Do mesmo jeito que cobrou o elenco, Luxemburgo precisa despertar algo que anda adormecido em sua carreira

Recordista de títulos e vitórias na história do Campeonato Brasileiro, o pentacampeão Vanderlei Luxemburgo chegou ao Cruzeiro há uma semana adotando um discurso motivacional pesado, disse que o ano não acabou e que algo estava adormecido no elenco bicampeão brasileiro.

Tudo bem que muitas peças deste elenco bicampeão já não estão mais na Toca da Raposa, mas a palavra 'acomodação' pode explicar em partes o desempenho irregular da equipe em 2015 e especialmente os dois primeiros jogos do treinador em seu retorno ao clube, com as vitórias sobre Flamengo e Atlético Mineiro.

A primeira verdade é que o elenco cruzeirense precisa de reforços. Pontuais, mas precisa. Gente experiente e talentosa no meio de campo, especialmente, para chamar a responsabilidade e dar uma tranquilidade maior para que talentos jovens consigam mostrar serviço.

Luxemburgo chegou ao Cruzeiro na quarta-feira da semana passada, esteve com o time algumas horas na concentração e já foi para o banco de reservas contra o Flamengo. Inspiração 0, transpiração 1000 e 3 pontos importantes na tabela.

Três dias depois, Luxa conduziu uma grande vitória contra o rival no Horto. Com apenas dois treinamentos, o jeito foi mobilizar o time para quebrar alguns tabus recentes que, sim, incomodavam, porque aquelas não eram as ordens naturais das coisas.

Entre seus célebres jargões, Luxa costuma dizer que zagueiro tem que ser zagueiro. O "zagueiro-zagueiro", no bom luxês. Mas vale ressaltar que isso cai bem para o treinador nessa volta ao Cruzeiro, para que ele obtenha sucesso e conquiste algo expressivo, o que não acontece há mais de uma década.

É inegável que Luxemburgo é um dos grandes treinadores da história do futebol brasileiro. Ninguém conquista o Brasileirão cinco vezes por acaso. Para completar, Luxa esteve à frente de grandes esquadrões do futebol nas últimas décadas. Basta lembrar do Palmeiras 93/94, do Corinthians 98, do Cruzeiro de 2003. Não obteve sucesso no Real Madrid dos galácticos e patinou na seleção brasileira em uma época que problemas extra-campo minaram seu trabalho dentro das quatro linhas.

Para voltar a ser o Luxemburgo que ganhou fama internacional, terá que entrar em campo o Luxa-Luxa. O treinador inteligente, compromissado, com sede de vitórias. O problema é que este Luxa vira e mexe fica adormecido nos últimos anos. O começo do treinador é promissor e, também graças aos resultados (e relatos que vêm de dentro da Toca da Raposa), nos faz pensar que o Luxa de hoje, 11 de junho de 2015, despertou deste momento adormecido que ele identificou no grupo de jogadores do Cruzeiro.

Com um ano e meio de contrato, muita coisa ainda vai rolar e só o tempo vai nos mostrar qual o Luxa veio para cá. Se aquele Vanderlei multicampeão ou o Vanderlei que opera em piloto automático. Não restam dúvidas que seu conhecimento de futebol pode agregar e estabelecer uma retomada celeste. Basta ele querer cavucar minhoca em barro duro, expressão que o mesmo já utilizou algumas vezes para jogadores que ainda corriam atrás de seus objetivos.

Agora, com três semanas cheias para treinar a equipe, teremos uma noção melhor do que está por vir. Mesmo com os desfalques e a necessidade de contratações. Que se torne regra o Luxa-Luxa em sua nova passagem pelo Cruzeiro.