Após frustrações na Copa do Brasil, Marcelo Oliveira tenta primeiro título no torneio (Foto: Reprodução/Sportv)
Faltando cinco rodadas para sagra-se bicampeão brasileiro com o Cruzeiro, o técnico Marcelo Oliveira convive com um rótulo que incomoda: o de não saber ganhar campeonatos no formato de mata-mata. Convidado do "Arena SporTV" desta quarta-feira, o ex-jogador Nelinho criticou os comentários referentes à sina do treinador da Raposa. Para ele, as duas finais disputadas comandando o Coritiba na Copa do Brasil, em 2011 e 2012, são provas da competência do amigo no torneio.
- Eu reafirmo que um treinador que chega à duas finais da Copa do Brasil, com o Coritiba, e é taxado que não sabe jogar mata-mata? Para mim, isso é ridículo. E os demais treinadores que perderam lá atrás? Esses então nem se fala. São momentos que a equipe atravessa em determinado momento do jogo e que pode determinar o resultado final. Isso acontece demais no futebol. Às vezes, o time joga bem, joga para ganhar, mas o adversário acerta um chute, e o time perde. E assim, todo o trabalho que o treinador fez é jogado por água abaixo. Então, tem que ter um pouco mais de cautela ao analisar e rotular o treinador. O treinador, claro, dá uma orientação. Mas, às vezes, dentro do campo, os jogadores não conseguem executar aquilo que ele pediu - disse Nelinho.
Horas antes da histórica final entre Cruzeiro e Atlético-MG na edição 2014 da Copa do Brasil, o perfil dos treinadores dos rivais mineiros também foi traçado. Para o jornalista Marco Antônio Rodrigues, apesar de ambos os técnicos estarem em um bom momento na carreira, Marcelo Oliveira apresenta um bom nível por um período maior e um trabalho mais constante. Segundo o comentarista, inclusive, com importância maior que o de Levir Culpi na campanha do Galo.
- O bom momento do Marcelo Oliveira é muito mais longo. Acho que o Marcelo tem muito mais importância na campanha do Cruzeiro do que o Levir na campanha do Atlético-MG. Acho até o trabalho do Marcelo, no geral, mais consistente que o do Levir. O Levir atravessa, sim, um grande momento agora. Ganhou uma maturidade, uma experiência, está revelando no Atlético-MG um treinador com a cabeça mais leve do que ele era. O Marcelo, mais jovem, tem um trabalho mais promissor. Mas o Levir está, talvez, na sua melhor fase na carreira, em termos de conhecimento, psicológico, esse período no Japão parece que fez muito bem para ele. Mas vejo no trabalho do Marcelo conhecimento técnico, de futebol, de armar time, de característica do jogador, de buscar o jogador na montagem do elenco - afirmou o jornalista.
Também presente no programa, o repórter da Rádio Globo Marcelo Bechler comparou a dificuldade dos trabalhos dos treinadores. Para ele, enquanto Levir Culpi precisou motivar o Atlético-MG após ganhar a Libertadores em 2013 e ser eliminado precocemente no torneio continental 2014, Marcelo Oliveira tem como maior problema manter o alto nível do futebol apresentado pelo Cruzeiro nas duas últimas temporadas.
- Mais do que estilos diferentes, são trabalhos muito distintos. Acho que o Levir faz um grande trabalho no Atlético-MG, pegou um grupo difícil de trabalhar, porque estava com a "barriga cheia" da Libertadores de 2013, e nem a má campanha esse ano dava ânimo ao time. Ele conseguiu transformar o Atlético-MG. Abriu mão do Ronaldinho Gaúcho, recuperou o Diego Tardelli, abriu mão do Jô depois, e conseguiu reconstruir o time. Fazer o time jogar de forma vibrante. No outro lado, o Marcelo Oliveira faz também um trabalho que é muito difícil e que tem muitos méritos por conseguir manter o time tão forte, difícil de ser marcado e focado emocionalmente. O Cruzeiro virou uma espécie de Bayern de Munique, que ele é comparado com ele mesmo e que o grau de exigência é muito maior. E o Marcelo consegue manter o nível de competição dentro do elenco que é muito bom - comentou Bechler.
Nesta quarta-feira, Atlético-MG e Cruzeiro fazem a primeira partida da final da Copa do Brasil no estádio do Independência, às 22h, com as arquibancadas lotadas de alvinegros. No jogo da volta, dia 26/11/2014, são os cruzeirenses que vão empurrar o time para o título no Mineirão.
Levir Culpi conseguiu refazer o Atlético-MG após saída de Ronaldinho Gaúcho (Foto: Getty Images)