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9/8/2014 13:48

Crise que parece sem fim

Crise que parece sem fim
Os clubes brasileiros querem refinanciar suas dívidas, hoje na casa dos R$ 4 bilhões, em 25 anos, com taxa de juros baixinha. O governo federal propõe o Refis em 20 anos, com a aplicação da Selic, o dobro do pretendido pelos cartolas. Por que os clubes brasileiros, mal-geridos há anos e na maioria quebrados, querem privilégios que nenhuma empresa ou cidadão tem? Sou a favor do Refis desde que o beneficiado apresente balanço honesto, sem maquiagem, pois sabemos da omissão quase total dos conselhos deliberativos. Esses conselheiros querem exibir suas carteiras, dizer que participam da gestão e ter privilégios. Na hora de aprovar as contas, retribuem a quem lhes concedeu o título.

Já passou da hora de os dirigentes terem responsabilidade fiscal. Se gastarem mais do que têm ou não cumprirem o orçamento, que sejam destituídos – ou presos, no caso de falcatrua comprovada. Gosto sempre de citar maus exemplos em tempos recentes. O ex-presidente do Flamengo Edmundo Santos Silva sendo algemado, preso, por ter sumido com U$ 80 milhões (perto de R$ 170 milhões a preço de hoje) do contrato com a falida empresa suíça ISL, e choramingando. “Estão me tratando como um bandido comum”.

Futebol virou negociata para alguns dirigentes, empresários e técnicos. Gente que entrou quebrada no clube e dele saiu milionária. A maioria deixou o dinheiro da negociação no exterior. Outros nem se importaram com isso e viraram milionários “da noite para o dia”. E os clubes quebrados, na bancarrota, sem saída. Já passou da hora de o governo intervir e buscar uma forma de preservar a instituição e punir maus gestores. Nesse caso, só mesmo com a intervenção da Justiça.

Um presidente de clube no Brasil é tratado como celebridade. Tira fotos, dá autógrafos, é recebido por políticos e usa o cargo para autopromoção. Os honestos, que trabalham por amor ao clube, são exceções. Sei que a discussão ainda leva tempo, cada um puxa a brasa para sua sardinha. O Bom Senso FC quer calendário mais humano, férias de 30 dias, pré-temporada decente, salários em dia e punição a clubes inadimplentes. É obrigação do empregador pagar em dia, ganhe o jogador R$ 5 mil ou R$ 1 milhão por mês. Mas é irresponsabilidade pagar cifras astronômicas a técnicos e atletas. Uma afronta num país com salário mínimo em torno de R$ 750.

Não acho justo que gente séria no comando de clubes seja punida com receitas bloqueadas. Digam que Alexandre Kalil é mal-educado, grosso etc., mas ele trabalha pelo Atlético, que sofre com a receita da venda de Bernard (foto) retida pela Justiça e se sacrifica para manter as contas em dia. Por isso, o dirigente, um líder de sua classe, luta pelo Refis. Quer apenas pagar o que deve de acordo com o que o clube pode.

Gilvan de Pinho Tavares, também ético e transparente, não é de aparecer muito, não procura holofotes, mas toca o Cruzeiro com mão de ferro, enxugam despesas e contratando de acordo com as receitas. A Raposa deve cerca de R$ 88 milhões, segundo levantamento de uma empresa de consultoria – pouco em relação a outras agremiações. Não sou a favor de nenhuma anistia, clubes devem funcionar como empresas. Todos querem solução rápida para a crise. A Globo, detentora dos direitos do Brasileiro, acena com a perda de 10% de torcedores por ano, queda de receita para ela e para os clubes.

Em ano eleitoral, a votação da Lei de Responsabilidade Fiscal causa incertezas entre os clubes. Eles estão no fundo do poço nas finanças, no nível técnico e na falta de craques. Ou se modernizam em todos os sentidos ou em breve veremos muitos que um dia foram grandes fechando as portas. Mesmo com torcidas numerosas.

5520 visitas - Fonte: Superesportes




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