Por Fernando Molina e Carlos Eduardo Alves, com colaboração de Gustavo Raganiccki

Palmeiras de Dorival Júnior é a maior vítima de gols marcados nos acréscimos no BR-14 (Foto: Divulgação/Agência Palmeiras).

Quando o quarto árbitro de cada partida ergue a placa indicando quantos minutos de acréscimos foram atribuídos pelo árbitro central, os sentimentos dos torcedores são uma constante no futebol mundial, e, claro, também no Campeonato Brasileiro. Com o time vencendo, os fãs reclamam que o tempo é exagerado, enquanto que com a equipe em desvantagem, normalmente a torcida considera tempo insuficiente, mas ainda assim mantém a esperança de uma melhor sorte no duelo. A edição de 2014 do Nacional já reservou emoções para a maioria das equipes, com média superior a um gol por rodada marcado após o tempo regulamentar da segunda etapa.

Nas 32 primeiras rodadas do Brasileirão, já foram marcados 39 gols após o tempo regulamentar das partidas. Das 20 equipes inscritas na Série A, 17 já passaram pela incômoda situação. São elas: Palmeiras (6), Cruzeiro (4), Flamengo (4), Figueirense (3), Santos (3), Atlético-PR (3), Sport (2), Grêmio (2), Vitória (2), Botafogo (2), Atlético-MG (2), Chapecoense (1), Internacional (1), São Paulo (1), Corinthians (1), Fluminense (1) e Coritiba (1).

Curiosamente, rodadas mais recentes do torneio reservaram um aumento dessas ocorrências. Foram nove gols marcados no final das partidas só entre as rodadas 30 (quatro) e 31 (cinco). Na 30ª, os jogos Cruzeiro 1×1 Palmeiras, Santos 0x1 Fluminense, Sport 0x1 Goiás e Flamengo 2×0 Internacional não tiveram seus resultados definidos antes dos 45 da segunda etapa. Em seguida, Chapecoense 1×1 Santos, Figueirense 1×1 Cruzeiro, Palmeiras 1×1 Corinthians e Fluminense 2×1 Atlético-PR só foram resolvidos no último respiro. A curiosidade fica por conta do jogo do Maracanã, em que o Flu vencia por 1 a 0 até os 46 minutos, quando Cleberson empatou de cabeça para o Furacão. Na saída de bola, entretanto, Bruno arrancou pela direita e cruzou para Fred colocar o Tricolor na frente de novo, dando números finais ao confronto.

Em situação ainda delicada na tabela de classificação, o Palmeiras foi a equipe que mais gols sofreu nos descontos do segundo tempo de suas partidas: foram seis ocasiões, com destaque para o azar que o Verdão deu no dérbi contra o Corinthians nos dois turnos. Na 12ª rodada, ainda sob o comando do argentino Ricardo Gareca, o Alviverde perdia por 1 a 0 para o Timão, e ainda tentava o empate, mas sofreu o segundo aos 46 minutos da etapa final, em tento anotado por Petros, que viu seu chute acertar a trave e as costas do goleiro Fábio antes de entrar. No returno, o Palmeiras vencia por 1 a 0, mas o experiente meia Danilo contou com a sorte para marcar o gol de empate já depois dos 45 minutos. Além dos clássicos, o Palmeiras também bobeou nos jogos contra o Botafogo (0x2), Cruzeiro (1×1), Goiás (0x6) e Chapecoense (4×2).

Mesmo não segurando o ímpeto do adversário com maior frequência, o Verdão ainda perdeu menos pontos que outras três equipes no Brasileirão 2014. Atlético-PR, Flamengo e o líder Cruzeiro perderam cinco pontos cada um devido a gols sofridos nos descontos. O Furacão, por exemplo, sofreu três gols decisivos, sempre aos 46 minutos da etapa complementar. Além do tento de Fred, também viu Luis Fabiano, pelo São Paulo (rodada 08, final 2 a 2) e Barcos, pelo Grêmio (rodada 20, final 0 a 1) aproveitarem logo o início dos acréscimos para tirarem pontos do rubro-negro paranaense.

Já o rubro-negro carioca só não teve a lamentar o gol marcado por Paulo Henrique Ganso, aos 46 da segunda etapa da rodada 05, porque o Tricolor Paulista já vencia a partida por 1 a 0. Nas outras três partidas, sempre que sofreu gol nos descontos, a torcida flamenguista penou com o desperdício de pontos preciosos, principalmente para uma equipe que veio a brigar contra o rebaixamento ao longo do primeiro turno. Já na rodada 06, o Fla derrotava o Bahia em casa, mas levou um dolorido gol de Talisca e viu dois pontos escaparem por entre os dedos. Assim como contra o Atlético-PR, Luis Fabiano marcou mais um tento de empate por 2 a 2 e não deixou o Flamengo somar três pontos. Contra o Grêmio, na última rodada do primeiro turno, o Rubro-Negro segurava o empate em 0 a 0 até, de novo, os 46 minutos, quando Luan deu a vitória ao Imortal.

O atual campeão Cruzeiro poderia ter uma frente ainda mais confortável na briga pelo bi, se não tivesse deixado escapar tantos resultados. Sobretudo na segunda rodada, diante do agora vice-líder São Paulo, quando viu Antônio Carlos marcar o gol que finalizou a partida em Uberlândia com empate em 1 a 1. Na ocasião, a Raposa reclamou do lance de falta que originou o gol, mas o tento foi validado. Com cinco pontos de vantagem para o Tricolor, o time celeste ainda desperdiçou pontos no clássico contra o Atlético-MG (2×3, gol de Carlos depois dos 45?) e contra o Figueirense (1×1, gol de Pablo, aos 46?). Se o Cruzeiro tivesse mantido todos os seus resultados, e o São Paulo não tivesse conseguido tantos gols nos descontos, a diferença entre eles poderia ser de doze pontos, o que, a seis rodadas do final do torneio, significaria para a Raposa ter as duas mãos na taça.

Nem todas as equipes foram vítimas da desatenção de suas defesas no final das partidas. Criciúma e Bahia são os dois últimos colocados do campeonato, mas não registraram nenhum gol sofrido até aqui depois dos 45 minutos da segunda etapa. O mesmo se aplica ao Goiás, mais na parte intermediária da tabela. Em relação a times que brigam na parte de cima, ainda na caça ao líder ou por um lugar no G4 do Brasileirão, São Paulo (2º), Internacional (3º), Fluminense (4º) e Corinthians (7º) ainda tiveram o “privilégio” de, mesmo sofrendo, cada um, um gol nos acréscimos em uma partida do Brasileiro, não perderem nenhum ponto nesses duelos.

Veja como ficaria a classificação do Brasileirão-2014: