Allano foi promovido aos profissionais por Marcelo Oliveira e vem ganhando espaço com Luxemburgo (Foto: Tayrane Corrêa)

“Tome responsabilidade, porque o seu tempo está acabando”. Esta foi uma das frases proferidas pelo psicólogo das categorias de base do Cruzeiro, Jairo Stacanelli, em uma das suas consultas com o atacante Allano, recém-promovido ao elenco profissional. Com um histórico marcado por atos de indisciplinas, o jovem jogador precisou mudar sua conduta, antes que sua carreira chegasse a um precoce fim.

Desde a sua chegada ao clube mineiro, em outubro do ano passado, Allano seguiu uma rotina regrada a treinos e jogos, mas também algumas consultas de cunho psicológico. Segundo o psicólogo da Raposa, Jairo Stacanelli, o problema de Allano se situava além das quatro linhas.

- O Allano é um menino que pisou na bola em outros clubes com relação à questão disciplinar, atraso e demora na reapresentação. No entanto, a questão técnica dele nunca esteve vinculada a isso – destacou o psicólogo.

Após desembarcar em Belo Horizonte, Allano passou a morar na Toca da Raposa I. Para Stacanelli, a convivência diária, nos treinos e nas viagens com o atleta foi essencial, na conscientização do garoto. Foi preciso mostrar que ele estava seguindo o caminho errado. O psicólogo relembra a principal intervenção feita junto ao jogador, quando ele ainda atuava na base cruzeirense.

- O dia que cheguei para ele e falei: ‘O que você quer?’. Foi a intervenção mais determinante. Falei que ele tinha uma referência técnica muito grande, mas que já havia passado por vários clubes. Faltava maturidade. O Allano tinha que escolher entre ficar marcado como um atleta indisciplinado ou tomar juízo.

Dispensado por Botafogo e Corinthians, Allano reencontrou na base azul o técnico Emerson Ávila, que o treinou na época que ele defenda a equipe paulista, em 2013. Segundo Ávila, o jogador compreendeu que somente o talento não o faria vingar no futebol.

Allano estreou na partida contra o Flamengo, pelo Brasileiro (Foto: Gualter Naves / Light Press)

- No Corinthians, não houve problemas disciplinares com o Allano. Já o conhecia, sabia que, se o Allano tivesse bastante empenho nos treinos, ele iria se destacar. Estamos torcendo pelo êxito dele no profissional.

Allano pontuou a importância do superintendente da base cruzeirense, Bruno Vicintin, em sua recuperação no futebol. Apesar do histórico de indisciplina, o clube celeste bancou um contrato de risco de três meses com o jogador, até então, uma grande incógnita. O dirigente explica que o Cruzeiro acreditou que era possível superar os problemas extracampo.

- Nós apostamos em jogadores que tenham talento e é isso que o Allano tem. Foi feeling. Senti que ele era um jogador diferente. O Allano estava desistindo de jogar e falei com ele que acreditava em seu potencial. Faltava a ele acreditar em si próprio – colocou Bruno Vicintin.

A verdade é que o tempo, vilão em tempos passados, agora está ao lado do jovem Allano. Se afirmando nos profissionais, após atuar pelo clube celeste contra Flamengo e Atlético-MG, o atacante pode pensar com calma nos seus próximos passos. Basta apenas ter a cabeça no lugar.

- Digo para todo mundo que já nasci preparado. Nasci para jogar futebol. Deus me deu esse dom. Sou muito confiante, me sinto preparado para tudo, qualquer barreira que vier eu estou preparado – afirmou, Allano, pronto para reescrever a sua história no futebol.

Allano tem se esforçado para se manter na linha e ganhar espaço no Cruzeiro (Foto: Washington Alves/Light Press)