"Adorei a volta do Vinícius Araújo e sua alegria de voltar a vestir o manto azul celeste"

Quando vejo Iker Casillas sair do Real Madrid depois de 25 anos e Schweinsteiger deixar o Bayern após passar toda a carreira no clube, fico comparando essas situações com a dos jogadores brasileiros atuais. A turma do Bairro de Lourdes, por exemplo, se especializou em contratar jogadores que já foram aplaudidos pelos nossos torcedores. Eles já fizeram isso muitas vezes. Só no elenco atual, poderia citar Thiago Ribeiro e Guilherme. Emocionalmente, é uma burrice muito grande um jogador vestir camisas de times rivais. Os dois nomes citados no início da coluna foram campeões mundiais por suas seleções, nunca atuaram em outras equipes e, ao fazer essa mudança, estão trocando de país para não perder a relação emocional com suas origens.

Ver a recepção do Tévez no Boca Juniors dá uma inveja danada da paixão de um jogador pelo time do coração. Um ídolo que não pensou em dinheiro, e sim no coração. Sorín, por exemplo, sempre assumiu que nunca vestiria a camisa preto e branca do outro lado da Lagoa. A torcida adora tal tipo de manifestação.

Há alguns dias, rolaram algumas notícias sobre possível transferência de Ronaldinho para o Cruzeiro. Jamais gostei da ideia. Agora, que ele está indo para o Fluminense, fico na dúvida entre respeitar a sua vontade de voltar ao Rio de Janeiro ou criticar a sua forma de conduzir a carreira quase como um ídolo de aluguel. Não gostaria de ter jogadores com essa característica no nosso time.

Pra quê? Tivemos uma experiência muito desagradável na final do Mundial Interclubes de 1997, quando contrataram Bebeto, Gonçalves e Donizete Pantera para o jogo contra o Borussia Dortmund, e nem preciso comentar o que aconteceu.

Adorei a volta do Vinícius Araújo e sua alegria de voltar a vestir o manto azul celeste. Isso faz qualquer torcedor sair de casa. Será que não seria a hora de tentar trazer também Lucas Silva de volta???

Esse amor ao clube é um valor único que tem de ser respeitado. Jogadores que simplesmente querem voltar ao Brasil e só vêm para o Cruzeiro se o Flamengo não cobrir a proposta podem ficar no exterior, muito obrigado. Desfiguramos o nosso time, fizemos uma operação plástica que não funcionou e remendar com contratações temporárias é aumentar o Frankenstein.

Independentemente de termos somente um terço do campeonato realizado, o que não precisamos no momento são de jogadores com prazo de validade curto, simplesmente para tentar agradar a alguns. Este ano é sabático. Uma palavra complicada para um significado simples. Primeiro precisamos descobrir o que viramos depois de tantas mudanças.

A melhor da semana é o novo passaporte brasileiro, que além de ser azul tem o Cruzeiro do Sul na capa. Agora não adianta espernear. Se quiser viajar para o exterior, terá de ser de azul com cinco estrelas. Bom gosto é para poucos. Já imaginaram um passaporte listrado de preto e branco? Seria muita falta de imaginação.