Duas derrotas em dois jogos na Libertadores, tropeços no Mineiro e um começo de ano cheio de incertezas para o Atlético-MG. Essa é a situação que Daniel Nepomuceno precisa gerir. Além disso, há uma incerteza quanto à preparação física do time, lançada pelos próprios jogadores - o mais incisivo deles foi Luan. Mas O presidente do Galo, que concedeu entrevista ao LANCE!, analisa a situação do clube mineiro na competição sul-americana e faz um diagnóstico duro.

- Eu acho uma injustiça colocar a baixa produtividade em um responsável. Claro que é difícil achar uma explicação para um time que jogou bem contra o Shakhtar, com uma pegada forte. Não digo nem o time do ano passado, digo um time desse ano, nessa direção. Mas aí caiu numa sequência de três jogos abaixo do que esperávamos. Fiz questão de olhar os números, não tem diferença do tanto que o time correu. Mas a grande verdade é que o time correu errado, perdeu a forma de jogar e sacrificou alguns jogadores. O time perdeu cinco titulares e isso desestabilizou. Vamos torcer para uma boa preparação para o clássico e também para a Libertadores - avaliou Nepomuceno, que está no Paraguai para o Congresso da Conmebol.

De olho na política do futebol sul-americano, defendendo a tese de que os clubes brasileiros necessitam de mais representatividade fora do país, ele não joga a toalha em relação à edição atual da Libertadores.

- Temos que ganhar, aproveitar o retorno dos contundidos e jogar na Colômbia com a intenção de sair de lá, no mínimo, com um empate. O campeonato mostra que, com 9 pontos, foram raros os clubes que não classificaram. Temos que começar a ganhar e tirar os pontos dos adversários, reencontrar o futebol que o Atlético perdeu nas últimas semanas - completou.

O próprio Daniel Nepomuceno conta que, mesmo ainda em março, já está na época de fazer uma avaliação na equipe pensando no Brasileirão.

- O Atlético tem quase 40 jogadores. Perdemos o Tardelli, trouxemos reforços. Agora chegou o momento de notar qual é a carência do time. Ficou evidente que, caso o treinador opte por não ter pivô, fica refém de um jogador de área. Agora é a hora de rever qual a posição está fazendo a diferença. Vou sentar com o Maluf e o Levir. Não sou forçado a mudar elenco sob pressão - explicou.

Por falar na Série A, ele não teme uma possível punição por causa de atrasos salariais - fantasma que atormentou o clube em 2014 -, como prevê o novo regulamento da competição.

- Ficamos com salários atrasados por causa do bloqueio na Justiça, num período complicado, de contratação e 13º. Mas isso é passado. O que votamos é o mínimo. Mas estou preocupado com algumas questões. A primeira é fatiar as questões do futebol é muito errado. Não pode trabalhar simplesmente fair-play trabalhista. É preciso discutir toda a tributação sobre os clubes. Há uma intenção do governo de passar a contribuição previdenciária de 1% para 2,5%. E os clubes pagam 5%. Unifica isso. É uma receita para o clube. Poderia pegar esse desconto para colocar no pagamento de dívidas trabalhistas - o Atlético não tem. Há centenas de itens para serem discutidos - finalizou.