Mano Menezes repetiu o que vem feito no Cruzeiro: linhas baixas, marcando a saída de bola do adversário e apostando na movimentação do trio de frente do 4-1-4-1. Parecia o modo ideal de encarar o Atlético Mineiro, time ofensivo, que abusa do jogo veloz com os laterais e pontas do 4-2-3-1 de Levir.
E foi. Basta ver a imagem abaixo, quase um retrato do primeiro tempo: Galo com os meias por dentro, abrindo o corredor para os laterais (vermelho), que tinham a função de receber e cruzar para Pratto; e o Cruzeiro marcando de forma compacta e intensa, como as linhas em amarelo mostram.
O Cruzeiro contra-atacava e chutou mais ao gol: foram 4 conclusões. O gol saiu num frangasso? Saiu. Mas observe: Willian venceu Leonardo e chutou porque a bola chegou até os zagueiros. Defender bem é deixar a bola longe do gol, assim os beques podem falhar menos - basicamente, é preciso diminuir as chances de errar.
Levir Culpi viu bem o jogo e adicionou mais velocidade com Carlos no lugar de Patric, mantendo o 4-2-3-1 que começou sufocando o Cruzeiro...até a falta de Mena que obrigou Mano a posicionar um 4-4-1 com Willians aberto pela direita (e bem nessa função)
O Galo partiu pro jogo direto: vergonha nenhuma de apressar os toques e jogar na área. Como Levir fala, "dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço", por isso a pressa de jogar a bola na área e esperar alguém vencer. Deu certo quase no último lance, com Carlos. Mas foram 36 cruzamentos para 1 gol, porque do outro lado estava um time que encurtava demais os espaços e fazia essa bola aérea terminar em...chances de contragolpe.
Emocionante foi Victor se redimir do frango e salvar aquele pênalti. Não teria sido injusto o Cruzeiro ganhar. Também não foi injusto o Atlético empatar. Um clássico de muitas emoções e propostas distintas, válidas e bem executadas.
Se não tava dando certo, por que não muda?
O Atlético teve 60% de posse de bola, errou 28 bolas aéreas e precisou de 9 escanteios pra empatar. Se o texto apontou que o Cruzeiro tava fechadinho e tanta troca de passe assim não ia resolver o jogo, por que Levir não pediu para “mudar o jogo” e deixar o Cruzeiro atacar? Simples: adrenalina. O jogo de futebol é tão rico em emoção que não permite tão drásticas mudanças de comportamento assim. Ou até permite, com treino. Mas é difícil.