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18/10/2015 07:51

Lembra dele? Autor do gol mais rápido do Brasileirão ensina futebol a crianças

Na data em que a marca completa 26 anos,

Lembra dele? Autor do gol mais rápido do Brasileirão ensina futebol a crianças
Há quatro meses o recordista abriu uma escolinha de futebol (Foto: Lafaete Vaz / GloboEsporte.com)

Quanto tempo um desportista leva para alcançar a glória? O velocista Usain Bolt precisou de 9,58 segundos para bater o recorde mundial nos 100 metros rasos, o nadador César Cielo levou 21,30 segundos para alcançar o ouro nas Olimpíadas de Pequim, nos 50 metros livres. Já o atacante Nivaldo, precisou de apenas 8 segundos para fixar seu nome na história do futebol brasileiro.

Dia 18 de outubro de 1989, Náutico e Atlético-MG se enfrentam no Estádio dos Aflitos pelo Campeonato Brasileiro. O árbitro apita o início da partida. Bizu toca para Augusto lançar rapidamente Nivaldo, que deixa a bola passar por baixo das pernas e dá um chute forte e preciso de fora da área, sem chances para o goleiro Rômulo.

O lance mais importante da carreira do jogador e o gol mais rápido do Campeonato Brasileiro completa 26 anos neste domingo. O tempo passou, o ídolo foi esquecido, superou o vício do alcoolismo e hoje, o recordista sobrevive com menos de um salário mínimo, mas há quatro meses dá aula voluntariamente em uma escolinha de futebol, ensinando crianças a como terem um futuro melhor através do esporte e longe das drogas.

DRAMA E SUPERAÇÃO

O jovem atacante não teve "cabeça" para administrar o sucesso repentino e as noitadas atrapalharam sua passagem pelo Náutico e pelo Cruzeiro. O dinheiro que ganhava era gasto em bebidas alcoólicas, e o pouco que sobrou, serviu para ajudar a um irmão no tratamento de um tumor na cabeça.

Nivaldo se arrepende por não ter escutado a mãe (Foto: Lafaete Vaz / GloboEsporte.com)

- Meu irmão teve um tumor na cabeça e doei parte do que eu tinha para ajudar. Graças a Deus ele está bem. Esse problema com a bebida me levou ao lado errado. Esse é o lado ruim do futebol. Infelizmente não tinha cabeça. Eu era jovem, saindo do interior. Perdi muito. É o único arrependimento que eu tenho, achava que nunca ia chegar na velhice. E foi muito rápido chegar nos 30 anos. Não ouvi minha mãe.

Nivaldo diz que superou o alcoolismo com a ajuda dos amigos e da família. Hoje, dá aula em uma escola municipal e recebe R$ 400. O trabalho na escolinha é voluntário, recebe apenas uma ajuda de custo para comprar material. Ele afirma que não tem uma vida financeiramente confortável, mas se diz feliz com o que tem.

- Não tenho dinheiro, mas sou rico de saúde e alegria junto com minha esposa. Conseguimos há pouco tempo comprar nossa casa própria através de um financiamento. Temos quatro filhos, e um neto. Um deles é jogador e meia-atacante, disputa a segunda divisão do pernambucano pelo Afogados da Ingazeira.

"GOL DE PLACA"

Natural de Catende, cidade da Mata Sul pernambucana, o atacante começou a dar os primeiros passos no futebol em um campinho, localizado atrás de uma usina que leva o nome do município. Há quatros meses, o agora "professor" Nivaldo, hoje com 48 anos, resolveu abrir a escolinha de futebol "Gol de Placa" para ajudar a tirar as crianças e adolescentes do mundo das drogas.

- Passei um período longe do futebol quando parei de jogar. Aí surgiu a oportunidade de criar a escolinha com ajuda do meu irmão. Passo para os meninos que o estudo é muito importante. Se não for jogador, terá uma profissão. Estudo antes, futebol depois. Digo aos meninos que não olhem para as bebidas, para as drogas. Isso não vale a pena. Só o esporte é bom.

Nivaldo agora é treinador de uma escolinha de futebol, em Catende (Foto: Lafaete Vaz / GloboEsporte.com)

O meia-atacante Willyan Oliveira, 16 anos, aluno da escolinha, sonha em um dia ser um grande jogador de futebol e quem sabe, superar o mestre.

- Pra mim é uma honra tê-lo como professor. Aprendi muito com ele, que fez história. É um orgulho ter ele como professor. Eu quero ser um jogador de futebol e fazer história como ele. Se Deus quiser vou jogar em uma grande equipe e bater a marca dele - brinca o meia.

MÁGOA ALVIRRUBRA

Torcedor declarado do Náutico, Nivaldo colocou o escudo da equipe no uniforme da escolinha, além da marca "N7", que criou para representar sua história com a camisa 7 alvirrubra. Mas, o ex-jogador lamenta ter sido "esquecido" pela equipe pernambucana.

Ex-jogador revela tristeza por falta de apoio do clube (Foto: Lafaete Vaz / GloboEsporte.com)

- Sou reconhecido pela torcida do Náutico. Aonde me encontram querem tirar foto. Para mim é um orgulho o reconhecimento do torcedor, mas por outro lado, nunca tive do clube. Nunca me procuraram, não fizeram nada, nenhuma homenagem. A gente que vestiu a camisa com tanto amor por 5 anos. Isso me deixa triste. Mas é levantar a cabeça, os torcedores e amigos lembram, isso dá força. Coloquei o escudo do time na escolinha, mas sem apoio nenhum, só por gostar.

PASSAGEM NA RAPOSA

Após ter sido artilheiro do Campeonato Pernambucano de 1992, com 22 gols, Nivaldo se transferiu para o Cruzeiro, recebendo 300% a mais do que ganhava no Náutico. A missão do atacante era substituir Renato Gaúcho. A passagem pela Raposa foi apagada por causa dos problemas com o álcool. Em 31 partidas, o atacante marcou apenas 10 gols, mas conquistou a Copa do Brasil, título que considera o mais importante da carreira. No time mineiro ele também acompanhou o surgimento de Ronaldo Fenômeno, que já despontava nos treinos e em conversa, fez uma "premonição".

Cinco gols mais rápidos (Foto: GloboEsporte.com)

- Quando cheguei em 93 ele estava na seleção juvenil. Treinava com a gente no profissional. Tive a honra de ter ele como meu reserva. Também morei junto com ele no apartamento. O Ronaldinho era gente fina, rápido, sabia fazer gol e era "cabeça". A gente conversava muito, e ele dizia que era muito novo, mas que sentia que ia estourar.

Depois da Raposa ainda passou por Sport, Ponte Preta, Botafogo-PB entre outros clubes, mas sem o mesmo brilho, até encerrar a carreira com 42 anos, em uma equipe de futebol da cidade natal.

OPORTUNIDADE E SONHO

Nivaldo fez um curso de treinador tem esperança de dar uma vida melhor para a sua família e espera receber uma oportunidade para mostrar o seu trabalho.
- Voltei ao futebol porque ele me deu tudo. Alegrias, tristezas, amizades importantes. Fiz o curso e estou esperando uma oportunidade. Vou torcer para que apareça logo em uma grande equipe para desenvolver o futebol.

Nivaldo recebe o carinho da criançada após o treinamento (Foto: Lafaete Vaz / GloboEsporte.com)

O treinador ainda tem um desejo no mundo do futebol: espera ver uma das suas crianças em um grande time.

- Eu tenho o sonho de ver um dia algum jogador da minha escolinha se tornar profissional, e se possível chegar a jogar em uma grande equipe. Estou passando o que aprendi para tornar eles homens e cidadãos.


1716 visitas - Fonte: Globo Esporte




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