Isaías Tinoco, diretor de futebol do Cruzeiro, deixa Mineirão sob vaias (Foto: Gabriel Duarte)
Escolta da polícia, barreiras físicas para impedir que “estranhos” entrassem no espaço destinado ao ônibus, presidente, diretores e jogadores cabisbaixos com semblante de preocupação e poucas palavras. Essa foi a situação do Cruzeiro, após a derrota por 1 a 0 para o Santos, neste domingo. O resultado negativo fez a equipe conviver novamente com os protestos da torcida. Após a partida, não faltaram hostilizações ao presidente do clube, Gilvan de Pinho Tavares, ao técnico Vanderlei Luxemburgo e a alguns jogadores. Menos um ano depois de estar nas graças da torcida, o Cruzeiro vive outra realidade. Está na luta contra o rebaixamento – tem 22 pontos e está empatado na pontuação com o Goiás, primeiro dentro do Z-4, que tem uma vitória a menos que a Raposa.
Impedido de manter contato por barreiras físicas móveis, colocadas antes do ônibus do Cruzeiro estacionado, um pequeno grupo de cruzeirenses fez barulho. A Polícia Militar, assim como ocorreu na eliminação na Copa do Brasil, na última quarta-feira, estava presente, já que faria a escolta do time até a Toca da Raposa.
O ápice das manifestações ocorreu quando o técnico Vanderlei Luxemburgo e o diretor de futebol do clube, Isaías Tinoco, saíram do vestiário em direção ao ônibus. Os torcedores gritaram "adeus, Luxa" e depois "vai embora". Antes haviam gritado: "Tinoco, seu pipoqueiro, quem é você para mandar no meu Cruzeiro". O primeiro a sentir a ira foi o presidente do clube, Gilvan de Pinho Tavares, que deixou o estádio em um carro particular. Acompanhando de alguns seguranças do clube, o dirigente foi interpelado pela imprensa, mas preferiu não conceder nenhuma declaração após a derrota para o Santos.
Depois foi a vez dos jogadores. Todos eles estavam com um semblante cabisbaixo, demonstrando que o momento não é bom - a equipe não vence há seis jogos na temporada. Muitos deles saíram em carros particulares, mesmo com o ônibus do clube à disposição - fato que ocorre costumeiramente no estádio. Quem entrou no campo de visão dos manifestantes era alvo de vaias e xingamentos. Alguns atletas tiveram de ouvir que não eram jogadores para atuar no Cruzeiro, segundo o grupo de torcedores. O goleiro Fábio, capitão do time, foi um dos únicos que foram poupados do protesto.
- Tem que apoiar o tempo todo, a gente sabe da situação, do que o torcedor queria para a temporada. Mas, infelizmente, as coisas não fluíram como a gente esperava. Mas não adianta ficar analisando as coisas. Temos que unir para sair dessa situação - disse o goleiro cruzeirense.
Quando o ônibus deixou o estádio, a manifestação havia acabado. Mesmo assim, a delegação seguiu acompanhada pela Polícia Militar. A situação semelhante ocorreu na última quarta, também. O Cruzeiro não vence há quatro jogos no Campeonato Brasileiro, e seis na temporada (dois deles pela Copa do Brasil).
Jogadores do Cruzeiro saem em carros particulares do Mineirão (Foto: Gabriel Duarte)
Para não correr risco de entrar na zona do rebaixamento do Campeonato Brasileiro, na próxima rodada, o Cruzeiro precisa da vitória sobre a Ponte Preta, às 19h30 (de Brasília), no Moisés Lucarelli, em Campinas. O técnico Vanderlei Luxemburgo não terá os laterais Mena (convocado para a seleção chilena), Fabrício (expulso), Arrascaeta (estará na seleção uruguaia), Alisson (chamado para a seleção brasileira olímpica) e Marinho (suspenso pelo terceiro cartão amarelo).