23/6/2015 12:32
Talento azul
"Talvez o próximo passo seja tirar o futebol do horário das 22h nos dias de semana. Esse horário está mais pra show de rock do que para esporte"
O ano de 2003 começou com algumas incertezas, principalmente pela nova fórmula de disputa do Brasileiro. Seria o primeiro em que finalmente teríamos um campeonato por pontos corridos, para que o melhor time, o mais regular, levasse a taça para casa.
Terminamos a edição de 2002 em nono lugar e por pouco não fomos à fase de mata-mata. O mais interessante é que o Santos se classificou em oitavo e acabou sendo campeão. Mais uma prova de que o importante não era ser o melhor, mas jogar com as regras da competição. Essa discussão sobre a fórmula da competição é eterna e nunca terá unanimidade. Com certeza, ter uma final é sempre mais emocionante, mas um esporte em que somente um gol pode pôr todo um ano de trabalho em risco me faz optar pelos pontos corridos. Esse tipo de disputa é mais justa e menos sujeita a deslizes naturais de um árbitro e outros fatores extracampo.
Foi com o regulamento debaixo do braço que no ano seguinte conquistamos tudo: o primeiro Brasileiro por pontos corridos, a Copa do Brasil, só em mata-mata, e, de brinde antecipado, um Campeonato Mineiro, para que a turma do outro lado da lagoa ficasse sem um tacinha sequer na sua empoeirada sala de troféus.
Parar relembrar essa conquista sem precedentes no futebol brasileiro, teremos no sábado uma festa em homenagem ao maestro da conquista: Alex. Nunca tive a oportunidade de conversar com ele, mas, como cruzeirense, só posso agradecer os belos momentos que vivenciei naquele ano. Ele não era um jogador explosivo, que fazia piadas ou criava frases de efeito. Ele criava jogadas de efeito que acabaram em gols maravilhosos, como o de letra contra o Flamengo, na final da Copa do Brasil. Um craque como Alex seria perfeito no elenco atual.
Inclusive, na sexta-feira será lançado o livro 2003, o ano do Cruzeiro, de Anderson Olivieri, contando a saga dessa história vitoriosa.
Mas, como o tempo passa e atualmente ainda estamos acertando nosso time, talvez seja bom momento para ele captar boas energias daquele elenco, que mostrava um futebol vencedor e com qualidade.
Falando em time atual, adorei a ideia do jogo às 11h de domingo. É o horário ideal para levar a família ao estádio. No meu caso, é mais difícil, pois no sábado à noite normalmente estou trabalhando fora de BH, o que torna quase impossível chegar a tempo. Mas, para quem tem filhos pequenos e até adolescentes, é perfeito. Na minha infância, domingo de manhã era hora de ver Tom e Jerry no Cine Jaques, na Rua Tupis, no Centro. Mas faz muito tempo e não preciso ficar denunciando a minha idade.
Se o futebol brasileiro quer se tornar mais atraente e buscar novos públicos, tem mais é que pensar em opções que fujam do formato tradicional. Talvez o próximo passo seja tirar o futebol do horário das 22h nos dias de semana. Esse horário está mais pra show de rock do que para esporte.
1065 visitas - Fonte: Superesportes