Imagem rara de arquivo do Estado de Minas da primeira partida do Cruzeiro disputada no exterior
A viagem do Cruzeiro à Venezuela, onde enfrenta o Mineros, nesta quinta-feira, é um reencontro com o passado. As gloriosas “páginas heróicas imortais”, como bem exalta o hino celeste, tiveram os primeiros registros no longínquo ano de 1967, na capital venezuelana.
Naquela ocasião, o clube celeste fez sua primeira partida no exterior. Também foi a estreia em competições da Conmebol. Então atual campeão brasileiro (1966) e dono de um elenco recheado de craques, com Tostão, Dirceu Lopes, Evaldo e Natal, entre outros, o Cruzeiro era o único representante do Brasil na Copa Libertadores de 1967.
Como os recursos financeiros eram escassos, o Cruzeiro enfrentou logo de cara os dois clubes venezuelanos do grupo, com três dias de diferença entre um jogo e outro. Primeiro, o Deportivo Galicia (19/02/1967), depois o Deportivo Italia (22/02/1967). Em 1967, a Raposa era a favorita do Grupo 1 da competição internacional, que também contava com Universitario e Sport Boys do Peru.
Bem diferente dos dias atuais, o futebol ainda beirava o amadorismo. Quando chegou a Caracas, a delegação celeste ficou longe dos hotéis luxuosos. “Era tudo da forma mais simples possível, tudo muito restrito. Ficamos hospedados em hotéis simples, nada de cinco ou quatro estrelas”, relembra o ex-jogador Piazza, que ainda conserva lembranças daquela viagem.
Cruzeiro venceu o Deportivo Italia: 3 a 0
A primeira partida foi contra o Deportivo Galicia (a partir de 2005 o clube adotou outro nome: Galicia de Aragua), no dia 19 de fevereiro. As condições do Estádio Olímpico Universitario eram as piores possíveis. “O gramado era de dimensões pequenas. Recordo que parecia o campo do Renascença (clube amador da Grande BH), muito pequeno, um gramado horrível”, diz Piazza. “A gente teve muitas dificuldades de se adaptar. E esse jogo foi decidido somente no fim do segundo tempo”, acrescenta.
O Cruzeiro venceu o Galicia por 1 a 0, gol de Evaldo, aos 49 minutos do segundo tempo.
No dia 22, o adversário foi o Deportivo Italia. Desta vez, já acostumado ao gramado ruim, o clube celeste venceu por 3 a 0, com grande atuação de Tostão, autor de dois gols. O confronto foi marcado por um fato curioso: estudantes invadiram o campo para protestar a favor de uma universidade autônoma.
Assim, com dois triunfos, os primeiros passos do Cruzeiro no exterior foram animadores. Aquela competição, contudo, acabou vencida pelo Racing. A caminhada celeste continuou e hoje o clube é detentor de sete títulos da Conmebol (duas Copas Libertadores, duas Supercopas da Libertadores, uma Recopa, uma Copa Ouro e outra Copa Master), considerado um dos mais tradicionais e respeitados do continente.
Pulo em Lima
Como a Libertadores ainda era deficitária, o Cruzeiro precisou fazer um amistoso no Peru para custear a viagem de volta. “Nessa época, o Cruzeiro começou a fazer muitas excursões, assim como Botafogo e Santos. Era uma renda a mais, já que os clubes viviam só de bilheteria”, conta Piazza.
A Raposa enfrentou o Universitario, adversário do próprio grupo. Acabou perdendo por 1 a 0. O jogo serviu para conhecer o rival, que sucumbiu no Mineirão e empatou em casa.