Argentino Ariel Cabral participou de treino coletivo na Toca da Raposa II (Foto: Maurício Paulucci)
Vamos começar pelo nome. Cabral não quer ser chamado de Cabral. Ele quer ser Ariel, como era conhecido na Argentina. O jogador completa uma semana em Belo Horizonte nesta terça-feira. Como não foi regularizado na CBF, ainda não pode entrar em campo. Em pouco tempo de convívio com os companheiros, é possível notar alguns traços da personalidade e das características de jogo do meia.
A adaptação a outro país nunca é fácil. Mas Ariel, que vai usar a camisa número 40, conta com a ajuda de outros gringos do Cruzeiro para conhecer um pouco mais de Belo Horizonte. Nos primeiros dias, o argentino se aproximou muito do chileno Mena e do uruguaio Arrascaeta, com longas conversas em espanhol. O jovem meia, que foi decisivo no último jogo contra o Palmeiras, revela que fora de campo dá algumas dicas - especialmente no campo da culinária - que podem agradar ao novo reforço celeste.
- A picanha daqui é muito boa - garante o uruguaio.
Arrascaeta tem ajudado o companheiro como pode. Ambos estão morando próximos, e o uruguaio também auxilia como um guia, contando onde são os restaurantes, supermercados, farmácias e etc., que Ariel deve procurar.
- Falo sobre como é o grupo, da casa onde vai viver, o que tem perto. Depois, creio que ele vai ajudar muito a equipe - conta Arrascaeta.
Em campo
Ariel corre para lá, corre para cá. No primeiro coletivo no Cruzeiro, nesta segunda-feira, o argentino mostrou que os quatro meses sem jogar não afetaram seu fôlego. O último jogo oficial pelo Vélez Sarsfield foi no final de março. Em um momento do treino, deu quatro piques, de ida e volta no campo, e não esboçou um sinal de aparente cansaço. O ritmo de jogo parece ser algo que ele precisa melhorar. O tempo de bola, domínio e precisão nos passes – em função da falta de entrosamento com os companheiros – ainda podem evoluir.
Meia Ariel Cabral exibe tatuagem de uma rosa no braço direito (Foto: Pedro Vilela/Light Press)
O grandalhão, de 1,87m, é o jogador mais alto do meio-campo do Cruzeiro. Para fazer uma comparação, Ariel é cinco centímetros maior que Júlio Baptista, meia que se recupera de cirurgia no joelho. O jeitão meio desengonçado esconde a habilidade com os pés. Nesse primeiro treinamento, o argentino mostrou que que tem técnica quando tem a posse de bola. Em alguns lances ele parou, dominou, driblou e buscou a melhor opção de passe.
"Cara tranquilo"
O meia Alisson destacou uma característica que observou no novo companheiro: a tranquilidade.
- Deu para ver que é um cara bastante tranquilo. O pessoal recebeu ele muito bem aqui dentro. Vimos ali que é um jogador com uma boa técnica e, com certeza, vai nos ajudar muito no decorrer da temporada, no Brasileiro e na Copa do Brasil.
No primeiro coletivo no Cruzeiro, Ariel atuou pelo lado esquerdo, com uma função bem parecida com aquela que Fabrício jogou na partida contra o Palmeiras, no Mineirão. Em alguns momentos, o argentino canhoto chegou a acompanhar o ponta do adversário, que no treinamento foi o Willian "Bigode". Com boa técnica, Ariel mostrou que atua bem na distribuição de jogo e que, sempre que pode, vai à área para disputar de cabeça.
Campo ilustra posicionamento de Cabral no primeiro coletivo dele pelo Cruzeiro (Foto: GloboEsporte.com)
O jogador do Cruzeiro é muito amigo de Lucas Pratto, centroavante do Atlético-MG. É possível notar algumas semelhanças com o artilheiro do Galo. O braço cheio de tatuagens é uma delas. No antebraço direito, um conjunto de estrelas que forma, em um dos pontos, a constelação Cruzeiro do Sul. Uma coincidência interessante. No outro antebraço, uma arte com rosas e um relógio com números romanos, além de uma frase em espanhol de uma letra de música de rock.