidos.

Já disse que o lado atleticano é mais difícil, pois ele não pegará as “galinhas mortas” que o rival pegará. Mas a Copa do Brasil já apresentou muitas surpresas, como Criciúma, Juventude, Santo André e Paulista, de Jundiaí. É bom jogar com seriedade, encarando os “porcos magros” como verdadeiros poluidores de água. Mas, enquanto nossas equipes estão na disputa, não podemos deixar de sonhar com uma final mineira. Seria inédito e maravilhoso para as Gerais. Claro que os torcedores querem a eliminação precoce do rival, mas para nós, da imprensa, seria muito legal ver dois mineiros decidindo a Copa do Brasil. Isso já aconteceu no Rio, se não me engano, duas vezes. A Copa do Brasil é uma competição eleitoreira, em que a CBF agrada aos dirigentes de federações, pondo equipes que nem divisão disputam, caso do Santa Rita. Mas é democrática, e agora, com a determinação de que os times que disputam a Libertadores entram somente nas oitavas, acho que ficou de bom tamanho. O Cruzeiro, por exemplo, disputou cinco Libertadores seguidas e ficou fora de cinco Copas do Brasil. Mesmo assim, mantém, ao lado do Grêmio, a hegemonia da competição, com quatro conquistas. Agora a coisa ficou mais justa.

Já tivemos algumas surpresas com a eliminação de São Paulo, Inter e Fluminense para adversários bem mais fracos. Isso deverá servir de alerta para a dupla mineira não se descuidar. Como o jogo é em sistema de ida e volta, um gol fora de casa pode valer muito no critério de desempate, como sofrê-lo em casa pode ser um desastre. Que Galo e Raposa se conscientizem disso. Vejam que os times considerados fracos também aprontam e ganham a taça. É assim também na Inglaterra, pois vez por outra um time pequeno chega à decisão da Copa da Inglaterra.

Estados Unidos

Sigo hoje para a Terra do Tio Sam, para acompanhar os jogos da Seleção Brasileira, novamente sob o comando de Dunga. Jogos contra a Colômbia, sucesso do último Mundial, e Equador.

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