Charles elogia jovem Allano, a quem dá alguns conselhos (Foto: Washington Alves/Light Press)

A volta das oportunidades no time titular, e o bom futebol apresentado nas últimas partidas, fizeram Charles mostrar sua verdadeira personalidade. O volante do Cruzeiro é um cara do bem. Nascido e criado no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, Charles fez questão de lembrar da infância difícil e de agradecer a todos que o ajudaram no período em que treinou separado do elenco cruzeirense. O jogador ficou quase um ano e meio sem entrar em campo, trabalhando em horários diferentes, na Toca da Raposa II. Mesmo naquela fase difícil, Charles conta que nunca desanimou, até pelas dificuldades que enfrentou na vida.

- Diante do que eu passei na vida, passar um ano e meio treinando separado foi fichinha para mim. Eu engraxava sapato, ganhava R$ 50 por mês, e era feliz ainda. Agora, em uma situação dessa, eu não vou estar feliz só por que estava treinando separado? Um ano e três meses, mas por que eu não estaria feliz? Isso é fichinha. Cheguei aqui por mérito meu, passei por cima de todas as dificuldades para alcançar o meu objetivo, que é estar sempre jogando e em atividade.

Charles faz questão de agradecer ao técnico Marcelo Oliveira, que o reintegrou ao time no começo deste ano. E também elogia o novo comandante, Vanderlei Luxemburgo, que tem uma maneira diferente de trabalhar.

- O Marcelo Oliveira dispensa comentários. É um cara que sou grato para o resto da minha vida. Sou muito grato pelo que ele fez por mim. O Luxemburgo é durão no trabalho, pega firme, fala. Quem vê o treino, sabe. Ele faz isso para o nosso bem e acolhemos da melhor maneira possível.

Charles quer que sua história de vida sirva de exemplo para que outros jogadores sigam seus passos e também tenham sucesso no futebol. O jovem meia Allano, que passou dificuldades no começo da carreira, também é do Complexo da Maré. Charles conta que tem um carinho especial por Allano e que procura aconselhá-lo sempre que pode.

- Allano é um jogador rápido, habilidoso. Mais uma joia da base. É só ele ter paciência, tranquilidade, calma, esperar o seu momento, que as coisas vão acontecer. Eu já conheço ele do Rio de Janeiro, ele é da comunidade onde nasci e fui criado. Eu falei para ele, dei boas-vindas. É um garoto obediente e está no caminho certo.