O grande sonho de Mattos era ver o Cruzeiro campeão da Libertadores e do Mundial
Nem o mais pessimista dos cruzeirenses imaginaria um cenário tão trágico oito meses depois de levantar a taça do bicampeonato nacional, uma façanha digna de um clube organizado, bem planejado e sabiamente gerido, algo que hoje definitivamente não é. E a motivo não poderia ser mais esdrúxulo e amador: uma mera questão de ego.
Muito mal assessorado, o jurássico presidente celeste, o Dr. Gilvan resolveu dar fim aos bons serviços de um dos melhores dirigentes esportivos do país e apostar em sua própria ‘experiência’ para gerir a diretoria de futebol. Sem Mattos, não só se foi todo o planejamento do futebol para 2015, como também a esperança do torcedor de comemorar os títulos tão sonhados, como Libertadores e Mundial.
Dr. Gilvan não só cedeu aos caprichos de conselheiros ultrapassados, como também se entregou ao antigo vício de centralizar o poder e redistribuí-los entre os seus antigos (leia-se, idosos) aliados, mesmo eles não reunindo condições técnicas de assumir tais responsabilidades. Benecy e Valdir não só não entendem muito no quesito planejamento e reforços, como também proporcionaram uma sequência patética de confirmações e desmentidas que constantemente iludiam e enervavam a torcida.
Benecy em sua costumeira tarefa de desmentir o Valdir
Não vou ficar aqui listando todos os reforços cogitados pelo clube, que só não vingaram por uma vontade frenética de pôr a boca nos microfones. A lista não caberia nesta coluna. Mas cabe ressaltar os efeitos negativos que tantas especulações provocaram no time e no Marcelo Oliveira que já não fazia mais questão de esconder da imprensa e da opinião pública toda sua insatisfação com a falta de iniciativa da diretoria.
Uma temporada de resultados pífios, eliminações precoces com direito a vexame e a demissão do maior técnico do Brasil na atualidade, compõem um quadro de horrores de uma diretoria totalmente estática e sem rumo. Eu fiquei particularmente confiante com a chegada do Luxa, tanto pela seu histórico aqui no Cruzeiro, quanto pela sua personalidade mais vibrante e pró-ativa. Mas depois de colecionar várias derrotas e algumas vitórias, sem exigir reforços à altura, percebi que havia me enganado. A única indicação do Luxa foi para a diretoria de futebol. Isaías Tinoco, mais um dirigente arcaico do futebol brasileiro, não era bem aquilo que esperávamos.
Saem Mattos e Marcelo e entram Tinoco e Luxa... 'jenial'!
Se o Dr. Gilvan fosse CEO de uma grande empresa, certamente teria sido cobrado pela sequência de erros e equívocos e questionado duramente pelos prejuízos em apostas pessoais erradas (como Seymour, Riascos e outros). Mas o Cruzeiro parece um círculo fechado de anciãos blindados por um estatuto que não permite a entrada de gente moderna e visionária.
A saída do Mattos, seguido pelo ex-diretor de Marketing Marcone Barbosa (que praticamente pediu para ser liberado), marca a volta daquela mentalidade retrógrada de 2012, sem perspectivas de títulos e com o agravante do perigo concreto de uma queda inédita. Sem forças na CBF e na FMF, por culpa da falta de malícia e articulação política do nosso presidente, o destino do Cruzeiro se projeta trágico.
O mundo paralelo criado pelo próprio Gilvan onde não existem problemas, nem senso de urgência (alguém segue os canais oficiais do clube nas redes sociais? Que coisa mais afastada da realidade...) já não convence mais ninguém. Chegou a hora do dr. Gilvan entregar o poder nas mãos seguras de um dirigente mais moderno e ambicioso, que honre e eleve a moral do maior clube de Minas. Enquanto isso não acontecer, o Cruzeiro irá afundar cada vez mais em sua mediocridade, perdendo prestígio, respeito e principalmente dinheiro.