No Flamengo, Luxemburgo chegou com o discurso de que ninguém jogaria com o nome com ele
O técnico Vanderlei Luxemburgo reassumiu o Cruzeiro nesta quarta-feira. Depois de sua saída do Atlético, em 2010, ele passou por dois clubes cariocas, Flamengo e Fluminense, além de ter trabalhado no Grêmio. Em todas as praças por onde esteve, o comandante sempre teve bastante assédio da imprensa.
Saiba o que disseram os profissionais que trabalharam na cobertura dos clubes treinados por Luxa.
Flamengo
No Flamengo, segundo Wilson Pimentel, da Rádio Tupi, a missão de Luxemburgo era salvar o time do rebaixamento. “Foi o terceiro técnico do Flamengo no ano passado. Primeiro, foram Ney Franco e Jaime de Almeida. Quando ele assumiu, a situação era conflitante, e desde o início ele mesmo deixou claro que a ideia era de manter o time na Primeira Divisão”, frisou.
No clube, Luxa já conhecia o elenco e procurou manter os jogadores em suas respectivas posições, tentando lançar um ou outro atleta. “Na ocasião, ele disse que não escalaria pelo nome, como foram os casos do goleiro Felipe, que perdeu espaço, e de Chicão, preterido por Samir. Além disso, Luxa absorveu os jogadoes que foram contratados depois da Copa do Mundo, como Canteiros e Eduardo da Silva.” Segundo o jornalista, todo o planejamento deste ano foi feito passando por ele. “Foi decidido um orçamento se prevendo a contratação de dois grandes jogadores. Mas o Flamengo não conseguiu contratar jogadores enquanto ele esteve aqui”, disse.
O Flamengo fez uma pré-temporada maior e não conseguiu resultados. Os jogadores teriam sentido o golpe de não ter vencido o Nova Iguaçu, que lutava contra o rebaixamento no Carioca. “O Flamengo precisava vencer para ser campeão da Taça Guanabara e empatou o jogo. Aquilo determinou a mudança de comportamento dos jogadores. Dava para perceber que eles sentira o peso”, disse. O clube fez uma intertemporada antes do Brasileiro e começou contra o São Paulo, dando a impressão de ter piorado. “Naquele momento já estava sendo iniciado um processo de fritura. Eles não tinham o perfil definido. Quando ele mesmo veio a público falando que estava esperança do reforços e disse, nos bastidores, que ligou e tentou contratar o Robinho.”
Grêmio
No Grêmio, Luxemburgo chegou para substituir Caio Junior. Ele foi muito festejado, pois dizia que a torcida do clube era forte e trabalhar no Grêmio era diferente. “Na ocasião, ele valorizou a história do Grêmio”, disse Rafael Pfeiffer, da Rádio Guaíba. “O início do trabalho foi bom, porque o Grêmio não estava com um time de grandes jogadores, estava montando uma equipe porque era a volta do (presidente) Paulo Odone e o primeiro ano todo foi muito bom. o Caio Júnior caiu porque a torcida implicou com o estilo de trabalho dele e ele perdeu um jogo considerado fácil no Gaúcho”, explicou.
Quando esteve no Grêmio, Luxemburgo pediu a contratação de vários jogadores considerados caros
Segundo o jornalista, o trabalho de Luxemburgo começou bem, com a torcida pedindo que ele permanecesse no final de 2012, durante um Gre-Nal no Brasileiro. “Mas, em 2013, começaram os problemas. O Luxemburgo pediu algumas contratações e o Grêmio pagou caro pelos jogadores. Pediu o Dida, o Cris e o volante Adriano. Esses três pedidos pelo Luxemburgo deram um freada em outros jogadores, como o Marcelo Grohe, que estava bem, e o volante Fernando, que depois foi para a Seleção Brasileira”, frisou. O Grêmio acabou eliminado nas oitavas de final para o Santa Fe, com Cris cometendo um pênalti. “Teve muita pressão da torcida. O Grêmio teve prejuizo e não tinha resultado em campo. Ele ficou até o final da Libertadores e começou a ter um pouco de atrito com a imprensa”, disse. “Nessa época, ele abriu um site de venda de vinhos. Convidou toda a imprensa, dirigentes e muita gente começou a questionar. Além disso, ele tratava direto com os jogadores, salários e etc”, explicou, dizendo que o Internacional também queria o treinador. “O Inter sempre quis contratar o Luxemburgo, eles estavam entre Tite, Mano Menezes e Luxemburgo.”
Fluminense
No Fluminense, Luxa chegou para a vaga de Abel Braga e ficou por pouco tempo. Sua missão, mais uma vez, era salvar o time do rebaixamento. O cenário político no clube das Laranjeiras era conturbado. Era um ano de eleição e o Flu atravessava dificuldades financeiras. Por ser um momento de contensão de despesas, o clube não tinha como fazer grandes contratações. O técnico assumiu o grupo formado por Abel. O único jogador contratado por ele foi o goleiro Felipe, do Náutico.
Treinador encontrou muita resistência no Fluminense, pois tinha grande ligação com o rival Flamengo
Em seu primeiro jogo, depois de cinco derrotas seguidas, o Fluminense venceu o Cruzeiro por 1 a 0, no Maracanã. Segundo Wilson Pimentel, da Rádio Tupi, ele até tentou imprimir um estilo novo de jogo no clube. “Queria o Fred menos parado, que fosse mais participativo. No início, os jogadores estavam tentando assimilar. Embora ninguém tenha falado, os caras não ficaram satisfeitos com isso”, revelou.
Luxemburgo também sofreu com as lesões de vários jogadores no clube. “Foi uma contratação polêmica, porque ninguém do Fluminense queria que o Luxemburgo fosse o treinador por ele ser ligado ao Flamengo. Acharam que o Fluminense não tinha grana suficiente porque estava em um processo para romper com o Celso Barros, da Unimed. Ele foi uma contratação muito mais do patrocinador do que da diretoria. E uma coisa que chamou atenção é que o presidente do Fluminense, Peter Siemsen, não apareceu na sede e ele foi apresentado pelo vice de futebol”, lembrou Pimentel.
Se a chegada de Luxemburgo ao clube foi estranha, a saída não foi diferente. “Quando houve uma brecha, o time foi fazer uma intertemporada em Atibaia e fizeram vários treinos fechados. Na rodada seguinte, o Fluminense perdeu por 1 a 0 para o Corinthians. Ele foi demitido na chegada ao Rio. Na semana que antecedeu ao jogo contra o Corinthians, um conselheiro me ligou e falou que o presidente estava aborrecido demais com o trabalho dele. Mas o Celso Barros o segurou o tempo todo. O Peter, contudo, já estava com a decisão tomada e aquele momento também foi um abalo para a parceira. Neste curto período dele no Fluminense, ele abriu muito espaço para a base, deu chances a garotos que apareceram bem, como o Biro Biro e o Rafinha”, finalizou.