Acompanhar a escalada do dólar não interessa apenas a quem trabalha no mercado financeiro ou tem viagem para o exterior em vista. O mundo do futebol está profundamente atrelado à moeda norte-americana, numa relação que não se resume às transações de jogadores. Apesar de sediada no Paraguai, a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) faz suas contas baseada no dinheiro do Tio Sam. Com a Copa Libertadores batendo à porta, é bom estar atento ao que pode entrar - e sobretudo sair - dos cofres do seu clube quando a bola começar a rolar pelo torneio.

Em tempos de forte desvalorização do real frente ao dólar, as cotas recebidas pelos clubes em divisas dos EUA podem significar um grande aporte. Por isso, muito dirigente deve estar torcendo pela disparada cada vez maior da moeda norte-americana, até como forma de investimento. Por outro lado, no entanto, as multas impostas pela Conmebol (e elas são de natureza diversas) pesam muito mais no bolso. É preciso que os times se mantenham na linha para que as variações cambiais tenham efeito apenas positivo na balança comercial dos gramados.

Vamos começar pela parte boa: os milhões de bônus pagos pela participação. Só de entrar em campo na pré-Libertadores, encerrada nessa quinta-feira, cada equipe teve direito a US$ 250 mil, pouco mais de R$ 705 mil. Os eliminados levaram para casa, como “prêmio” de consolação, mais US$ 50 mil, aproximadamente R$ 142 mil, totalizado quase R$ 850 mil.

Quem avançou para a fase de grupos vai se juntar a um grupo mais privilegiado, que embolsará US$ 900 mil dólares (cerca de R$ 2,5 milhões) - cada jogo como anfitrião nesta etapa vale US$ 300 mil (R$ 846 mil, na cotação de ontem).

A partir das oitavas de final, as partidas rompem a casa do R$ 1 milhão: o confronto em casa rende US$ 550 mil de premiação, ou R$ 1.550 milhão. Nas quartas, o valor é de US$ 659 mil (mais de R$ 1,8 milhão). Na semifinal, a cota sobe para US$ 700 mil (quase R$ 2 milhões). Chegar à decisão garante não somente visibilidade e prestígio. O upgrade na receita é substancial: o vice-campeonato tem prêmio de US$ 1 milhão (cerca de R$3 milhões hoje) e o título, US$ 2,3 milhão (aproximadamente R$ 6,5 milhões).

Se o campeão tiver começado sua jornada na pré-Libertadores, receberá, pelas 15 vezes que tiver entrado em campo, US$ 5,3 milhões (quase R$ 15 milhões). Isso sem contar que, na esteira do sucesso em campo, chegam vários rendimentos extras, com a valorização de jogadores, a participação no Mundial de Clubes e na decisão da Recopa Sul-Americana.

Já que estamos falando em moeda, vamos ao outro lado dela: o ônus. A Conmebol não perdoa quando o assunto é angariar receitas. Qualquer deslize também é cobrado em dólares. Cada cartão amarelo, por exemplo, custa US$ 200 (R$ 570). A expulsão inflaciona bem a conta, com a multa subindo para US$ 600, quase R$ 1,7 milhão! E não adianta pendurar ou pedir fiado: o montante é descontado diretamente da cota do clube. Atraso na entrada em campo desfalca o cofre das equipes em US$ 5 mil, ou R$ 14 mil.

Não bastassem as sanções financeiras na seara disciplinar, a Confederação Sul-Americana preparou uma novidade no regulamento da Libertadores deste ano: até a presença das mascotes resulta em punição. E das pesadas! A proibição consta no artigo 14.7 e quem descumpri-lo será multado em US$ 10 mil (cerca de R$ 30 mil), com possibilidade de um jogo com portões fechados. Em caso de reincidência, o valor sobe para US$ 15 mil (quase R$ 45 mil), uma partida sem torcida, com chance de mais uma. Se ainda assim a mascote insistir em participar da festa, a pena pula para US$ 25 mil (R$ 70 mil) e dois jogos com portões fechados.

Entre os viajantes há um ditado popular que diz: “quem converte não se diverte”. No futebol, isso vai depender de qual lado você estará!