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8/9/2015 08:18

Bruno Vicintin fala sobre presente e futuro do Cruzeiro

Bruno Vicintin fala sobre presente e futuro do Cruzeiro
Bruno Vicintin diz que Mano Menezes foi o único treinador procurado pelo Cruzeiro: "precisávamos de alguém que passasse tranquilidade"

Há exatamente uma semana, o presidente Gilvan de Pinho Tavares concedia uma entrevista coletiva na Toca da Raposa 2 para apresentar aquele que, para muitos, desponta como um dos grandes reforços da conturbada temporada de 2015.


E não se tratava de nenhum jogador. Mas sim Bruno Vicintin, empresário de 38 anos, dez deles dedicados formalmente ao clube, fora tantos outros na condição de torcedor de ir para a arquibancada de forma religiosa. Em seu terceiro mandato como conselheiro, Vicintin ocupou a superintendência das categorias de base do clube celeste nos últimos três anos e recebeu a importante missão de reestruturar o departamento de futebol profissional do clube, em um momento de constantes mudanças.


Seu primeiro ato enquanto novo vice-presidente de futebol do Cruzeiro foi concretizar a vinda de Mano Menezes, em negociação fechada em menos de 24 horas após a queda de Vanderlei Luxemburgo. Na mesma semana, conseguiu convencer Deivid, até então auxiliar de Luxa, a permanecer no clube para comandar uma espécie de comissão técnica fixa.


As duas primeiras mudanças fazem parte de uma minuciosa reestruturação no Cruzeiro, que quer formar uma forte equipe de profissionais que atuem fora das quatro linhas, para dar base a um projeto de longo prazo que, dentro de campo, será comandado por Mano Menezes.


Em entrevista exclusiva ao Trem Azul, Bruno Vicintin revela como sua vida virou de ponta-cabeça na última semana, fala da necessidade do Cruzeiro sair da situação atual incômoda e dos planos de profissionalização do clube daqui pra frente.


Muito se comentou que, na segunda-feira da semana passada (31 de agosto), o presidente Gilvan de Pinho Tavares teria montado uma espécie de comissão informal com pessoas próximas a ele, para que fossem debatidas as possíveis decisões importantes que mais tarde se tornariam públicas. Até que ponto isso é verdade?
Bruno Vicintin: Na verdade, o presidente não chegou a formar uma comissão de pessoas próximas para tomar decisão. Ele continua soberano e tomando as decisões necessárias para o clube. O que aconteceu foi que um grupo de conselheiros e pessoas influentes foram prestar solidariedade a ele [Gilvan], que estava muito chateado com a situação do clube. Ele chegou a cogitar nesta reunião a hipótese de se afastar. Nós pedimos para que ele não se afastasse, afinal ele é um dos maiores presidentes da história do Cruzeiro. Ninguém ganhou em três anos o que o Gilvan ganhou. Nós pontuamos que mudanças eram necessárias, mas que a torcida não o odeia, e sim o admira. Na reunião [que aconteceu por volta do meio-dia], o Gilvan nos disse que provavelmente demitiria o Isaías Tinoco e o Vanderlei Luxemburgo naquela tarde. Ele pediu para que esperássemos e mantivéssemos sigilo, pois ele mesmo gostaria de dar a notícia diretamente para ambos.


Como foi o convite para você assumir a vice-presidência de futebol e o que isso significa para você como um cruzeirense, que acostumava a assistir jogos na arquibancada?
BV: Nessa reunião, dois conselheiros sugeriram ao Gilvan que ele me colocasse como vice de futebol. Eu não pedi nada. De princípio, ele não disse nem ‘sim’, nem ‘não’. Eu também fiquei meio constrangido e até desconversei o assunto. Depois, por volta das seis da tarde, o Dr. Gilvan me ligou fazendo o convite para ser vice de futebol, me disse que precisava da minha ajuda e perguntou se eu estava disposto. Eu o respondi que estava muito feliz e que a responsabilidade era muito grande, mas primeiro eu teria que ver com meu pai, afinal tocamos as empresas da família juntos, e também com minha família, porque sei que é uma decisão que mudaria a vida deles, não só a minha. Apesar de ser uma honra, é um sacrifício e um desafio muito grande, afinal estamos no meio da tabela ainda, em situação desconfortável. Eu só quis ter o cuidado de não fazer minha família sofrer com a decisão que eu tomasse, principalmente por amor ao clube. Mas ponderei com todos e recebi o apoio deles.


Vocês agiram rápido e fecharam com o Mano Menezes em menos de 24 horas após a queda do Luxemburgo. Quais foram os pontos principais para a escolha por este treinador?
BV: Pelo momento que o Cruzeiro vivia e ainda vive, a gente teria que tomar uma decisão rápida. Não havia muitos nomes no mercado e achávamos, o presidente e eu, que o Cruzeiro precisava de um nome de peso e que passasse tranquilidade para a torcida, porque o Cruzeiro precisa antes de tudo de tranquilidade para sair desse momento difícil. E o nome do Mano foi a primeira opção. Foi o único treinador que eu fiz contato. Naquela noite mesmo entrei em contato com o Mano. Foi um bom bate-papo, como se fosse uma entrevista, falando do que eu penso sobre futebol, o que eu penso do Cruzeiro para o futuro, o que ele pensava, como a gente pretende formar um grupo, como gastar o dinheiro do clube, porque o dinheiro tem que ser bem gasto, não pode ser torrado. Ele me disse que estava há 7 meses parado, que estava esperando um projeto e que ele acreditava que a hora havia chegado. Que o Cruzeiro era um projeto para ele e que nosso grupo não era pra estar naquela situação, mas que havia ainda tempo para uma reviravolta em termos de recuperação. O que ele pediu foi um contrato a longo prazo, pois a ideia dele é fazer um trabalho por mais tempo. E essa era nossa intenção também.


A reestruturação do futebol profissional agora passa pela sua mão. Você tem pressa em efetivar um novo diretor/gerente de futebol?
BV: A reestruturação é uma determinação do presidente, que seja completa no futebol, do qual eu faço parte e sou o primeiro nome. Conseguimos trazer o Mano e sua comissão técnica e em seguida convencemos o Deivid para fazer parte e ficar como auxiliar fixo no clube. Ainda temos cargos a preencher. A prioridade agora é formar uma equipe forte de profissionais gabaritados, do nível do Cruzeiro. Minha prioridade hoje é contratar um diretor de futebol, mas temos outros cargos em aberto como a gerência de futebol [antes ocupada por Valdir Barbosa] e a superintendência das categorias de base [cargo deixado pelo próprio Vicintin]. O que pedi ao presidente é que, antes de formarmos a equipe dentro de campo, precisamos fazer uma forte fora dele. O Cruzeiro possui várias áreas nas quais ele é excelência, como fisiologia, fisioterapia, análise de desempenho, onde temos um ótimo analista, mas precisamos investir em softwares, por exemplo. A intenção do Gilvan é profissionalizar o Cruzeiro ainda mais nesse sentido e tive o privilégio de ser esse primeiro nome para ajudar a coordenar essas mudanças.


Você fez uma dobradinha de sucesso com o Klauss Câmara nas categorias de base. E ele, que é considerado um dos mais conceituados diretores de base do Brasil, foi uma das apostas suas. Ele seria um dos nomes para integrar essa nova diretoria de futebol profissional do clube?
BV: Para mim, ele é um dos três melhores diretores de base do Brasil. Uma pessoa da minha total confiança. Acho que todos dentro do Cruzeiro precisam buscar um crescimento. No caso dele, ainda teriam cargos na hierarquia do clube para se chegar à diretoria de futebol. Porém, é um nome capacitado, é uma pessoa de dentro do clube, da casa. O pai dele é sócio do Cruzeiro há muitos anos. O Klauss é um cara que fez carreira fora daqui para voltar para o clube. Ainda estou pensando. Tenho uma reunião hoje com o presidente, vamos ver quais serão os próximos passos para colocar pessoas capacitadas no organograma do clube, para ajudar a tirar o Cruzeiro dessa situação e recolocá-lo onde ele merece.


Além dos resultados positivos nas duas últimas rodadas, fica a impressão que o ambiente entre os jogadores melhorou. O time parece estar mais confiante. Você, que também chegou agora e está mais perto do grupo, nota essa mudança de ares?
BV: Não posso falar muito sobre mudança de ambiente porque não vivenciei o ambiente anterior. Já cheguei no jogo da Ponte Preta quando o Deivid estava comandando a equipe e o Mano já havia sido contratado. Mas o que posso dizer é que o clima está bom, os jogadores estão focados e sabem do desafio. Eles sabem que o Cruzeiro está em um lugar que não era para estar e que precisamos sair dessa posição na tabela o mais rápido possível.


Após o jogo contra o Figueirense, o técnico Mano Menezes citou a importância das categorias de base para a formação de equipes hoje em dia no Brasil. Você, que também vem da base, o que pensa dos trabalhos feitos atualmente e como enxerga o aproveitamento de jogadores jovens em um momento complicado como o atual?
BV: Acho que nesse momento atual temos que acreditar nos atletas mais experientes do grupo e tomarmos cuidado para não queimar a transição de atletas. Temos jogadores de qualidade. Esse ano subiram o Judivan, Bruno Edgar, Marcos Vinícius e Allano. São quatro jogadores que considero de muita qualidade e temos de ter cuidado com a transição, que sempre deve ser bem feita.
O que eu e o Mano conversamos antes mesmo dele ser contratado é que a saída de todos os clubes grandes do Brasil hoje é ter uma divisão de base forte, subindo um fluxo contínuo de atletas de qualidade todos os anos, para que os clubes sejam viáveis economicamente, tanto aumentando os ativos e o patrimônio, como ao mesmo tempo diminuindo a folha. Penso que o Cruzeiro precisa gastar dinheiro com jogadores que venham para resolver, não apenas para compor grupo.


Entre suas diversas apostas nas categorias de base, um caso emblemático é o do Allano, que vem tendo uma temporada bastante movimentada. O que você particularmente tem achado dele no profissional?
BV: Acho que recentemente ele foi muito bem no jogo contra a Ponte Preta e também contra o Figueirense. Ele vem evoluindo bem, tem um potencial enorme. Com a cabeça no lugar, vai longe. Todos os três técnicos que passaram pelo Cruzeiro neste ano admiram o futebol dele. Marcelo, Luxemburgo e agora o Mano vêm nele um grande potencial. Agora ele tem que seguir evoluindo.


Um dos assuntos extra-campo em pauta é a renovação do goleiro Fábio. Em que pé andam as negociações?
BV: Ele fez uma proposta à diretoria, ainda na época do Tinoco, e o Cruzeiro fez uma contraproposta. Até pelo momento que o clube vem vivendo, e ele por ser um grande ídolo, é bastante complicado negociar nesta situação. É complicado para o clube e para ele, fica ruim para os dois lados. Foi um pedido dele para que parássemos a negociação, para que não ficasse uma coisa via imprensa, e passasse a ser algo feito com calma, sem alarde, que o Cruzeiro evoluísse, para que em seguida ele estude com calma a proposta do clube e faça outra contraproposta se for o caso. Tive um primeiro contato com o João Sérgio, empresário dele, e provavelmente na próxima semana devemos retomar as conversas. Ainda não falei diretamente com o Fábio sobre isso, mas tanto ele como ídolo e nós do clube estamos totalmente concentrados primeiro em tirar o Cruzeiro da situação atual.


Parece que aos poucos as coisas estão se ajeitando fora e também dentro de campo. A torcida voltou a abraçar o time, tanto que domingo foram cerca de 40 mil cruzeirenses ao Mineirão. Qual a mensagem você deixa ao torcedor, que vira e mexe fazia campanha para que você integrasse a diretoria do futebol profissional do clube e recebeu com certa surpresa esta notícia semana passada?
BV: Quero agradecer de coração a todos. Não tenho palavras para expressar minha felicidade com o número de mensagens que tenho recebido de gente que nem conheço. As pessoas me param na rua para desejar boa sorte. Com certeza não mereço esse carinho todo. Espero fazer por merecer, ajudar, contribuir. Ajudar as pessoas boas do clube a terem um bom futuro. Temos que retomar a alegria da torcida. Nada deixa nós do clube mais felizes do que ver o torcedor feliz. O Cruzeiro é o time de maior torcida e de mais títulos em Minas Gerais, o time do coração da grande maioria dos mineiros, com torcedores pelo mundo todo. Temos que fazer por onde. Conseguimos duas vitórias importantes, mas ainda não saímos do buraco. Precisamos ter humildade em saber que o caminho ainda é longo. Mas é muito bonito ver que, quando o Cruzeiro sempre precisou, os cruzeirenses levantaram o clube. Quando o presidente me fez o convite, mesmo sendo apaixonado e amando a instituição, eu pensei muito, com medo disso influenciar na rotina da minha família. Mas acho que eu tinha que deixar um exemplo para os meus filhos de lutar pelo o que a gente ama, pelo bem das instituições e de pessoas que a gente gosta. Agora precisamos fazer por merecer e retribuir todo esse carinho que vem da torcida. Quero agradecer também ao presidente Gilvan pelo carinho e pela dedicação ao clube e por ter me dado a oportunidade de ocupar esse cargo, que é de muita honra, mas também de muita responsabilidade. Ele e a família dele não mereciam passar pelo que estavam passando. Espero poder retribuir a confiança e ajudar.

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