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12/11/2014 14:52

O clássico: decisão provoca mistura de sentimentos em Belo Horizonte

Atleticanos admitem que a Copa do Brasil seria mais festejada que a Libertadores. Cruzeirenses, agora, veem Brasileirão em segundo plano; capital vive clima da final

O clássico: decisão provoca mistura de sentimentos em Belo Horizonte
Vendedora de banca se veste de Atlético-MG e Cruzeiro para atrair compradores (Foto: Daniel Mundim)

Em uma banca na esquina da Rua São Paulo com a Avenida Afonso Pena, no centro de Belo Horizonte, uma mãe comprava uma camisa do Cruzeiro para o filho. Ao seu lado, um rapaz comprava uma pulseira e emendou: “O Cruzeiro vai perder, larga disso”. A mãe, tímida, apenas sorriu. Perto dali, uma senhora cruzava a Avenida Amazonas, abraçada a um bandeirão do Cruzeiro cantando, para que todos pudessem ouvir: “Dizem que somos loucos da cabeça, amamos o Cruzeiro é o que interessa!”. Uma moça a viu e pensou alto: “Cruzeirense doida”. A “doida” torcedora celeste estava tão envolvida com a cantoria que não parou para conversar com a reportagem.

A decisão da Copa do Brasil desta quarta-feira está no dia a dia dos moradores da capital. Está na boca dos mineiros. Mesmo para quem não se interessa. Em meio a buzinas, multidões, carros, ônibus e motos aos montes, é possível escutar o som das conversas nas esquinas do centro da cidade. Não é difícil identificar o papo. Aos poucos, um “Galo” surge ali, “Cruzeiro” dali. As cores celestes e alvinegras estão mais evidenciadas.

Decoram comércios e vestem vários torcedores. A histórica final reúne vários sentimentos em atleticanos e cruzeirenses.

Os torcedores do Atlético-MG estão divididos. A conquista de um título nacional é um sonho perseguido há 43 anos. Conquistá-lo em cima do maior rival seria um marco de dimensão imensurável.

Há quem arrisque a dizer que a possível taça da Copa do Brasil, diante do Cruzeiro, seja uma glória maior do que a vivida no dia 24 de julho do ano passado, quando o Galo levou a Libertadores.

- Vamos tomar essa Praça Sete. Eles não podem ganhar de jeito nenhum. Queremos esse título. Acho que vai ser igual ou maior que a Libertadores. É diferente. Contra o Cruzeiro, é diferente – declara o atleticano Aquiles Fernando.

Bandeiras, torcedores e ambulantes: Belo Horizonte está no clima do clássico (Foto: Daniel Mundim)

Eisler Aurélio é de Uberlândia, mora há mais de 20 anos no Nordeste, atualmente vive em Aracaju e está em Belo Horizonte pela primeira vez. Chegou nesta quarta e retorna à capital sergipana nesta quinta. A visita só tem um motivo: apoiar o Galo. No ano passado, ele não pôde acompanhar a conquista da Libertadores. Mas por um motivo nobre: o nascimento da filha. No entanto, ele concorda com Aquiles. Acha que a taça da Copa do Brasil é mais importante. Ou melhor, o vice-campeonato do Cruzeiro.

- Tem um sabor especial. Se fosse contra o Santos, não ia ser tão saboroso. Da mesma forma com eles. Vai ser mais importante para eles porque é em cima do Atlético-MG. São dois jogos que vão ficar na história. Essa é a Copa do Brasil, a maior de todas. Não quero perder, mesmo em Aracaju tenho muitos amigos cruzeirenses para tirar onda comigo – relata.

Copa do Brasil ou Campeonato Brasileiro?

Para os cruzeirenses, também há dúvidas. Qual título seria mais expressivo, o bicampeonato seguido do Brasileirão, ou o pentacampeonato da Copa do Brasil em cima do rival? Eles se dividem. Mas os que preferem a taça conquistada no clássico são mais firmes. Seria melhor perder na reta final do Brasileiro do que aguentar os atleticanos em caso de derrota na decisão.

- Se for para escolher um, claro que quero a Copa do Brasil. Atleticano é muito chato. É chato demais! Lá no bairro eles soltam foguete até quando ganham de 1 a 0 de qualquer time. Ia ser ruim demais. O Cruzeiro tem que focar na Copa do Brasil – afirma o cruzeirense Claudinei Valadão.

O alvinegro Cristian Alves concorda. Ele quer o título para deixar os rivais frustrados, mesmo que, para os celestes, ainda há o Campeonato Brasileiro como consolação.

- Não só acho que (a Copa do Brasil) é mais importante que a Libertadores, como acho também que para o cruzeirense, vencer a Copa do Brasil em cima do Atlético-MG vai ser mais importante do que o Brasileiro. É clássico. Se fosse o contrário, com o Atlético brigando pelos dois títulos, eu preferiria a Copa do Brasil, sem dúvida – declara.

O cruzeirense Luiz Carlos: sem rivalidade, final mineira é orgulho para MG (Foto: Daniel Mundim)

Enquanto cruzeirenses e atleticanos contêm a ansiedade, se provocam e esperam pelos dois maiores clássicos da história dos clubes, comerciantes aproveitam para faturar. Ambulantes não têm tido muita sorte. Um vendedor, que saiu do interior de São Paulo apenas para vender artigos do Galo e Raposa na tentativa de faturar um pouco, reclama. Ele, que não quis se identificar, diz que só havia vendido dois bandeirões, a R$ 30 cada, desde a última segunda-feira. Mas há quem tenha o que comemorar.

- O movimento cresceu muito de ontem para a hoje. E é dividido, as duas torcidas vêm bastante, mas eu diria que mais do Cruzeiro. Compram mais as camisas, claro – diz Janaína Lemos, vendedora de uma loja especializada apenas em artigos dos times mineiros, na Savassi, bairro na região Centro-Sul da capital.

O clássico ainda não parou Belo Horizonte. Mas mudou a rotina dos moradores, que não escondem o orgulho pela decisão inédita.

- Eu sou cruzeirense, mas fico feliz de ver um jogo como esse. É importante para o Cruzeiro, para o Atlético-MG e para Minas Gerais. Se o Galo ganhar, não tem razão de eu ficar chateado – diz o torcedor da Raposa, Luiz Carlos.


5088 visitas - Fonte: Globo Esporte




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