9/9/2015 12:10
Ser ou não ser
Dizem que o prazo de validade da mudança de técnico é de três partidas. Então, esse prazo se encerrará no clássico do próximo domingo, na Toca III, vulgo Mineirão. Será?
Ainda não entendi o que aconteceu domingo pela manhã, no Mineirão, mas algo me diz que não foi apenas a mudança de técnico. Nem o mais otimista apostaria num resultado tão dilatado. Senti alívio nos jogadores e na torcida, como se estivéssemos lavando a alma de alguma coisa que estava atrapalhando muito o nosso time.
Era como se estivéssemos arrastando uma âncora. Não adianta falar de boicote dos jogadores ou partidas contra adversários mais difíceis. Temos uma tendência de culpar os outros por nossas deficiências, pois o reconhecimento do próprio erro é sempre mais dolorido. O Kaká, que agora está jogando nos EUA, deu uma entrevista esta semana dizendo: “Já fiz parte de grandes times com grandes jogadores que não ganharam nada”. O que precisamos agora é de um time equilibrado, e não de jogadores isolados. Precisamos de harmonia e pensamento na mesma direção. Já acabaram as janelas de negociação. Não existe mais motivo para dispersão. A torcida fez o seu papel, foi a campo e os jogadores responderam muito bem.
Chegamos ao fim de todas as dúvidas e angústias, encontramos um caminho para a crise de identidade, não estamos mais iludidos ou fingindo que temos a mesma equipe do ano passado. A frase “ser ou não ser, eis a questão”, do clássico Hamlet, de Shakespeare, não está mais fazendo sentido para nós. Temos um caminho a ser trilhado, mas sem sofrimentos, apenas com desafios a ser alcançados. Não precisamos do medo, precisamos do riso, da ousadia e da confiança. Quando vejo o Mano Menezes dizer que precisa das categorias de base, fico muito feliz. O nosso futuro está na Toca I. A metralhadora giratória de contratações deste ano não foi eficiente como os mocinhos em filme de ação que não erram um tiro. Desperdiçamos quase todos os tiros.
Este não é o campeonato dos grandes nomes, e sim dos grandes times. O que estão funcionando são a estatística e a eficiência tática. As excessivas reclamações contra os juízes só estão acontecendo porque os resultados estão apertados. Goleadas como a de domingo são raras. É claro que os nossos rivais regionais adoram reclamar, pois nunca são ajudados, sempre são os prejudicados.
Dizem que o prazo de validade da mudança de técnico é de três partidas. Então, esse prazo se encerrará no clássico do próximo domingo, na Toca III, vulgo Mineirão. Será?
Eu gostaria de entender um pouco mais da essência humana e ter o dom de mudar a vontade de um grupo, como o que vimos domingo. Sempre digo que não gosto de saber o que ocorre fora das quatro linhas, para experimentar sensações como a de surpresa com o resultado de domingo. Ver o Willian Bigode (foto) sorrindo depois de quatro gols marcados e pedindo música no Fantástico foi sensacional. Lavamos a alma. Que venha Flamengo, o time do Bairro de Lourdes e qualquer outro. Agora, a história mudou. Até onde podemos chegar, não sei, mas tenho certeza de que cair para a Série B jamais será o nosso destino.
786 visitas - Fonte: superesportes