26/6/2015 12:38
Bola dentro nas manhãs de domingo
Com sete jogos, o horário é o de melhor média do campeonato: 21.926 pagantes
Talvez nem em sua expectativa mais otimista a pessoa que teve a ideia de marcar jogos do Campeonato Brasileiro para as 11h dos domingos imaginasse que a experiência cairia tão rapidamente no gosto do torcedor. O horário, pouco convencional para os padrões nacionais, é sucesso de público e renda. É bem verdade que nem todos os times estão se dando bem com o ar puro da manhã (haja vista o tropeço do Cruzeiro diante da modesta Chapecoense, no último domingo, no Mineirão), mas não há como negar que a iniciativa mudou, para melhor, o clima nos estádios do Brasil.
O cenário é bem semelhante ao que víamos há algumas décadas, com famílias inteiras de volta às arquibancadas (hoje, acomodadas em cadeiras) e muitas caravanas do interior invadindo a capital. Com sete jogos disputados, o horário é o de melhor média de público do campeonato: 21.926 pagantes por partida, sendo que a média total do Brasileiro é de 14.683 pagantes/jogo. Deixa no chinelo os tradicionais confrontos das 16h de domingo e até os das tardes de sábado. E não há nem comparação com as inconvenientes partidas noturnas – difícil acreditar em estádios lotados num sábado ou (pior) domingo à noite.
Se foi para atender a interesses comerciais ou apenas proporcionar um horário alternativo ao torcedor, não importa. De maneira bem-intencionada ou não, desta vez a bola foi dentro, ainda que sejam fortes os indícios de que não havia muita convicção dos gerenciadores do futebol brasileiro no êxito. Para início de conversa, marcaram para o horário partidas que, em condições normais, não atrairiam muito público, o que poderia ser uma senha para o fracasso. Mas não foi.
Para evitar arenas vazias, a maioria dos clubes apostou em promoção nos ingressos. O Grêmio, que estreou as partidas das manhãs dominicais com um jogo contra a Ponte Preta, apelou para o sentimentalismo: como o duelo foi no Dia das Mães, as matriarcas que estivessem acompanhadas de sócios pagavam apenas R$ 10. No Santos x Sport, o torcedor do Peixe que comprasse o ingresso nas bilheterias trajando a camisa do clube pagava metade, assim como os acompanhantes dos sócios-torcedores. O Palmeiras optou por reduzir o valor das entradas para a partida contra o Goiás.
O Cruzeiro não fez promoção para enfrentar a Chapecoense. Mas como o time vinha embalado por três vitórias seguidas sob o comando de Vanderlei Luxemburgo, a torcida estava empolgada. E o Mineirão ficou lotado, todo colorido de azul (foto). Resultado: o melhor público da Raposa no Brasileiro, com 33.643 pagantes. Poderia até ter sido maior, se houvesse estrutura suficiente para atender à grande demanda – muita gente voltou para casa sem conseguir entrar, por causa das longas filas nas bilheterias para compra de ingressos de última hora.
Agora é a vez de os atleticanos experimentarem uma partida na manhã de domingo. E, de novo, a procura por entradas é grande, até pela promoção feita pelo clube alvinegro, que oferece aos associados do Galo na Veia a possibilidade de levar um acompanhante. A expectativa é de que o confronto com o Joinville bata o recorde de público do Brasileiro. Se os jogadores precisam de incentivo para mostrar bom futebol e manter a equipe no G4, isso eles terão. O Mineirão estará preto e branco e só faltará a equipe de Levir Culpi retribuir a confiança com um belo futebol, para a festa ficar completa.
Se a tendência for mantida, a iniciativa deixará de ser experiência para se tornar realidade. Depois deste Campeonato Brasileiro, as manhãs de domingo nunca mais serão as mesmas.
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