12/11/2014 18:35
Titulares na final, Carlos e Lucas Silva simbolizam aposta na técnica na base
Com características físicas diferentes da maioria dos concorrentes na posição, ambos se firmaram mostrando qualidade e já são sondados por vários clubes europeus
Lucas Silva e Carlos têm sido aproveitados nos times titulares de Cruzeiro e Atlético-MG (Foto: Getty Images)
Estatura beirando 1,90m, capacidade de imposição física sobre o adversário e chegar na área com frequência para finalizar são atributos que fazem parte do volante dos sonhos de diversos técnicos da base brasileira. Mas Lucas Silva, sem ser esse jogador, se firma cada vez mais como titular no Cruzeiro e candidato a uma vaga na Seleção principal. Da mesma maneira, o atleticano Carlos ignora o dogma de que centroavantes precisam ser fortes para trombar com os zagueiros e fazer gol de qualquer jeito. Ambos constroem uma história de sucesso na contramão dos estereótipos e simbolizam uma filosofia de jogo bem jogado.
O camisa 16 do Cruzeiro tem 21 anos e 1,82m, uma boa estatura. Mas está longe de ter a imposição física, a eficiência no jogo aéreo ou o poder de marcação de Nilton, um de seus concorrentes. Também entra pouco na área para finalizar. Sua principal arma é o passe. Curtos, médios ou longos, são fundamentais na distribuição de jogo do time mineiro e fazem com que o volante seja especulado em algumas das maiores equipes do futebol mundial. E ainda há os chutes fortes de fora da área, que muitas vezes assustam os goleiros.
A afirmação de Lucas Silva simboliza não só a vocação ofensiva do Cruzeiro, mas também o sucesso de uma filosofia que priorizou a técnica na escolha dos jogadores da base do clube.
Não à toa, seus companheiros promovidos com mais jogos no time principal são Mayke (veio do Siderúrgica-MG em 2010 para os juniores) e Alisson, ambos também elogiados pela qualidade com que executam os fundamentos, e não por serem tanques de guerra ou voluntariosos.
O volante, ciente de seu estilo, sabe que precisa também contribuir com a equipe e se doar para o coletivo.
- Meu futebol é esse mesmo, mais técnico. Mas é claro que é necessário sempre ter muita vontade e muita raça. Na hora certa tem que dar chutão. Mas futebol se resume nisso. Sou um jogador simples e objetivo.
Carlos é mais jovem. Aos 19 anos, empilhou gols na base atleticana desde que chegou ao clube, em 2009. Aos 17, com idade para atuar ainda nos juvenis, foi promovido para os juniores e logo virou titular e artilheiro do time na Copa do Brasil Sub-20 de 2012, com seis gols.
inda assim, sempre se ouvia sobre ele, sobretudo em outros clubes, que a baixa estatura (1,72m, bem abaixo de centroavantes como Jô, Fred, Alecsandro, Henrique ou Marcelo Moreno) poderia dificultar a afirmação dele no time principal ou fazer com que mudasse de posição. Ele chegou a atuar deslocado para o lado esquerdo em alguns jogos. Mas, quando jogou entre os zagueiros, teve os melhores resultados, principalmente no clássico diante do Cruzeiro no returno, marcando dois gols.
A ascensão de Carlos simboliza a aposta do Atlético-MG semelhante em jogadores mais técnicos, assim como no Cruzeiro. E nomes como Dodô, autor de um belo gol contra o Palmeiras, e Lucas Cândido, titular na reta final do Brasileirão do ano passado e afastado por contusão, também seguem essa linha.
- Creio que seja uma tendência no futebol brasileiro, assim como já foi um dia com Romário e Bebeto. Depois passamos a jogar com um atacante de área e devemos voltar. Nós priorizamos a qualidade técnica na formação, e jogar com um atacante que cai pelos lados é mais móvel e capaz de executar mais de uma função tem dado resultados aqui no Atlético-MG.
Lucas Silva disputou três jogos na Copa do Brasil. No Brasileiro, atuou em 23 dos 33 e marcou um gol. Carlos tem cinco participações na Copa do Brasil, com um gol, e 18 no Brasileirão, com cinco gols - dois deles na vitória por 3 a 2 sobre o rival.
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