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17/3/2015 17:10

Resenha com estilo: Fábio relembra os 10 anos como titular do gol do Cruzeiro

À vontade durante corte de cabelo, goleiro fala sobre a trajetória na Raposa, os títulos conquistados recentemente e até "brinca" com a falta de oportunidades na Seleção

Resenha com estilo: Fábio relembra os 10 anos como titular do gol do Cruzeiro
Fábio fala sobre marca e trajetória vitoriosa como titular do gol do Cruzeiro (Foto: Lucas Borges/GloboEsporte.com)

São dez anos à frente de um dos maiores times do Brasil. Títulos, recordes, tristezas, e até algumas polêmicas marcam a trajetória de Fábio Deivson Lopes Maciel com a camisa Cruzeiro. O GloboEsporte.com acompanhou o goleiro em um de seus raros momentos de folga, para um papo agradável sobre temas que acompanharam o jogador durante o tempo em que defende a Raposa.

Era tarde de uma sexta-feira, Fábio, chegou ao local em que corta seu cabelo, na região Noroeste de Belo Horizonte, acompanhado do arquiteto responsável pela reforma de sua residência. Já na entrada, foi abordado por pequenos fãs, que logo reconheceram o jogador. Após algumas fotos e conversas com os torcedores, o goleiro entrou no local, onde já era esperado pelo fiel amigo de longa data, César, o responsável por cuidar do corte e penteado de cabelo, uma das marcas registradas de Fábio.

Em uma sala mais reservada, sem tanto assédio dos fãs, Fábio foi se soltando e, entre uma tesourada e outra de César, relembrou as mais diversas situações que passou com a camisa do Cruzeiro, e comentou sobre quais ainda pretende passar. O corte foi rápido: 20 minutos. Mas as lembranças foram muitas.

Unanimidade entre os cruzeirenses, Fábio teve que superar a desconfiança pelo longo período sem títulos de expressão. Hoje, além de conquistas, como os dois títulos seguidos do Campeonato Brasileiro, em 2013 e 2014, o goleiro supera cada vez mais marcas de número de jogos com a camisa celeste, caminhando a passos largos para se tornar, quem sabe, o jogador com maior número de partidas da história do Cruzeiro.

Confira o bate-papo do goleiro cruzeirense com o GloboEsporte.com:

Sobre ter se tornado o segundo jogador que mais vestiu a camisa do Cruzeiro
(disputou 14 jogos, atrás apenas do ex-meia Zé Carlos, que fez 633 partidas pela Raposa)

- Esperar, eu não esperava não. Quando eu cheguei, queria voltar a jogar, porque vinha de uma ação na justiça contra o Vasco, e fiquei quatro meses sem jogar, eu precisava voltar. Meu pensamento sempre foi esse (voltar a atuar), mas Deus foi colocando tudo na hora certa, e as coisas foram acontecendo, e quando eu vi já eram 100 jogos, depois 200, 300, 400, e a identificação foi só aumentando, e fui me sentindo cada vez mais em casa. Hoje, olhando, o que parecia uma coisa difícil de alcançar está perto de acontecer.

Sobre os dez anos defendendo o Cruzeiro

- É uma vida aqui dentro do Cruzeiro, durante esses 10 anos (contando também a primeira passagem), onde aprendi muito, trabalhei com grandes jogadores, peguei muita experiência, vivi momentos difíceis, delicados, que foram importantes para eu rever algumas coisas e aprender que eu estava fazendo algumas coisas que não condiziam com alguém que quer ter uma carreira longa e vitoriosa. Então, vivi todos os momentos, do inferno ao céu.

Futuro

- Estou me preparando para jogar mais, sempre em alto nível, mantendo o rendimento das últimas temporadas. Vejo o Rogério (Ceni, do São Paulo) como exemplo de longevidade na posição, mas não só ele. Fora do Brasil temos grandes exemplos, como o Buffon (goleiro da Juventus-ITA e da seleção italiana), que já tem certa idade (37 anos). Isso é a união do profissionalismo com a dedicação do atleta. Muitas vezes a pessoa que está de fora acha que é fácil a carreira do goleiro, não sabe as dificuldades que passamos, ter que provar que você fez o seu melhor a cada instante. Então, é muito difícil alcançar esses números, permanecer por tanto tempo como titular de uma grande equipe, se destacando. Me espelho em vários exemplos.

Valorização dentro do clube

As pessoas costumam analisar a trajetória muito pelos títulos, eu analiso por temporada. Tive várias temporadas grandiosas, ficando muito perto de conquistar a Libertadores de 2009 e o Brasileiro de 2010, além de encaixar uma sequência de quatro Libertadores. Então, eu analiso sempre pelas temporadas. Já o torcedor vai por esse ponto, do título conquistado, e graças a Deus, pude, em 2013 e 2014, entrar um pouco mais para a história do clube. Acredito que só quatro goleiros têm esse bicampeonato consecutivo no país, então, consegui entrar também para a história do futebol brasileiro sendo um desses goleiros.

Goleiro Fábio conversou com o GloboEsporte.com enquanto cortava o cabelo (Foto: Lucas Borges)

Ambições em 2015

Depois de dois títulos brasileiros seguidos, nosso pensamento agora é de ir com tudo atrás desse título da Libertadores, que é um sonho dos torcedores, e já estivemos perto em 2009. Depois, focar no Campeonato Brasileiro, estamos com uma equipe nova, e isso, com certeza, vai nos motivar ainda mais atrás da conquista.

Sobre a grande reformulação que a equipe passou neste início de temporada

Os clubes têm que vender. Não tem como manter uma grande equipe sem ter um gasto elevado e, às vezes, o dinheiro fica curto. Muitas vezes, o dinheiro que essas equipes recebem não é suficiente para manter esses jogadores. O Cruzeiro conseguiu mantê-los durante esses dois anos, com muito esforço, segurando propostas, mas todo o sacrifício foi válido para que se concretizassem esses dois títulos. Chega uma hora em que o clube precisa mesmo fazer caixa, e aconteceu em 2015. Esperávamos que acontecesse até antes, em 2014. As propostas que chegaram aos principais jogadores foram irrecusáveis, às vezes nem tanto para o clube, mas sim para os jogadores, mas o clube entendeu, valorizou o sacrifício que os atletas fizeram por aqui. Mas acredito que todos os jogadores saíram felizes, e o Cruzeiro conseguiu fazer caixa para trazer os reforços.

Falta de chances na Seleção

- Não considero uma convocação para a Seleção uma questão de sonho, mas sim de merecimento. Ao longo desses anos, eu vi vários goleiros fazerem um bom campeonato e serem convocados. Não tive a chance de estar lá e mostrar mais. Eu já fui eleito melhor goleiro em dois ou três campeonatos, já ganhei o título agora duas vezes seguidas, fiz temporadas em que toda a imprensa elogiou e afirmou na época não entender o motivo de eu não ter sido convocado. Então, é mais merecimento, não é só um sonho. Quando você trabalha, acaba sendo merecedor. Mas eu sou bem resolvido quanto a isso, tenho a consciência que fiz o meu melhor, e que se eu não estou sendo convocado, não é por demérito meu, mas sim por alguma coisa interna, que não tem parâmetro, nem critério. Graças a Deus me considero realizado como profissional. Já falaram que quando eu era mais novo eu me neguei a servir à Seleção sub-17, o que é uma mentira, porque passei por todas as categorias na base, até estourar a idade. Eu cresci na Seleção, praticamente.

Cotado para a Copa, até por Gilmar Rinaldi

Uma coisa que eu acho engraçado é que, quando eu encontro com outros treinadores, todos são unânimes em reclamar da Seleção, falam que não entendem o porquê de eu não ser convocado. Aí chego no hotel e até brinco com o Rafael (goleiro reserva), que todos falam que eu deveria ser chamado. Mas, quando eles estão lá (na Seleção), não me convocam. Curioso é que, antes da Copa, quando havia a polêmica de quem deveriam ser os goleiros convocados, entrevistaram vários ex-goleiros, entre eles o Emerson Leão e, para a maioria deles, eu estava pelo menos entre os três (nomes para as vagas). E o engraçado é que um desses caras era o Gilmar (Rinaldi, atual coordenador de Seleções da CBF).

7116 visitas - Fonte: Globo Esporte




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