Francisco Medeiros/ME/Portal da Copa
O Time do Povo e sua gigantesca torcida, disparadamente a maior e mais apaixonada de Minas Gerais, perderam, na madrugada do último sábado, um de seus principais representantes. Com a morte do jornalista Plínio Barreto, aos 93 anos, não só a China Azul, mas a história do futebol de Belo Horizonte ficou órfã do pesquisador, escritor, cronista do jornal “Estado de Minas”, Conselheiro Nato do Cruzeiro e acima de tudo torcedor fanático da Raposa.
Dentre suas obras literárias, destaca principalmente a enciclopédia “De Palestra a Cruzeiro – Uma trajetória de glórias”, em parceria com o filho e também jornalista Luiz Otávio Trópia Barreto, que traça minuciosamente a criação do Maior de Minas e explica claramente as origens do Time do Povo.
Escreveu também “Lagoinha meu amor”, um livro de contos e crônicas sobre o bairro em que nasceu, em Belo Horizonte, em 12 de setembro de 1922, filho de Rosa Marcenaro Bossi, italiana de Gênova, e de Adamastor Barreto, mineiro de Ouro Preto.
Outras obras de Plínio Barreto foram “Futebol no embalo da nostalgia”, sobre a história do futebol mineiro, desde o amadorismo até o primeiro título da Copa Libertadores da América do Cruzeiro, em 1997, e “Vita, Passione e Lavoro de Nicola Calicchio”, sobre a vida de Nicola, vice-presidente do Cruzeiro e imigrante italiano de Morigeratti.
Plínio Barreto era sócio do Cruzeiro desde os anos 50 e conselheiro desde os anos 80. Em 2013, tornou-se conselheiro nato do Clube. A sala de imprensa da Toca da Raposa I leva seu nome desde 1982, durante a gestão do grande amigo e então presidente do Cruzeiro Felício Brandi.
Leia abaixo, trecho do livro “De Palestra a Cruzeiro – Uma trajetória de glórias”, na página 25, com informações precisas sobre a formação notadamente popular do principal clube do estado e um dos mais importantes e vitoriosos de todo o mundo.
“Arregaçando as mangas
O Palestra nasceu como um clube do povo, diferente de seus atuais dois grandes rivais regionais. O América-MG reunia em suas forças representantes da alta sociedade, gente de destaque na política – os Salles de Oliveira, os Ferreira de Carvalho, os Negrão de Lima. No Atlético-MG, figuras não menos destacadas – homens de fraque e cartola – Alfredo Furtado e Leandro Castilho de Moura Costa era exemplos irrefutáveis.
O Palestra era a agremiação dos que arregaçavam as mangas nas indústrias da panificação, nos andaimes das construções civis, nas oficinas de calçados, nas serrarias, marcenarias e serralherias, na condução de carroças. Onde houvesse um setor cuja mão-de-obra – especializada ou não – fazia-se necessária, lá estava um palestrino – italianos e brasileiros – colaborando com o seu trabalho para o progresso da nova capital. Lado a lado, clube e cidade caminhavam rumo ao progresso. Lado a lado arregaçavam as mangas.”