Larissa Isabelle e Ítalo Bragioni têm um amor em comum: o Cruzeiro, que teve papel importante na vida dele após ficar tetraplégico. No último domingo, Larissa realizou um sonho do namorado, levando-o para conhecer o Mineirão na vitória por 3 a 1 sobre o Atlético-GO
"Na hora que ela falou que a gente ia ao jogo, o coração já acelerou, uma emoção que nem sei explicar. Eu nunca tinha visto um jogo da arquibancada." - Chegando lá, com a torcida gritando, um monte de gente, fiquei deslumbrado. É muito diferente de acompanhar na TV. A torcida gritando, o ambiente... Uma emoção que não dá para explicar. Só indo mesmo para poder entender. Ítalo tem 26 anos. Mora com a namorada Larissa, em Igarapé, cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte.
O jovem ficou tetraplégico em 2017, após um acidente de carro que sofreu com a família. A mãe morreu. O pai, a irmã e o amigo da família tiveram apenas lesões leves. Ele cresceu rodeado do amor que o falecido avô, Ivo Bragioni, sentia pelo Cruzeiro, mas os dois não tiveram a oportunidade de realizar o sonho de ver o time do coração diretamente do estádio. O amor pelo clube uniu avô e neto ainda mais após o acidente. - Quando eu era pequeno, meu pai e minha mãe trabalhavam, e como a casa do meu avô era do lado, ele e minha avó me criaram. Desde pequeno a gente ia para para os barzinhos, já que não tinha TV fechada em casa, para assistir todos os jogos. Eu queria ter levado ele - declarou Ítalo, emocionado. "Ele (o avô) ia ficar feliz demais. Ele xingava quando perdia. Depois que o Ítalo sofreu acidente, ele ficava mais deitado, e o avô dele morava no mesmo lote e sempre descia, sentava na poltrona ao lado do Ítalo e eles assistiam os jogos juntos. Por isso o Ítalo tem essa paixão" (contou Larissa).
Depois do acidente, o jovem chegou a achar que não seria possível realizar o desejo de ver o Cruzeiro no estádio. Mas o encontro com Larissa mudou a vida dos dois e, mais uma vez, o time celeste teve papel importante. - Ele não queria fazer nada, e eu sempre colocando pra cima. Ele achava que não era capaz de ir aos lugares, de fazer as coisas. Desde então, já fizemos várias coisas que ele achava que não ia conseguir. Ele queria entrar na piscina, hoje faz aula de natação. Levei para jogar boliche. Ele nunca tinha ido ao cinema, porque achava que não tinha como. Na praia, na academia... foram várias coisas que fui mostrando para ele que tinha como sim e, inclusive, ir ao Mineirão para ver o Cruzeiro. Os dois fazem vídeos para as redes sociais com o intuito de alcançar mais pessoas que tenham deficiência. - Acho que é uma coisa de Deus, porque antes da gente começar a se relacionar eu já me interessava por conteúdos nas redes sociais de cadeirantes tetraplégicos. Antes eu não entendia o porque, mas hoje eu entendo. Quando o Ítalo surgiu e surgiu o sentimento, eu sempre pensava se eu era a pessoa certa e capaz de fazer tudo que ele precisa. Fui pelo sentimento, pelo amor que não sei explicar. Pra mim, ver ele evoluindo e realizando os sonhos dele, pra mim não tem explicação. Explodo de felicidade. De atacante para atacante Ítalo relembra com carinho de quando jogava futebol. Enfrentou, quando garoto, Atlético-MG, Cruzeiro e América-MG. Jogou até na Toca da Raposa e atuava como atacante. E como bom goleador, foi notado por outro centroavante. Rafa Silva, jogador do Cruzeiro, mandou um recado para Ítalo, que se emocionou e agradeceu. - Quero dizer que recebi seu vídeo nas redes sociais, vi a sua história, vi que realizou seu sonho (...). Me emocionei, achei bacana aquele dia. Pena que não pude estar em campo, mas ver o seu vídeo me deu muito mais força para me recuperar e estar em campo para dar alegrias a você, sua família e à torcida - declarou Rafa Silva em vídeo nas redes sociais. - Dos centroavantes que estão no Cruzeiro é o que eu mais identifico. É a posição que eu jogava. É a emoção. Juntou tudo. Só não chorei porque antes do jogo eu chorei, durante o jogo deu vontade de chorar, cheguei em casa e chorei. Aí, ganhei o vídeo e não não aguentava mais chorar - brincou Ítalo.