Para o atacante Marquinhos, a orientação e o grau de exigência do novo treinador ajudarão nos resultados em campo

Sem tempo para treinar a equipe antes de suas duas primeiras partidas no retorno ao Cruzeiro, Vanderlei Luxemburgo lançou mão de tudo que pôde para vencer Flamengo e Atlético. Assim, desde a primeira conversa, há uma semana, os atletas sentiram a diferença de postura: enquanto o antecessor, Marcelo Oliveira, era sereno, mesmo quando tinha de dar bronca, o novo treinador não se acanha de gritar com os atletas – seja em treinos, jogos ou mesmo no vestiário.

Um exemplo disso é que no intervalo do triunfo por 1 a 0 sobre o rubro-negro, sua voz pôde ser ouvida do lado do fora do vestiário do Mineirão. Na oportunidade, não faltaram palavrões, em uma cobrança que há muito não se via pelos lados da Raposa.

Até mesmo quanto à postura os atletas são chamados à responsabilidade. O atacante Willian, por exemplo, não é mais visto treinando com o calção repuxado, como ocorria anteriormente – seguindo o que também costuma fazer o armador De Arrascaeta, que está com a Seleção Uruguaia no Chile para a disputa da Copa América.

A diferença de personalidade, porém, não incomoda os atletas, que garantem estar se adaptando bem. “O perfil do Luxemburgo é esse mesmo, de um treinador que cobra muito no dia a dia. Exige muita concentração de todos quando quer passar algo para o grupo”, afirma Willian, garantindo que, quando as atividades acabam, o comandante se torna um amigo. “Tem jeito de durão, mas fora daqui é tranquilo, igual a todo mundo, pai de família.”

Ele acredita que todos estão entendo bem o jeito do treinador, tanto que os resultados já começaram a aparecer. Agora, segundo ele, é seguir trabalhando forte, buscando a vitória também diante do Vasco, sábado, às 21h, em São Januário. “Creio que muitas coisas boas vão acontecer. É um treinador que todos conhecem pela trajetória, pelas conquistas, com uma bagagem muito grande. Todos querem aprender muito com ele”, declara o camisa 25.

Opinião semelhante tem o também atacante Marquinhos. “O Luxemburgo cobra mesmo, é o estilo dele. Ele quer que a gente vá em cada bola como se fosse um prato de comida. É o jeito dele, mas é para nosso bem e temos de dar o máximo nos treinos e jogos”, diz o jogador, que vê os atletas cientes de que a exigência do comandante “é bom para nossa carreira”.

TEMPO PARA TRABALHAR Ontem, o treinador finalmente teve um pouco mais de tranquilidade para trabalhar. Ele chegou na quarta-feira e já comandou o time diante do Flamengo, sendo que no dia seguinte a atividade para os titulares foi apenas regenerativa. Já na sexta-feira à houve treino fechado na Toca da Raposa II, mas Luxemburgo nem pôde exigir muito, pois já era véspera do clássico com o Atlético, vencido por 3 a 1. Domingo houve folga e na segunda-feira, os principais atletas mais uma vez apenas se recuperaram da partida anterior.

Assim, ele aproveitou os dois períodos de ontem para comandar treinamentos técnicos. Exigiu finalizações dos homens de frente, e mais uma vez mostrou seu estilo: a todo momento gritava para se equilibrarem antes de chutar ou instruía onde queria a bola. Nem mesmo os goleiros reservas escaparam, ouvindo onde deveriam se posicionar.


O ADVERSÁRIO

Em turbulência
Próximo adversário do Cruzeiro, o Vasco resolveu trocar o Rio por Mangaratiba para fugir da pressão. Depois que um grupo de torcedores ameaçou invadir São Januário, na reapresentação de ontem, a diretoria anunciou a rescisão dos contratos do zagueiro Douglas Silva e do armador Marcinho, além de ter suspendido contratualmente o armador Bernardo. Na segunda-feira, o ex-jogador do Cruzeiro bateu boca com vascaínos pelo Twitter e chegou a chamar um deles para a briga. Entre as poucas notícias boas para o técnico Doriva, que balança no cargo, está a volta do atacante Gilberto, que cumpriu suspensão na derrota por 2 a 0 para o Atlético-PR, mesma situação do volante Guiñazu.