1/10/2015 11:41
O setembro dourado do Cruzeiro
Crianças com câncer se tornaram mascotinhos em jogos do Cruzeiro no mês de setembro, em uma das diversas ações feitas pelo clube
Considerado um dos meses mais pesados no calendário do futebol nacional, setembro foi um tanto especial para o Cruzeiro. Fora de campo, o clube logo anunciou sua participação junto à campanha solidária Setembro Dourado, com ações de mobilização, visando conscientizar a sociedade sobre a importância do diagnóstico precoce e tratamento do câncer infanto-juvenil.
O projeto social do Cruzeiro abrangeu crianças e adolescentes do CAPE – Casa de Acolhida Padre Eustáquio – de Belo Horizonte e, entre as ações, crianças atendidas pela instituição entraram em campo com os atletas celestes nas partidas realizadas no Mineirão, fazendo as vezes de mascotinhos, sempre levando ao gramado, além do sorriso no rosto, balões dourados em formatos de estrela, simbolizando a esperança e superação destes jovens pacientes.
O golaço fora de campo coincidiu com outros gols de placa no âmbito do futebol. É fato: as notícias ruins do Cruzeiro em 2015 parecem ter ficado lá em agosto. Com o time em franca decadência na tabela, foram feitas mudanças emergenciais na diretoria e comissão técnica. Saíram o técnico Vanderlei Luxemburgo e o diretor Isaías Tinoco, e logo entrou Bruno Vicintin na vice-presidência do futebol. Então, as mudanças começaram a surgir.
Logo no primeiro dia de setembro, Mano Menezes foi anunciado como o técnico incumbido da responsabilidade de tirar o Cruzeiro no buraco em que estava se metendo. Dias depois, Deivid foi convidado para fazer parte de uma nova comissão técnica fixa do clube, que mais tarde ganhou o reforço de Rafael Vieira, analista de desempenho que já passou pela seleção brasileira.
Na última semana de setembro, o clube anunciou o promissor e conceituado Thiago Scuro como novo diretor de futebol. Com passagens por Audax e Red Bull Brasil, e cortejado por equipes como Santos e São Paulo (na pessoa do renomado Abílio Diniz), o novo dirigente chega ao Cruzeiro para dar sequência ao projeto de profissionalização que o clube quer implantar daqui para frente, traçando metas mais específicas e elaborando análises criteriosas para se gastar e investir bem o que se arrecada, em época de crise não apenas no futebol, mas na economia do país e do mundo.
Coincidentemente, dentro de campo o Cruzeiro buscou uma reação que parecia cada vez mais improvável na mão de Luxemburgo. Durante setembro, foram disputadas 7 rodadas do Brasileirão. O Cruzeiro fez a melhor campanha da Série A no mês ao lado do virtual campeão Corinthians, time que sobra na competição. No total, cada time fez 14 dos 21 pontos disputados, sendo 4 vitórias, 2 empates e 1 derrota. Os paulistas levam vantagem apenas por um gol no saldo: marcaram 15 e sofreram 7. O ataque cruzeirense teve um gol a menos.
O aproveitamento de 66,66% dos pontos hoje garantiria ao Cruzeiro uma posição consolidada no G-4. Mas, além da frieza dos números, muita coisa rolou em campo e nas arquibancadas.
A torcida celeste despertou e o Mineirão passou a ser o estádio mais legal para se assistir a um jogo no Brasil hoje. Nenhuma torcida tem feito a festa e se dedicado tanto a um time em momentos complicados como a do Cruzeiro tem feito. Ao todo, foram cerca de 130 mil guerreiros nas arquibancadas do Gigante da Pampulha no mês, em muitos momentos se tornando não o 12º, mas sim o 11º jogador da equipe, que tem convivido com as expulsões constantes.
Os gritos entoados nas modernas cadeiras do Mineirão resgatam e muito um espírito antigo que fez do Cruzeiro o Time do Povo, em épocas que o estádio recebia públicos superiores a 100 mil pessoas. Ainda que não caiba toda essa gente mais, o grito que vem do fundo da alma do cruzeirense tem colaborado e muito para que o time se supere cada vez mais dentro de campo.
Tal e qual as crianças e adolescentes do CAPE que lutam sempre por um novo dia para continuar vivendo, o Cruzeiro vem travando sua própria batalha dentro de campo, apoiado pelo seu povo, mostrando que o pulso ainda pulsa e o coração azul, que chegou a sangrar em alguns momentos, voltou a bater forte.
Muitas lutas e provações ainda virão. Mas há de se comemorar o setembro dourado: todos venceram.
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