Jogador que mais vezes vestiu a camisa celeste (655), Fábio já divide opiniões na torcida do Cruzeiro

À medida que os maus resultados no Campeonato Brasileiro se sucedem e as negociações para renovação de contrato de Fábio se arrastam, aumentam os questionamentos sobre a permanência do goleiro no Cruzeiro depois do término do vínculo, em 3 de abril. Jogador que mais vezes vestiu a camisa celeste (655), o nº 1 está no centro das discussões a cada gol sofrido e já divide opiniões na China Azul.

A pressão se intensificou tão logo terminou o jogo contra o Vasco, na noite de quarta-feira, no Mineirão. O time celeste vencia por 2 a 1 até 35min do segundo tempo, quando o atacante Rafael Silva cabeceou bola aparentemente despretensiosa e encobriu Fábio, que se mostrou surpreendido pela trajetória da bola, sem sequer esboçar a defesa. Falha ou infelicidade? A dúvida agitou as redes sociais e mexeu com a torcida celeste.

“A bola foi meio alta e de repente caiu nas minhas costas. Não tinha o que fazer na hora ali, não”, garantiu o goleiro, ainda no Gigante da Pampulha, ao lamentar que mais uma vez a Raposa tenha deixado escapar a vitória no fim, como já havia ocorrido no clássico com o Atlético. “Estamos tomando gols por conta de detalhes, falta de atenção nossa, além, é claro, da felicidade dos jogadores adversários.”

As explicações, porém, não convencem todos os torcedores. O Superesportes promoveu ontem enquete sobre se o Cruzeiro deve renovar o contrato de Fábio. Até as 19h, 58% dos votantes eram a favor da saída do atleta ao fim do atual compromisso. Nos perfis do portal nas redes sociais, a maioria dos comentários indicava o mesmo, ainda que muitos enaltecessem a condição de ídolo eterno do camisa 1.

Para isso, pesa o fato de ele já ter falhado outras vezes neste Brasileiro. Mesmo que tenha salvado a equipe em diversas outras ocasiões, os erros acabam se fixando mais na memória do torcedor, principalmente pela campanha irregular do time, agravada pela persistente ameaça de rebaixamento.

Não é a primeira vez que a rejeição ao goleiro ocorre. Em 2007, parte da torcida se revoltou com ele depois da goleada por 4 a 0 para o Atlético, na primeira partida final do Campeonato Mineiro, quando levou o célebre gol em que caminhava de costas para o chute do atacante Vanderlei. Mas ele recuperou a posição, firmou-se de vez e se transformou em ídolo, conquistando títulos importantes como os dos dois últimos Brasileiros.

Para a diretoria, a posição oficial é de que a confiança em Fábio segue inabalável. Tanto que o clube já lhe fez proposta para a renovação do contrato até o fim de 2018, quando ele já terá 38 anos. Ontem, houve nova rodada de negociações, na qual o representante do jogador, João Sérgio, teria comunicado ao vice-presidente de futebol, Bruno Vicintin, que a contraproposta celeste não foi aceita. E fez nova oferta, a ser levada ao presidente Gilvan de Pinho Tavares.

Os dirigentes acreditam que a contraproposta seja excelente, à altura da condição de ídolo do atleta. Mas, cientes da dificuldade, já começam a admitir perder o goleiro. “Queremos que o Fábio fique, ele é patrimônio, mas temos de olhar os dois lados. Tem de ser uma coisa boa para ambas as partes”, afirmou Vicintin, na segunda-feira.

A novela ainda parece longe de se encerrar. A partir de 3 de outubro, o capitão cruzeirense poderá assinar pré-contrato com outro clube. Ele já teve o nome comentado no Palmeiras e no futebol dos Estados Unidos.

Em meio à pressão da torcida e às negociações para renovar contrato, Fábio se apresentou ontem à tarde, na Toca da Raposa, com os demais jogadores. Enquanto os titulares da linha ficaram nas atividades regenerativas, o goleiro se exercitou em campo com o preparador Robertinho e os demais jogadores da posição.

CINCO DE FORA Para o jogo contra a Chapecoense, domingo, às 18h30, na Arena Condá, Mano Menezes não terá o lateral-direito Ceará, o volante Henrique e o atacante Vinícius Araújo, suspensos pelo terceiro cartão amarelo, além do zagueiro Bruno Rodrigo (pancada no joelho esquerdo) e, mais uma vez, do atacante Leandro Damião (problema no tornozelo esquerdo), vetados pelo departamento médico. Os laterais-esquerdos Mena e Fabrício estão livres de suspensão. Uma opção para o meio-campo pode ser Júlio Baptista, recuperado de cirurgia no joelho direito e desde a semana passada treinando com o grupo.


FALA, CRUZEIRENSE!

VOCÊ RENOVARIA O CONTRATO DE FÁBIO?

Victor Guilherme: “Obrigado por tudo, ídolo Fábio, mas segue teu caminho”.

Jefferson Lacerda: “Fábio, sem dúvida, é um dos maiores goleiros que o Cruzeiro já teve e um dos principais responsáveis pelos títulos de 2013/2014. Fábio, continue no Cruzeiro nos dando glórias como foi até agora. Você merece ser valorizado como ídolo do clube!”.

Walison Oliveira: “Fábio, agradeço tudo que fez, mas o Cruzeiro é maior do que qualquer jogador. Vocês mudam de camisa, torcedor não. Boa sorte e siga sua vida... Felicidades”

André Teixeira: “O maior goleiro que já passou por este clube. Tem de tirar o chapéu, nível Seleção. Pena que foi injustiçado”

Obs.: pelo Facebook do Superesportes

MEMÓRIA

Impasse já é tradição

Dificuldades para renovar contrato de goleiro não são novidade para o Cruzeiro. Embora menos do que agora, o próprio Fábio demorou a acertar sua última reforma, em fevereiro de 2011. Mas os outros dois grandes mitos que conquistaram a torcida celeste na posição também passaram pelo mesmo impasse: Raul, nas décadas de 1960 e 1970, e Dida, nos anos 1990. Em ambos os casos, os dirigentes chegaram a admitir a saída dos ídolos, mas, pressionados pela torcida e conscientes da importância deles, acabavam chegando a acordo. O que não impediu que Raul, já aos 34 anos, se transferisse em 1978 para o Flamengo, onde brilharia até 1983, e Dida deixasse a Toca da Raposa aos 25 anos, em 1999, destacando-se posteriormente no Corinthians e no Milan. Com quase 42, defendeu Portuguesa e Grêmio e atualmente é o segundo reserva do Internacional.