Em reunião realizada na manhã desta quarta-feira na sede da Federação Mineira de Futebol (FMF), que contou com a presença de representantes de Cruzeiro, Atlético-MG e da Polícia Militar, ficou acertado que o clássico de domingo, no Mineirão, às 16h (de Brasília), pela sexta rodada do Campeonato Mineiro, terá a presença das duas torcidas. O Cruzeiro, mandante da partida, cumpriu a exigência do clube alvinegro, e aceitou ceder 6.043 ingressos para a torcida do Atlético-MG, pouco mais de 10% da carga de 60.000 que será comercializada para a partida.
A quantidade de ingressos do Atlético-MG não será reduzida, pois já foram estabelecidos os setores que serão isolados para a segurança. A Minas Arena, consórcio que administra o estádio, também se comprometeu a comercializar os ingressos das cadeiras especiais localizadas abaixo do setor reservado para o visitante, e apenas para a torcida visitante. O Atlético-MG tem até as 16h desta quarta-feira para se manifestar se aceita ou não a proposta do Cruzeiro com relação aos preços das entradas e aos locais disponibilizados para a torcida atleticana no Mineirão . Foram oferecidos ao Atlético-MG parte do setor laranja Inferior e superior, e do setor roxo inferior. Os ingressos custarão entre R$ 50 e R$ 280.
O diretor jurídico do Atlético-MG, Lazaro Cândido, disse que a diretoria alvinegra irá se reunir ainda hoje para uma definição.
- Nós recebemos a proposta do mandante, faremos a proposta dos preços, do local e será feita a reunião para definir se vamos aceitar o que o clube (Cruzeiro) definiu - avaliou o dirigente.
O esquema de segurança adotado pela Polícia Militar será similar ao adotado na final da Copa do Brasil, no ano passado. Os torcedores do Atlético-MG entrarão pelo acesso do Mineirinho, e o ônibus da delegação alvinegra será escoltado pela PM até o estádio, para evitar acidentes como os que ocorreram na partida disputada pela equipes no returno do Brasileiro do ano passado, quando alguns torcedores atiraram copos de cerveja no ônibus.
- Para a Polícia Militar é indiferente essa questão de percentual de torcedores. Seja meio a meio, 10% ou torcida única, a PM estará preparada e vai garantir a segurança. Nós pedimos ao torcedor que vá ao estádio para se divertir. Obviamente, nós definimos aqui que a torcida visitante, no caso a torcida do Atlético-MG, vai se concentrar no Mineirinho e, pela rampa de integração, vai acessar o estádio nos blocos destinados. Pela nossa experiência, na final da Copa do Brasil, esse esquema funcionou muito bem e vamos manter - disse o Coronel Ricardo Machado, que comanda o Batalhão de Eventos da Polícia Militar.
Divergências no ano passado
O problema entre os rivais vem desde o clássico do dia 21 de setembro do ano passado, pela 23ª rodada do Campeonato Brasileiro. Após incidentes envolvendo as duas torcidas no Mineirão, que resultaram em punições de perda de mando de campo e multa aos dois clubes, impostas pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), a serem pagas no início do Brasileiro deste ano. Declarações de ambos os presidentes deixaram subentendido que nos confrontos seguintes entre Atlético-MG e Cruzeiro não haveria mais torcedores das duas equipes.
No entanto, em reunião realizada cinco dias antes do primeiro jogo da final da Copa do Brasil do ano passado, o Atlético-MG, mandante do duelo, surpreendeu ao defender a presença das duas torcidas nos estádios. O Cruzeiro foi contra e depois cedeu, exigindo 2.300 ingressos (10% da capacidade do Independência). No entanto, uma vistoria da PM indicou que só deveriam ser vendidos 1.871 (cerca de 8% da capacidade), por questões de segurança. A direção do Galo emitiu nota justificando as medidas e requisitando o depósito de cerca de R$ 600 mil para a liberação das entradas dos visitantes. A diretoria celeste considerou o ato como uma manobra e abriu mão dos ingressos.
Para partida de volta, no Mineirão, o mandante Cruzeiro resolveu revidar. Os dirigentes celestes teriam que disponibilizar seis mil ingressos para o Galo, 10% da carga de ingressos para a partida, porém, foi disponibilizado apenas os mesmos 1.871 que o Atlético-MG disponibilizou para os torcedores do Cruzeiro na primeira partida. Outra decisão do time celeste foi a de vender cada entrada por R$ 1.000. A procuradoria do STJD processou o Cruzeiro pela decisão, que configurava em descumprimento do Regulamento Geral das Competições. A medida exigia que o Cruzeiro cedesse os seis mil ingressos, e diminuísse o valor destes pela metade.
O clube recorreu e, com respaldo da polícia, que acabou achando inviável a comercialização de mais entradas tão próximo da data da partida, acabou apenas abaixando o preço dos ingressos. Dentro de campo, o Atlético-MG venceu os dois jogos e se sagrou campeão. Depois da decisão, o Cruzeiro foi julgado e, por ter descumprido a decisão do STJD, de comercializar 10% da carga de ingressos, o clube foi multado em R$ 50 mil.