Objetos na sala do tenente-coronel revelam a paixão pelo Atlético-MG (Foto: Reprodução SporTV)
Quando o tenente-coronel Fábio Murilo Viana Sampaio entra na sala da banda de música do 44º Batalhão de Infantaria Motorizado - “Batalhão Laguna”, em Cuiabá - todos já sabem o que ele quer ouvir. Torcedor do Atlético-MG, ele inseriu o hino do clube na lista de músicas obrigatórias assim que chegou ao quartel.
Cruzeirense, o tenente Alberto Walguer já se acostumou a ouvir a canção do rival no dia a dia e também nos eventos do Exército.
Quando chegou, no início de 2013, o coronel revelou o time do coração e não demorou para estipular a regra. De lá para cá, o hino foi executado tantas vezes que ele garante que virou a marca registrada do Batalhão.
- Falei assim: toca tudo, desde que toque o hino do Galo. Isso vai ser agora a assinatura da banda - contou.
Fábio Murilo comanda 650 militares que trabalham no local e pode contar os cruzeirenses nos dedos. Há quem diga que, desde a chegada do comandante, ficou ainda mais difícil identificá-los.
Alberto Walguer não esconde a paixão pela Raposa e admite que sofre ao ter que ouvir o hino do rival com tanta frequência no ambiente de trabalho.
- Aqui no quartel sou o único cruzeirense. Tem alguns que torcem para o Cruzeiro, mas não têm coragem de falar. Eu perguntei a um sargento mineiro: "Você é atleticano ou cruzeirense?" e ele falou: "Para falar a verdade tenho afinidade com Cruzeiro, mas, quando alguém pergunta, falo que sou atleticano. Como o comandante é atleticano, vou falar que sou atleticano" - contou.
Esta semana, quando Cruzeiro e Atlético-MG começaram a decidir o título da Copa do Brasil, o coronel fez algo incomum: ao receber a equipe de reportagem para contar a rivalidade dentro do Batalhão, ele permitiu à banda que tocasse também o hino da Raposa, para a alegria do tenente Alberto Walguer.
- É um momento histórico, sempre esperei por esse dia - disse.
Tenente Alberto Walguer é cruzeirense e precisa
ouvir o hino do rival (Foto: Reprodução SporTV)
O comandante atleticano não fica na bronca com o cruzeirense, ao contrário. Principalmente quando o time ganha, como aconteceu no jogo de ida da Copa do Brasil, quando o Galo venceu por 2 a 0, no Independência, ele gosta de ter rivais por perto. Mas garante: apesar da "regra", a rivalidade dentro do Batalhão é sadia, tanto que ele fala sobre o assunto - e até sobre a colocação do hino no repertório da banda - em tom de brincadeira.
- A logística do quartel funcionou muito bem, ela conseguiu colocar um cruzeirense para a gente poder brincar com ele dentro do quartel, não ter que sair procurando por Cuiabá (...) É uma coisa que nos ajuda a manter um bom ambiente de trabalho, essa brincadeira salutar com todos os torcedores de todos os times - considerou.