Como torcedor celeste, achei vergonhosa e covarde a forma como a direção do Cruzeiro conduziu a demissão do técnico Marcelo Oliveira

Muitos comparam a relação entre um técnico de futebol e um time com a de um namoro. No começo, há aquela paquera, a troca de olhares, interesse mútuo até que as duas partes oficializam o relacionamento. Alguns namoros duram muito tempo e geram bons frutos. Outros não passam de algumas rodadas do Brasileirão. Infelizmente, todo ciclo tem um começo e um fim. Mas o problema é quando algo termina com a sensação de que aquela ainda não era a hora para o fim.

Acho que é assim que a maioria da torcida do Cruzeiro está se sentindo com a notícia da demissão do técnico Marcelo Oliveira. A dispensa aconteceu no mesmo dia em que os muros da sede do clube amanheceram pichados. "Fora Gilvan e Marcelo. A paz acabou. Parasitas", era o que diziam as pichações, em referência não apenas ao treinador, mas também ao presidente do clube, Gilvan de Pinho Tavares.

Não duvido da idoneidade e do amor do presidente GPT pelo Cruzeiro. Ele foi atleta do clube, advogado celeste e chegou à patente mais alta da cúpula azul. Só que o presidente, diferente das duas últimas temporadas, vem mostrando em 2015 que não tem preparo para assumir o protagonismo no Cruzeiro.


Apesar dos inúmeros e sucessivos erros da diretoria celeste, a corda acabou roendo para o lado mais fraco e que menos tinha culpa nas presepadas da temporada atual

A demissão do Marcelo Oliveira só colabora com a minha teoria de que o sucesso dos últimos dois anos do Cruzeiro estava diretamente ligado ao Alexandre Mattos e ao técnico. A forma como toda situação foi conduzida é completamente vergonhosa e desrespeitosa com o treinador que sempre se mostrou profissional com o clube.



Agora, o Cruzeiro está no sexto mês do ano e não tem time, não tem treinador, não tem diretor de futebol, não tem meia, não tem patrocínio master e não tem expectativas para o resto da temporada

Os números de Oliveira o credencia a ser um dos maiores da história do clube, com 105 vitórias em 169 jogos, o que dá um incrível aproveitamento de 68,44% em dois ano e cinco meses.

A realidade celeste na temporada 2015, porém, é bem diferente do que estamos acostumados. Depois de perder peças fundamentais, como Everton Ribeiro, Ricardo Goulart, Lucas Silva, Egídio e Marcelo Moreno, o Cruzeiro gastou muito dinheiro em várias contratações equivocadas e não investiu nos nomes pedidos pelo treinador.

A situação não precisava ter chegado a este patamar. Caso o presidente do Cruzeiro tivesse sido um pouco mais humilde e racional, a contratação de um diretor de futebol para organizar os bastidores e a chegada de mais duas ou três peças bastariam para arrumar a casa.

A torcida estava cobrando atitudes e mudanças após o vexame no Mineiro, o fraco desempenho na Libertadores e o péssimo começo de Brasileirão. Infelizmente, a corda roeu, mais uma vez, para o lado mais fraco.

Na minha opinião, demitir Marcelo Oliveira foi um erro. Trazer o Luxemburgo é um erro maior ainda. Mas, como não concordava com a vinda do MO para o Cruzeiro, posso concluir que nada sei sobre o mundo do esporte bretão.

A maioria esmagadora da torcida enxerga que o problema não era o treinador, mas sim o elenco que não é bom. O problema é que a diretoria é a única que vê que o time não precisa de reforços.

Luxemburgo não é mais aquele de 2003. Na verdade, depois daquele ano ele nunca mais foi o mesmo. Seus últimos trabalhos foram marcados por insucessos e por rombos nos caixas dos times por onde passou. Não quero cornetar, mas não consigo acreditar novamente no sucesso do ‘pofexô' e já prevejo o retorno de Celso Roth, ou do próprio Marcelo (se não estiver no Palmeiras) no segundo turno do Brasileirão.

Para encerrar, queria pedir desculpas e dizer obrigado ao Marcelo Oliveira. Desculpas por duvidar do seu caráter e profissionalismo; e obrigado pelas alegrias, glórias conquistadas e respeito que você ajudou a devolver à camisa azul estrelada mais conhecida do mundo.