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17/3/2015 08:35

Ele joga nas 11

Aos 31 anos, Paulo André não se limita a perseguir atacantes nas quatro linhas. Mostra habilidade nas artes e fala com desenvoltura sobre assuntos delicados

Ele joga nas 11
Atleta, escritor, pintor, agitador social, curioso, chinês. Assim Paulo André se define na rede social de fotos Instagram. E ele é, de fato, tudo isso – nesta matéria, até o “chinês” ficará esclarecido. Aos 31 anos, com títulos expressivos no currículo, o zagueiro, que mal chegou ao Cruzeiro e já assumiu um lugar na equipe, não foge da raia em assunto algum. Com a mesma segurança com que discorre sobre futebol, ele comenta o conturbado momento político brasileiro, fala sobre literatura e divaga sobre pintura, uma de suas paixões. O gosto pelas artes foi moldado ao longo do tempo, aproveitando as portas abertas justamente pelo esporte. O conhecimento, adquirido por conta própria, na avidez pela leitura. Paulo André foge do estereótipo de jogador, sem tatuagens à mostra, cabelo moicano ou o pagode rolando alto no som do carro. Ele leva a vida bem ao ritmo de uma MPB, seu estilo de música preferido.

A fama de “intelectual” roda o meio do futebol. Tanto que, assim que ele foi contratado pelo clube celeste, torcedores logo brincaram afirmando que o primeiro local que o campineiro visitaria em Minas seria Inhotim, famoso museu de arte contemporânea, a 60 quilômetros de BH. “Estou combinando para a próxima folga. Sei que tem de passar um dia inteiro, e, para a gente que é jogador, é difícil arrumar um dia inteiro assim para curtir”, conta o zagueiro, que na capital mineira já se divertiu em cafés-livrarias: “Podem até me encontrar numa festa, show ou teatro. Mas no dia a dia gosto de sentar num café, bater um papo, tomar um vinho”.

O estilo zen de Paulo André foi aprimorado durante a temporada na China, onde defendeu o Shanghai Shenhua – daí a explicação para o “chinês”, na primeira frase deste texto. “Voltei mais tranquilo, entendendo que cada um tem o seu tempo, a sua velocidade, a sua maneira de fazer algo. Que vários caminhos podem levar ao mesmo final.” Curioso, como também se autodefine, ele até tentou acrescentar o mandarim ao rol de idiomas que fala – francês, inglês, espanhol e um pouco de italiano. “Infelizmente, não consegui aprender o suficiente, aprendi um pouco, escrevi um pouco, mas desisti.”

A afinidade com a pintura, que já se traduz em 20 quadros, entrou na vida do jogador em momento dramático. Aos 21 anos, ele acreditava estar prestes a encerrar a carreira por causa de séria lesão no joelho direito, que o obrigou a três cirurgias e o tirou dos gramados por um ano e meio, quando defendia o Le Mans. Desestimulado, procurou algo em quê se agarrar. E o encontrou nas telas depois de um passeio por um museu francês: “Minha intenção era surfar, mas o joelho não permitia. Estava em um museu, vi umas obras legais e me interessei. Fui a uma loja, comprei pincel, tinta e a tela. A primeira que comprei já vinha com o desenho por baixo, só colori com tinta acrílica. A partir dali, comprei um livro com outras figuras e fiquei tentando fazer igual. Tenho umas 20 obras, algumas em casa, outras dei de presente. O mais legal foi uma mostra, Memórias de Yokohama, com obras que foram leiloadas para caridade. Arrecadamos quase R$ 800 mil. De uma dificuldade, consegui reverter para uma alegria”.

Política

Filho de funcionários de empresas privadas, Paulo André estudou a maior parte da vida em escola particular, em Campinas. Nos alojamentos e concentrações dos clubes, tomou gosto pela leitura, discernimento que o levou naturalmente para o Bom Senso FC, movimento de jogadores de futebol. “Estamos a um passo de uma conquista histórica, a aprovação da MP, com quase 90% das propostas do Bom Senso, que está em Brasília discutindo o tema há mais de um ano. Hoje, nossa vida é Casa Civil, Ministério do Esporte, discussão pesada com o Ministério da Fazenda.”

A mesma desenvoltura ele demonstra ao falar do momento atual do Brasil: “Temos de buscar o tempo todo defender a democracia. Foi uma luta tão grande conquistá-la em 1988, com a Constituição, que não podemos deixar isso escapar pelas mãos simplesmente porque não concordamos com a política praticada ou com as pessoas que estão lá. Sou extremamente a favor da reforma política, deveria ser feita uma constituinte exclusiva para esse tema, com pessoas que sejam inelegíveis nas próximas candidaturas. Se a gente colocar as raposas para tomar conta do galinheiro e fizer uma reforma política para eles próprios, pouca coisa vai mudar, se não piorar. É a mãe de todas as reformas”.

Enveredar pela vida política não é plano completamente descartado. Antes, no entanto, há outra prioridade: “Se precisarem de mim e eu achar que tenho estômago, quem sabe? Mas ainda quero formar uma família, ter filhos, ou seja, há outras coisas na frente”.



A seguir, confira a íntegra da entrevista com o zagueiro Paulo André, na qual ele fala também sobre a paixão por outros esportes, como pôker e xadrez, a semelhança com o ator James Franco, a vida em Belo Horizonte e os planos para a vida pós-futebol.

Íntegra

Vamos falar de um outro lado do Paulo André, não o do zagueiro, que chegou e em uma semana já teve de entrar no ritmo do time do Cruzeiro. Esse outro Paulo André, que tem um perfil diferente do estereótipo que a maior parte das pessoas faz do jogador de futebol. Você gosta do lado cultural, é pintor, escritor... Isso foi natural na sua vida, ou você foi tomando gosto aos poucos?

As coisas foram acontecendo e eu fui criando gosto. Quando eu saí de casa, por volta dos 14 anos, nesse período dos 14 aos 20 anos, eu comecei a devorar os livros, a tentar acompanhar o meu irmão, os meus amigos que seguiam o caminho natural, de vestibular, faculdade. E eu, com medo de nem ser jogador e nem ser bom aluno, comecei a me dedicar um pouco mais a esse lado cultural, a esse aprendizado. Fui quase um autodidata. A pintura já veio mais tarde, quando eu morava na França. Tive uma séria lesão no joelho, três cirurgias, quase um ano e meio parado, tinha 21 para 22 anos, acreditava que minha carreira estava acabando, e comecei a olhar para trás, para o lado, e ver qual era a minha paixão, o que eu ia fazer da vida. E eu não tinha nada, porque tinha aberto mão de toda a minha adolescência para jogar futebol. Comecei a descobrir outras coisas que gostava de fazer. Naquela época minha intenção era surfar, mas o joelho não permitia. Tocar violão era um sonho, que ainda tenho, mas na cidade em que eu morava na França (Le Mans) não conseguia encontrar professor. E aí acabou que um dia estava em um museu, vi umas obras legais, me interessei, achei que era impossível, pelo grau de detalhes, de sombra, de luz. E decidi fazer, para distrair a minha cabeça, esquecer que meu joelho dói, que minha carreira acabou. E aí comecei.

Quem te ensinou a pintar? Fez aulas?

Não. Eu simplesmente fui a uma loja comprei pincel, tinta, a tela... A primeira tela que comprei já vinha com o desenho por baixo, eu só colori com tinta acrílica. A partir dali, comprei um livro com outras figuras e fiquei olhando, tentando fazer igual. No total já fiz umas 20 obras, algumas estão lá em casa, outras eu dei de presente. O mais legal foi uma mostra que a gente chamou de Memórias de Yokohama, que foram obras leiloadas para caridade e arrecadamos quase R$ 800 mil. Ou seja, de uma dificuldade, um problema sério que eu tive, consegui reverter para uma alegria, um evento marcante na minha vida.

Isso deve até te ajudar como jogador também, porque aquele momento em que você está pintando é um momento de concentração, atenção. Você acha que tem alguma associação ou não?

Não consigo separar o ser humano do jogador, quem eu sou fora de campo de quem eu sou dentro de campo. Tudo aquilo que me acrescenta como ser humano, como paciência, tranquilidade, conhecimento, consigo passar lá dentro, e enxergar um lado bom, de como utilizar a meu favor ou a favor da equipe em que eu jogo. Joguei tênis muito tempo na infância, é um esporte também de muita concentração; basquete, vôlei, tudo isso agrega. A gente chama de vocabulário motor, é um conhecimento extra que me ajuda a ser quem eu sou.

Nos fale da sua origem: a sua família, é de classe média, você estudou em escolas particulares, a profissão dos seus pais...

Eu venho de uma família de classe média, estudei a maior parte do tempo em colégio particular em Campinas, até a metade do primeiro colegial, foi quando saí de casa e passei a estudar num colégio público à noite, que o São Paulo, na época o clube em que eu jogava, oferecia. Depois voltei para Campinas, fiz dois anos de faculdade, de educação física, mas eu não gostava do curso e então acabei parando no meio do caminho. Também eu já era profissional, e o tempo estava cada vez mais escasso e não prossegui. Minha mãe é formada em química, ou biologia, e fez carreira na Unilever. O meu pai é formado em matemática, e trabalhou muito tempo no Banco do Brasil.

Você escreveu o livro O jogo da minha vida em 2011, como surgiu, foi a partir de um diário, ou já começou como livro?

Em 2010 comecei um blog falando do futebol, do dia a dia do jogador, política do esporte, e era uma novidade. Um jogador escrevendo um blog, se posicionando. O problema é que quando o time perdia, ou atravessava momentos de crise, o texto tinha de ficar engavetado, esperando um momento melhor, porque o pessoal xingava. O torcedor acha que a gente só pode jogar futebol, que não temos direito de experimentar uma vida comum, como todo mundo. E aí quando fui ver, tinha quase 20, 25 textos guardados, que davam 10, 12 capítulos e alguém me falou que eu já tinha um livro quase pronto, era só completar a história. E foi mais ou mesmo assim que passei os outros nove meses, nas concentrações, nas viagens, em casa. Escrevendo e tentando colocar tudo numa ordem cronológica. Ele foi publicado em 2012. Morro de orgulho do livro, acho que ficou bom, vendeu tudo. Eu que tenho algumas cópias, que comprei em excesso, para poder guardar. Inclusive trouxe alguns e estou dando de presente, para compartilhar conhecimento né. A história é bacana e a maioria, principalmente os jovens, se reconhecem, acabam tirando proveito também.

Você jogou na China, na França, e no seu Instagram tem algumas postagens em francês... Quais os idiomas que fala?

Francês, inglês, o chinês infelizmente eu não consegui aprender o suficiente, aprendi um pouco, escrevi um pouco, mas desisti; espanhol, italiano um pouquinho, um pouco de cada coisa.

O que que você trouxe dessas passagens? Da França foi a pintura. E da China, quando jogou em Xangai?

A paciência. Voltei mais zen, mais tranquilo, porque para lidar com o chinês, uma cultura completamente diferente, tem de ter calma, senão se estressa o tempo todo. Voltei entendendo que cada um tem o seu tempo, a sua velocidade, a sua maneira de fazer alguma coisa. Que vários caminhos podem levar ao mesmo final. Relaxa e espera, que vai dar certo.

Você já jogou tênis, mas tem foto também jogando pôquer, xadrez... Ou era apenas pose para a foto?

Não, eu gosto muito de xadrez, é que não tem adversário, é difícil encontrar gente que jogue. No Corinthians eu jogava com o Wallace, que hoje é capitão do Flamengo. Mas ele apanhava bem. Depois ele começou a estudar, comprou livro, para ver se conseguia ganhar. Aqui eu não sei, até trouxe o xadrez, daqui a pouco eu descubro alguém na cidade que jogue. É muito bom passatempo, distrai, jogo de estratégia. E o pôquer é outra paixão. Seriado também, gosto muito. House of cards, Breaking bad, Game of thrones, True detective...

Então você não é da turma do videogame na concentração?

Já joguei quando era moleque, mas só sei jogar futebol lá, e é um contra o outro, mas com um, dois dias perde a graça. Eu gosto de coisas alternativas, diferentes, que podem agregar no meu dia a dia como ser humano.

Em BH você já conhece o Café com letras, Academia do café. É esse estilo de local que o pessoal vai ver o Paulo André? Você não é baladeiro, não gosta de lugar com mais aglomeração?

Ah, podem até me encontrar numa festa, num show, teatro, gosto. Mas no dia a dia, nas folgas, gosto de sentar num café, bater um papo, tomar um vinho. São esses ambientos que frequento e quando cheguei, as pessoas que conhecem meu gosto me indicaram. Mas tem mais coisa, não deu para ver tudo.

Ainda tem Inhotim, né. Até brincaram sobre isso nas redes sociais, que você seria frequentador do museu...

Até estou combinando, na próxima folga, provavelmente, minha família vem também. Minha irmã e meu irmão já conhecem, vieram para cá só para conhecer. E eu também, assim que der quero dar um pulo lá. Sei que tem de passar um dia inteiro, e para a gente que é jogador é difícil arrumar um dia inteiro assim para curtir.

É vaidoso?

Zero. Normalmente venho para a Toca de short e camiseta, tenho umas 10 camisetas brancas, o pessoal me olha e pergunta se eu saí direto da cama. Não ligo muito não.

E essa semelhança com o James Franco, você até já brincou sobre isso no Instagram.

Sigo ele no Instagram e tem hora que estou vendo as fotos e penso: 'uai, mas eu não postei essa foto', e aí é que eu me ligo que é ele, não sou eu. Quando eu acho muito parecido, eu copio e posto também. Mas tem alguns ângulos que são bem parecidos. Mas tem gente que me chama do Aragorn, do Senhor dos Anéis (Viggo Mortensen), é muito parecido. Jim Carrey, tem uns que brincam, mas aí eu já não gosto não... No momento, o James Franco está ganhando.

Você é um dos que ficaram marcados pela atuação no Bom Senso. O movimento deu uma adormecida?

Não, pelo contrário. Está a um passo de obter sua conquista histórica, que é a aprovação da MP, com quase 90% das propostas do Bom Senso inclusas, graças ao próprio Bom Senso, que está em Brasília discutindo o tema há mais de um ano. A gente que entendeu por não temos direito ou representatividade dentro das entidades de administração do desporto, no futebol, ou seja, a CBF e as federações, não tem por quê a gente fazer mobilização e reivindicação para essas entidades. E aí fomos pra Brasília, apesar de tudo, é mais democrática, tem gente interessada em escutar e em fazer o que tem de ser feito. Hoje nossa vida é mais em Brasília, Casa Civil, Ministério do Esporte, discussão pesada com o Ministério da Fazenda, e, felizmente, parece que está muito dentro dessa MP que vai sair.

Falando desse contexto político, com as últimas manifestações, como jogador, como você se posiciona em relação a esse momento?

É um momento complicado, às vezes há certos excessos. O povo brasileiro em grande parte tem sido intolerante, e a gente tem de buscar o tempo todo defender a democracia. Foi uma luta tão grande conquistá-la em 1988, com a Constituição Federal, que não podemos deixar isso escapar pelas mãos simplesmente porque a gente não concorda com a política que tem sido praticada ou com as pessoas que estão lá. Temos de ser contra a corrupção, sou extremamente a favor da reforma política, deveria ser feita uma constituinte exclusiva para discutir esse tema, com pessoas que sejam inelegíveis nas próximas candidaturas. Se a gente colocar as raposas para tomar conta do galinheiro e fazer uma reforma política para eles próprios, pouca coisa vai mudar, se não piorar. É a mãe de todas as reformas. Se a gente conseguir qualificar ou melhorar os tomadores de decisão, os políticos que lá estão, provavelmente nos próximos anos teremos um país mais justo, mais equilibrado e melhor.

Como você faz para administrar isso, até com os torcedores, de ser jogador e estar tão ligado ao Bom Senso, em que nem sempre as questões são favoráveis aos clubes, muito antes pelo contrário.

É a parte legal da história, trocar o pneu com o carro andando. A gente tem de aprender a se comunicar, tentar mostrar para o torcedor que trabalhos e treinamos todo dia, que o foco e a prioridade estão no resultado em campo, mas que ao mesmo tempo, como já experimentei essa quase aposentadoria, as lesões me mostraram que eu preciso praticar outras coisas além do futebol, para o meu bem-estar e o meu futuro, eu aceito e entendo as críticas. Mas a minha vida não muda. Sei que estou me dedicando ao máximo ao Cruzeiro, sou apaixonado pelo o que faço, mas as minhas crenças, os meus hábitos não vão mudar porque alguém está achando que estou postando foto demais, comentando demais, ou indo a Brasília discutir um assunto que para mim é pertinente e vai fazer diferença. Então, eu já estou vacinado.

A aposentadoria não te assusta porque você já esteve diante da ameaça dela algumas vezes. O que você pensa para o seu futuro?

Pensar eu penso em um monte de coisa, mas cada vez mais eu desisto de tentar fazer plano, porque sempre erro. Agora, se bobear, eu poderia estar na China, ou nem ido para lá. Sou movido a paixão, só sei fazer o que eu gosto, ou o que me atrai, me encanta. Com certeza, vou viver no meio do esporte de alguma forma, no futebol, ou na política. Quero me capacitar para ser bom naquilo que eu escolher.

Pensa em se candidatar a algum cargo, com tantas idas a Brasília?

Quanto mais eu vou a Brasília menos eu quero voltar. Ao mesmo tempo a gente percebe que se não fizermos algo, o cenário vai ser muito pior. Se precisarem de mim e eu achar que eu tenho estômago, quem sabe. Mas ainda quero formar uma família, ter filhos, ou seja, tem outras coisas na frente.

Você está em BH há pouco mais de um mês, já está ambientado? Como é a sua vida aqui? O pessoal te aborda muito?

Estou conhecendo a região que eu moro (Bairro de Lourdes), muitas vezes as pessoas me veem andando ali, e se surpreendem. Vou ao banco, restaurantes, mercado, saio carregando sacola, já achei um dentista. Estou descobrindo a cidade, me divertindo, conhecendo gente, que é o que eu mais gosto. O pessoal se aproxima, os cruzeirenses querem tirar foto, encorajam, tem sido legal. Estou feliz porque são muito tranquilos, porque me respeitam bastante, é um assédio tranquilo, gostoso.

Você acha que as pessoas esperam muito de você por esse perfil de líder? Aqui no Cruzeiro já tem o Fábio, que é o capitão, está há tanto tempo no clube...

O clube é um organismo vivo, cada dia, cada jogo, cada situação acaba mudando. E eu tenho de chegar de fininho, mesmo com toda a experiência, conquistar o respeito dos jogadores, da comissão e da torcida mais pelas atitudes do que por falar bem. Há uma hierarquia, continua bem, esses dias eu tratei de falar que o Fábio é o capitão e eu sou o tenente, porque sempre me perguntavam essa questão de ser capitão. Tanto faz, o importante é que a gente se ajude e o grupo se fortaleça.

Já tem material para outro livro, já planeja o próximo?

Na China, eu quase comecei, mas entre escrever e aprender o mandarim, optei pelo mandarim e me ferrei, porque não aprendi nada, nem escrevi o livro. Mas no final da carreira vai sair sim, porque aí eu posso ser mais polêmico, falar mais coisas, mais detalhes que hoje em atividade é um pouco complicado. Tenho tentado ser o mais humano possível, reconhecer que a gente tem medo antes de um jogo importante, deixa de dormir, pensa na família quando erra. Tentar fazer essa ligação com o torcedor, porque muitas vezes o jovem quando está indo para o vestibular está morrendo de medo, e quando vê um ídolo, uma figura importante, sentir a mesma coisa, talvez ele consiga reagir melhor àquele sentimento. Um cara que vai a uma entrevista de emprego é como eu chegando aqui, na Toca, por mais que eu tenha experiência, dá um frio na barriga, quero mostrar serviço. Como no jogo contra o Boa, na estreia. Foi assim comigo, com o livro do André Agassi, do Michael Jordan. Quando percebi que esses caras também tinham medo, também se boicotavam em quadra, comecei a me aceitar melhor.

2199 visitas - Fonte: Superesportes.com.br




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