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30/11/2014 13:49

O surgimento do craque: futebol no tatame fez nascer Éverton Ribeiro

Meia cruzeirense fazia judô na infância, mas no intervalo das aulas brincava com bolinha de papel. Pai diz que canhota precisa surgiu após machucado na perna direita

O menino Éverton tinha 10 anos quando teve que decidir: judô ou futebol? Primogênito de três irmãos de uma família de Santa Isabel, na região metropolitana de São Paulo, o garoto não pensou muito. Tinha a faixa azul, lutava com jovens maiores, tinha a confiança de seu sensei, mas, até mesmo no tatame, preferia o futebol. Com uma bolinha de papel, brincava antes das aulas da luta japonesa. Mal sabia que aquela decisão mudaria para sempre seu destino. Que 15 anos depois ele seria um dos destaques do bicampeão brasileiro Cruzeiro.

- Imaginei que ia jogar, mas ser campeão assim, não. Fazer gols decisivos, então, não mesmo – diz Éverton Ribeiro, que fez o gol da vitória do Cruzeiro por 2 a 1 diante do Goiás, placar que garantiu o título brasileiro à Raposa.

Everton Ribeiro deu entrevista ao Esporte Espetacular (Foto: Reprodução TV Globo)

A disciplina e o bom ambiente encontrado nas aulas de judô ficaram e Éverton foi crescer no futebol. Ele começou com a luta aos três anos. Um ano depois já estava em escolinhas, ao lado da bola. Sua mãe, Rita, diz, inclusive, que a primeira palavra do filho foi bola. Fato é que, aos 10 anos, o objeto passou a ser a vida de Éverton Ribeiro.

- Meu sensei era muito disciplinador, mas sempre dava liberdade para poder brincar dentro das aulas. Era turma pequena, mas muito junta. A gente viajava para lutar. Era bem legal fazer o judô. Minha mãe fala que ajudou muito na minha formação. A gente fazia muito exercício, quando sobrava tempo dava pra brincar com a bolinha. Aí chegou a época que tive que optar por um dos dois. Meu sensei estava indo para Santos para ser chefe de uma delegação. Ele chegou para mim e disse: “como você gosta muito de futebol, acho melhor você seguir com ele. Terá futuro” – conta o meia.

Éverton Ribeiro, de joelhos, segundo da esquerda para a direita, em sua turma de judô em Santa Isabel: com a faixa preta, mas na verdade só chegou à azul (Foto: arquivo pessoal)

E teve. Tímido, sempre tranquilo, na contramão do estilo dos boleiros, Éverton vestiu a camisa 17 celeste e agora conduz uma das melhores equipes da história da Raposa. Em 2014 tem 10 assistências e seis gols, ou seja, participou de quase metade dos gols do Cruzeiro na campanha do segundo título seguido.

Drible nas cadeiras e nascimento da perna canhota

Não era sempre que o jovem Éverton tinha companheiros para jogar futebol. Quando faltavam os amigos, Romário, Ronaldo, Bebeto e Taffarel eram os companheiros. Pelo menos em sua imaginação. Com os nomes dos tetracampeões mundiais, o meia cruzeirense batizava as cadeiras da sua casa e brincava de bola.

Éverton Ribeiro com a bola na mão: machucado no dedão do pé direito "fez nascer" a canhota do meia, segundo o pai (Foto: Arquivo Pessoal)

- Eu driblava as cadeiras e dava nome para elas. Romário, Ronaldo, Bebeto. A gente sempre pensa nos (jogadores) da frente. Aí era assim: “Taffarel está na frente do gol, e gol!”, e saía para comemorar igual o baixinho, o fenômeno. Era melhor quando tinha outras crianças. Qualquer espaço que tinha na rua era bom para a gente brincar – relembra.

O asfalto duro das ruas de Santa Isabel fez nascer a perna canhota precisa de Éverton Ribeiro. Pelo menos é o que diz o pai, Amadeu. Segundo ele, o filho era destro, mas após machucar o pé, começou a usar a esquerda. Para não deixar de usar mais.

- Eu sou destro com as mãos e canhoto no pé. Meu pai conta essa história, mas eu não acredito muito, não. Sempre gostei muito de jogar bola. Como jogava descalço na rua, machuquei meu dedão do pé. Comecei a chutar só com a esquerda. Mas é o meu pai que diz – detalha o meia cruzeirense.

A gripe do título: “É bom ver o resto brigar pelo que tem mais”

Éverton contou toda a história de sua infância entre uma tosse e outra. Está gripado desde que correu, jogou, fez gol e celebrou intensamente debaixo de um temporal em Belo Horizonte, no último domingo, após o 2 a 1 no Goiás. Diz que estava bem na partida contra o Atlético-MG, pela Copa do Brasil, na última quarta, mas esqueceu de tomar o remédio após a derrota para o rival e viu a gripe piorar. Mas o vice-campeonato e as tosses não diminuem o orgulho com o título brasileiro e com as cinco vitórias seguidas na reta final do campeonato.

- Foi histórico, ainda mais marcar o Cruzeiro na história como poucos times que tem esse bicampeonato seguido. Estou feliz até hoje. Ficamos muito tempo na chuva, já amanheci gripado no outro dia, mas o que vale é a festa. Reforçamos que tínhamos que tentar acabar antes para dar uma tranquilizada. É muita pressão. O lado psicológico vai a mil. São jogos domingo e quarta tendo que ganhar. A gente encarava cada jogo como final e deu certo. É muito bom acabar antes e ver o resto do pessoal brigar pelo que tem mais.

Aguaceiro contra o Goiás causou gripe forte em Éverton Ribeiro após celebração do título do Cruzeiro
(Foto: Washington Alves / Light Press)


Mesmo que esteja vendo os outros pelo retrovisor, o meia espera manter o embalo. O cansaço bate, ele diz ser um dos motivos para o fraco rendimento nas finais da Copa do Brasil, mas ainda há o que disputar no Campeonato Brasileiro. Se vencer nas duas últimas rodadas, o Cruzeiro terá o segundo melhor rendimento dos pontos corridos, com 71,9%, atrás apenas da própria Raposa, que em 2003 teve 72,5%.

- A gente tem equipe para isso. Quem jogar vai dar melhor e fechar com chave de ouro. O Marcelo gosta. Ano passado ele chamou nossa atenção porque perdemos alguns pontos (foram dois empates e duas derrotas após a confirmação do título) no fim. Não acabou o campeonato, quem sabe batemos alguns recordes.

Se quando jogava futebol com bolinhas de papel nos tatames de Santa Isabel era difícil imaginar as glórias no futebol, agora está fácil. Após sua melhor temporada na carreira, Éverton Ribeiro acredita em um 2015 ainda melhor no Cruzeiro.

- Nossa equipe é muito unida. Um time recheado de caras bons, que já conquistaram muitos títulos. Muitas vitórias acontecem por isso – define.

3603 visitas - Fonte: GE




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