17/7/2015 08:42
Presidente explica situação financeira e dificuldades para montar elenco forte
Gilvan de Pinho Tavares afirma que Cruzeiro vem pagando em dia a folha salarial, mas admite que clube vem tentando reduzir os gastos que tem com o futebol
Gilvan de Pinho Tavares explicou situação financeira do Cruzeiro (Foto: Maurício Paulucci)
A conta pela conquista do bicampeonato brasileiro chegou ao Cruzeiro. E já está sendo paga, ainda que à custa de sacrifícios e diminuição nos investimentos no futebol. Quem afirma é o presidente do clube mineiro, Gilvan de Pinho Tavares, que, em entrevista à Rádio Itatiaia, explicou os motivos de o clube estar tendo tantas dificuldades para contratar grandes jogadores e montar um time do mesmo nível daquele que encantou o Brasil nas duas últimas temporadas. Além disso, o dirigente revelou estar tentando diminuir a folha salarial do clube.
- Eu preciso dizer que vendemos muitos jogadores. Não conseguimos manter a equipe dos campeonatos de 2013 e 2014. O Cruzeiro não tinha 100% dos direitos dos atletas que nós vendemos. Um tinha 60%, o outro 50%, e por aí vai. Nem todo esse dinheiro entrou para o Cruzeiro, tivemos que pagar comissão para quem participou dos negócios também. Quem está fora não sabe quanto custa montar um plantel que o Cruzeiro montou nos anos anteriores - explicou o dirigente.
Os altos salários pagos aos atletas pesam muito nessa conta. Alguns agravantes dificultaram a situação econômica do clube ainda mais, como ter de jogar longe de Belo Horizonte, entre junho de 2010 e abril de 2011, por causa das reformas do Mineirão e do Independência, para a Copa do Mundo. O alento para a torcida cruzeirense é que os salários e compromissos do clube estão em dia, segundo Gilvan.
- Nós tínhamos uma situação aflitiva, jogamos dois anos e meio fora de Belo Horizonte. O presidente anterior teve que desfazer todos os atletas valorizados para pagar todas as contas e entregar o cargo. Para ter uma ideia, a despesa do Cruzeiro com jogadores que trouxemos, com rescisões e outros gastos, no mês de janeiro, foi de R$ 49 milhões. A folha de pagamento do Cruzeiro é altíssima, estamos diminuindo gradualmente, mas ela gira em torno de R$ 8 milhões. Quitamos a folha de junho em 3 de julho. O que poucos clubes estão conseguindo.
Gilvan de Pinho Tavares conta que apesar da alta arrecadação, as despesas do clube foram ainda maiores nos últimos anos. O déficit está fazendo o Cruzeiro frear as contratações e pensar bem antes de investir em atletas mais caros, como conta o presidente.
- Nós tivemos uma receita de venda de atletas, bilheterias, sócio-torcedor, receita marketing, nesse primeiro semestre, na ordem de R$ 200 milhões. Mas tivemos uma despesa de R$ 202 milhões. Nós tentamos contratar jogadores. Mas não vamos pagar R$ 700 mil a qualquer jogador. A gente pagaria ao Robinho. Agora pagar esse valor a um jogador que não daria retorno técnico não vamos. Vai entrar em vigor uma nova norma no futebol brasileiro, uma prestação de contas mais rigorosa, em que os clubes não poderão gastar 80% da receita do clube com futebol, isso não iremos fazer. No dia 1º de janeiro de 2017, esse débito tem que estar reduzido a 10% da receita. Muitas coisas você não vai poder fazer mais. Tinha muito clube fazendo loucura, e isso a gente não vai fazer.
1077 visitas - Fonte: GloboEsporte