Insatisfeitos com a campanha do time no Brasileiro, cruzeirenses também ficaram indignados pelo fato de os jogadores não terem passado pelo saguão, no desembarque

Se em campo os jogadores do Cruzeiro driblassem os adversários com a mesma eficiência como fizeram com a torcida e a imprensa ontem à tarde, no aeroporto de Confins, o time certamente estaria mais bem classificado no Campeonato Brasileiro. O desembarque, após a vexatória derrota por 3 a 0 para o Joinville, na quinta-feira à noite, em Joinville, ocorreu no horário previsto, 15h15. Cerca de 30 torcedores estavam no saguão do aeroporto, bem como policias e seguranças do clube. Mas nenhum jogador apareceu – todos saíram pela área interna, embarcando diretamente no ônibus celeste. Eles seguiram para a Toca da Raposa e de lá foram liberados, já que não havia atividade programada pela comissão técnica.

Segundo o clube, a decisão foi da empresa que administra o aeroporto, por motivo de segurança, apesar do pequeno número de torcedores no saguão. O avião pousou longe dos fingers, e a delegação embarcou num ônibus interno na pista que a levou para o veículo do Cruzeiro, em determinado ponto do aeroporto. Estranhamente, não havia parentes ou amigos de jogadores aguardando por eles no saguão, como ocorre quando eles são liberados ao retornar a Belo Horizonte.

A atitude revoltou ainda mais os torcedores, que já vinham protestando nas redes sociais. “Não são homens para dar explicação para a torcida. O time não dá sangue em campo e não tem explicação para perder de três para o Joinville”, afirmou Gabriel de Oliveira. “A diretoria chama a torcida para encher o estádio e agora corre da gente”, reclamou Amauri Eduardo. Também houve gritos de “Time sem vergonha” e contra o presidente do clube, Gilvan de Pinho Tavares.

Vanderlei Luxemburgo não soube explicar a atuação tão apática da equipe diante do Joinville. Logo após a partida, apenas a definiu como a pior sob o seu comando: “Nós erramos. Tivemos um jogo muito abaixo do que podemos produzir”.

Quanto à escalação, Luxemburgo tentou justificar suas opções com os próximos jogos do time. Segundo ele, o chileno Mena (que, depois da Copa América, atuou apenas contra Sport e Palmeiras) reclama de cansaço muscular e foi poupado para enfrentar o Internacional, amanhã, às 16h, no Mineirão, na última rodada do turno – Fabrício não poderá atuar por causa de acordo entre as diretorias, quando da transferência do jogador. Outra situação citada pelo treinador é que o atacante Marinho não pode jogar na Copa do Brasil, já que atuou pelo Ceará, e estará de fora do confronto com o Palmeiras, quarta-feira, em São Paulo.

O técnico do Cruzeiro não admite falar em fase ruim de alguns jogadores: “Nos dois últimos jogos (contra Sport e Palmeiras), ninguém falou em momento ruim. O Cruzeiro estava evoluindo. Foi um mau momento do time, que jogou muito mal. Não simplesmente um ou outro jogador”. Quanto às falhas nas bolas paradas, Luxemburgo também responsabilizou o “jogo atípico”: “Não tomamos gols de bolas paradas. Estávamos totalmente fora da sintonia que estamos acostumados”.

O grupo volta à Toca hoje à tarde, para a única atividade antes da partida contra o Colorado. Luxemburgo antecipou que o argentino Ariel Cabral será relacionado, mas não garantiu que ele começará jogando.

Desespero Três jogos abrem hoje a 19ª rodada.Vasco e Coritiba fazem um duelo de desesperados às 18h30, no Maracanã. Enquanto o Coxa busca a vitória para sair da zona de rebaixamento, o time cruz-maltino, com Celso Roth na berlinda, tenta deixar a última colocação. Nova derrota deve decretar a demissão do treinador. No mesmo horário, o Atlético-PR recebe o Santos. Às 21h, o São Paulo enfrenta o Goiás, no Morumbi, sem o atacante Luís Fabiano, que sofreu um corte no pé – ele deve dar lugar a Centurión. No meio-campo, é certa a volta de Michel Bastos, poupado no meio de semana.


Jogo dos sete erros
1) O zagueiro Leo foi mantido improvisado, mesmo com Mayke à disposição. O lateral havia atuado bem contra o Sport e seria uma boa opção para saída de bola e chegada ao ataque.

2) A atuação de Fabrício no meio-campo diante do Palmeiras surpreendeu e foi elogiada. Mesmo assim, Charles voltou ao time apenas para desarmar e tentar chutes de longe, sem sucesso.

3) As modificações durante a partida não deram resultado. A formação com Willian, De Arrrascaeta e Leandro Damião já havia se mostrado ineficaz em jogos anteriores. Gabriel Xavier não estava nem no banco.

4) Mesmo vindo de dois bons resultados, a equipe não manteve a determinação. Foi um time desinteressado e apático.

5) Mais uma vez, faltaram criatividade no meio-campo e opção de jogadas pelas laterais, praticamente anulando o poder ofensivo da equipe. Erros de passe e falta de velocidade também contribuíram para o mau desempenho.

6) Deficiência nas bolas aéreas, antes um do ponto forte da equipe. O time não conseguiu anular essas jogadas do adversário nem aproveitá-las no ataque.

7) O goleiro Fábio voltou a falhar em cobrança de falta, uma deficiência recorrente. Foi o quarto gol sofrido desta forma por ele neste Brasileiro.

As marcas da derrota
1) O Cruzeiro completou seis jogos sem marcar gol fora de casa, todos sob o comando de Vanderlei Luxemburgo: Coritiba, Grêmio, Fluminense, São Paulo, Sport e Joinville.

2) A Raposa continua sem vencer um time catarinense neste Brasileiro: em casa, perdeu para a Chapecoense e empatou com o Avaí; fora, foi derrotado por Figueirense e Joinville.

3) A equipe sofreu três gols numa mesma partida pela primeira vez neste Brasileiro. Também foi a primeira vez que o Joinville marcou três vezes num mesmo jogo.

4) O Cruzeiro foi derrotado pela primeira vez na história para o Joinville – antes, eram seis jogos, com três vitórias e três empates.