4/8/2015 11:37
Luxa vê a tendência, mas ainda não a enxergou direito
Apesar dos argumentos perigosos, Luxemburgo parece estar encontrando um novo caminho para fazer o Cruzeiro jogar
Como sempre, Paulo Calçade foi muito feliz em seu comentário pós-jogo no Bate-Bola de domingo, quando analisou de uma maneira geral a proposta do 4-3-3 que Vanderlei Luxemburgo rascunhou para o Cruzeiro na partida contra o Sport, no Recife. O resultado foi bom, pelo contexto atual das duas equipes. E pode ser até considerado “ruim” pelo desempenho sutilmente superior dos celestes sobre o ótimo time de Eduardo Baptista, talvez o mais equilibrado do campeonato.
Só que Luxemburgo passou a semana toda tentando justificar a escolha por três volantes e três atacantes na formação, sem a presença do tradicional articulador de jogadas, que o Cruzeiro em tese não tem, como a maioria dos times daqui. As explicações do treinador celeste continuaram após a partida e o discurso se repete em diversos momentos, como quando ainda era treinador do Flamengo, onde, sem sucesso, tentou emplacar o mesmo esquema e proposta de jogo no início desta temporada.
Luxemburgo faz uma comparação batida e perigosa ao defender que está atualizado com a tendência do futebol mundial, citando equipes como Barcelona, Bayern de Munique e até a seleção alemã campeã do mundo. "O futebol hoje se joga assim", insiste. O treinador celeste pode até estar vendo a tendência, mas não está enxergando a coisa em seu todo. E existe uma baita diferença entre ver e enxergar as coisas.
Em texto publicado há pouco mais de dois meses, nos derradeiros dias de Luxa no Flamengo, o companheiro de ESPN FC Matheus Meyohas, do blog rubro-negro Deixou Chegar, citou a falta de efetividade do esquema 4-3-3 adotado pelo treinador, destacando que os três volantes, além de jogarem longe do ataque, não tinham qualidade e dinamismo suficientes para fazer esse jogo fluir.
Recorto a seguir dois trechos do texto do Matheus, de 22 de maio de 2015, para vermos que qualquer coincidência não é mera semelhança.
(1) “O que acontece é que o isolamento do setor ofensivo cria um buraco entre o ataque e a defesa do Flamengo. (...) Uma coisa é jogar com três volantes que sabem sair para o jogo e trocam passes entre si para criar jogadas. A outra é ter Jonas e Almir formando o meio-campo ao lado de Canteros”.
(2) “Sem qualidade para sair jogando, Jonas não consegue participar das trocas de passes do ataque. Almir é peça nula, servindo apenas para dar passes para trás e cobrar mal escanteios e faltas laterais. Sobra para Canteros a missão de criar as jogadas do time. Como joga muito afastado dos atacantes, o volante é obrigado a fazer passes mais longos e, por natureza, menos precisos. Seus passes curtos e triangulações deixam de ser produtivos para o ataque, que está longe”.
Em março deste ano, após vencer o Tigres pelo Campeonato Carioca, quando optou por este "esquema tendência" com três volantes e três atacantes, Luxemburgo voltou a citar o sucesso de outros esquadrões campeões mundo afora. "Hoje joguei com dois atacantes de lado, um mais fixo, três volantes que saem para o jogo. A Alemanha jogou assim na Copa", enfatizou.
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