Estado de Minas e Superesportes promoveram encontro entre dois dos grandes nomes do clássico, e a dupla resgatou histórias de jogos inesquecíveis no Mineirão
Clássico maior do futebol mineiro, este Cruzeiro x Atlético é uma espécie de presente aos 50 anos do Mineirão, celebrados no dia 5. O estádio pode ser comparado a um grande teatro, assim como o gramado a um palco, por onde desfilaram estrelas, ídolos das duas torcidas que fizeram a história deste duelo. Dois desses personagens se encontraram para lembrar o passado, suas façanhas e, revelaram que seguem como amigos, mesmo diante de toda a rivalidade que cercou o confronto ao longo dessas décadas. O camisa 10 celeste Dirceu Lopes e o 9 atleticano Dario estão entre os maiores artilheiros do jogão. São queridos e respeitados pelas duas torcidas. Relembrando as disputas que viveram, eles se transformaram em contadores de história neste reencontro proposto pelo Estado de Minas e pelo Superesportes.
Meu maior jogo
Dirceu Lopes – Foi o 2 a 1 para o Cruzeiro em 1969. O Cruzeiro estava muito desfalcado. Pela primeira vez, não tinha o Tostão, contundido. O Cruzeiro estava desfalcado de seis jogadores. Eu tinha sido dúvida durante toda a semana. Mas acabei liberado. Sofremos um gol, do Dario. No segundo tempo, fiz dois. Ganhamos. Não me esqueço nunca desse jogo.
Dario – O ano foi o mesmo. Havia cinco anos que o Atlético não conseguia ganhar do Cruzeiro. Falei na semana inteira que marcaria dois gols. Até meus companheiros me chamaram a atenção. Mandavam ficar calado. Afinal de contas, iríamos jogar contra Tostão, Dirceu Lopes, Evaldo, Piazza, Natal. Fiz a minha palhaçada e marquei dois gols. Foi demais.”
Rivalidade à parte
Dario – “O Dirceu se tornou meu amigo mesmo foi na Seleção Mineira. Depois, estivemos juntos na Seleção Brasileira. Somos tão amigos que até cortávamos o cabelo no mesmo lugar, na Avenida Afonso Pena, perto da rodoviária. O nome dele era Cidinho. Lembro que lá a gente também mandava fazer roupas, especialmente calças. Tinha uma alfaiataria junto.
Dirceu Lopes – “A gente ficou muito amigo. Na Seleção Brasileira, tinha uma roda de bobo. Só tinha fera: Gérson, Rivellino, Edu, Jairzinho, Marco Antônio, Tostão. O Dario cismava em participar. Quem levasse caneta ficava como bobo até a hora de começar o treino. Eu não o deixava ir sozinho. Quando via que ele estava para levar uma caneta, eu, de propósito, dava um chutão na direção do Jairzinho, do Edu. O Daria não ia ser o bobo.”
Admiração mútua
Dirceu Lopes – “A gente tinha uma preocupação com o time do Atlético como um todo, mas em especial com o Dario. Ele era muito perigoso, era rápido e, ainda por cima, cabeceava bem, subia alto. Além do beque, o Piazza ficava sempre por perto, para cuidar dele. Não podíamos descuidar. Uma bobeira seria fatal, ainda mais se ele saísse na corrida.”
Dario – “Meus ídolos no futebol eram Tostão, Dirceu, Evaldo, Piazza. No jogo em que o Dirceu fez dois gols e virou logo depois, fiquei olhando para ele. Estava admirado. Ele estava acabando com o jogo. Aí, o Vanderlei Paiva me passou uma bola e não vi. Ele reclamou e perguntou o que eu estava fazendo. Respondi: ora, admirando o Dirceu Lopes.”
Eles em campo
Dirceu Lopes – “Eu não pensava em jogar com ele. Nunca tinha pensado nisso. Aí, veio a oportunidade de jogarmos na Seleção Mineira. Foi muito bom. Era um estilo diferente de jogar. O Cruzeiro era cadência. Na Seleção, tinha ele, com característica diferente. Mas era lançá-lo e gol na certa. Gostei de jogar com ele. Além do mais, é um cara humano, puro.”
Dario – “Lembro que naquela Seleção Mineira a torcida era para o Evaldo. E veio o primeiro treino. O Hilton Chaves, o técnico, me colocou no time reserva. Fiz dois gols no primeiro tempo. No segundo, o Hilton trocou, me colocando entre os titulaers. O treino terminou 2 a 2. Marquei mais duas vezes. Só eu fiz gol naquele dia. Lembro que a imprensa era contra eu ser titular. Mas fui e ganhamos do Rio.”
Dupla fantástica
Era ainda o ano de 1969. Minas Gerais, Rio de janeiro e São Paulo disputam um quadrangular. No jogo entre mineiros e cariocas, no Mineirão, Dirceu faz três lançamentos e Dario marca três vezes. O placar terminaria em 4 a 0. O quarto gol foi contra, do lateral-esquerdo Marco Antônio, depois de uma cabeçada de Dadá. Curiosamente, Dirceu Lopes corre para comemorar o primeiro gol junto à torcida do Cruzeiro, que gritava seu nome. Dario, por sua vez, foi para a do Galo, que também o ovacionava. No quarto gol, eles correm para o lado azul do estádio e Dario surpreende, carrega Dirceu, “grato”, como ele mesmo diz. E cada torcida grita o nome de seu ídolo.
Ivan Drummond /Estado de Minas
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