12/6/2015 10:21
Luxa abre o jogo
Treinador explica a recente falta de títulos e projeta temporada vitoriosa para o Cruzeiro
O tempo passa, mas o técnico Vanderlei Luxemburgo, de 63 anos, segue como uma das figuras mais interessantes do futebol brasileiro. Com posições firmes e currículo recheado de conquistas, ele não se deixa abater pela falta de títulos importantes no passado recente e se mostra com vigor de garoto ao falar dos planos neste retorno ao Cruzeiro. Em entrevista exclusiva ao Superesportes, depois de participar do programa Alterosa na Ataque, da TV Alterosa, ontem, ele deixa claro que pensa alto, como deseja o torcedor: “Nosso objetivo é brigar por títulos este ano. Se vamos ganhar ou não, é outra coisa, mas podem ter certeza que vamos brigar”.
Ainda é cedo, mas como avalia o retorno ao Cruzeiro?
Feliz com um grupo muito bom, um clube estruturado, com possibilidade de avançar no trabalho. Tem coisa boa para acontecer.
Quando da troca de comando, a torcida celeste se dividiu. Algum problema nisso?
É natural. Não havia nada contra a minha contratação, era mais pela saída do Marcelo (Oliveira), um técnico vitorioso, bicampeão, que tem todo o carinho, está na memória do torcedor. Aos poucos, as pessoas vão entender que o que está acontecendo aqui nada mais é que futebol. O Marcelo vai continuar tendo respeito, admiração e eu vou colocar meu trabalho em prática, dar sequência ao que vinha sendo feito e implantar novas coisas.
Viu muita diferença entre sua chegada em 2002 e agora?
Mudou muita coisa, a estrutura melhorou bastante, avançaram muito no que se refere às informações dos atletas, o hotel foi ampliado, melhoraram a fisiologia, a fisioterapia. Houve uma modernização muito boa e está melhor que antes, obviamente.
Já mapeou o grupo de jogadores? Detectou qual o setor mais carente?
A gente está sempre avaliando, se preparando para tudo que pode ocorrer. Às vezes, você imagina uma situação e acaba ocorrendo outra. Temos de estar bem direcionados para não dar tiro errado, temos de dar tiro certo.
Nos últimos clubes, você fez bons trabalhos, mas não ganhou título de expressão. Por quê? Dá para ganhar no Cruzeiro?
As pessoas só começaram a valorizar a ida a uma Copa Libertadores há pouco tempo. Mas, como é comigo, não basta ir, tem de ganhar. Claro que também acho que temos de ganhar, mas é uma coisa mais complexa, depende muito da diretoria. No Grêmio, por exemplo, a saída do Paulo Odoni e a entrada do Fábio Koff interromperam um processo que poderia ter sido vitorioso. Terminamos o Brasileiro (de 2012) em terceiro lugar e no ano seguinte poderíamos bater campeões, mas me tiraram por política. No Atlético, tive uma infelicidade, quebrei a perna, e aí, mesmo tendo como presidente o Alexandre Kalil, um dos melhores dirigentes com quem já trabalhei, não deu. No Palmeiras, nosso time estava preparado para ser campeão brasileiro, mas saí por vaidade do presidente (Luiz Gonzaga Beluzzo), que ficou melindrado porque um jornalista falou que eu mandava no clube, e não ele. Já no Flamengo, há um grupo de gestores que não sabe nada de futebol. Em 2002, no Cruzeiro, perdemos jogos importantes e beiramos a zona de rebaixamento antes de nos recuperar, até sermos campeões no ano seguinte. Então, quando se tem um dirigente que sustenta trabalho, com certeza você colhe os frutos. Se há sequência, você bate campeão. O problema é que está muito difícil esse tipo de dirigente hoje, que tenha visão de futebol e sustente o trabalho.
Existe esse diretor no Cruzeiro atualmente?
Tem, e muito forte. Se não fosse assim, o Marcelo Oliveira não teria conseguido ser bicampeão brasileiro. Se o Cruzeiro não tivesse um presidente forte, alguns percalços no meio do caminho poderiam ter mudado a história. Claro que, em uma outra situação, agora, ele entendeu pela mudança, mas a história dele mostra que é forte. Ou vão esquecer que a torcida foi para frente da sede protestar contra a contratação do Marcelo (em dezembro de 2012) e ele bancou? Isso só mostra como o Gilvan é firme.
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