Derrota na Argentina deixou o Cruzeiro em situação complicada (Foto: Juan Roncoroni / EFE)
O Cruzeiro acabou derrotado pelo Huracán, por 3 a 1, e teve que adiar para a última rodada a desejada classificação para as oitavas de final da Libertadores. Mas se em campo pouca coisa deu certo, fora dele há o que se comemorar, pelo menos com relação ao trabalho em conjunto realizado pela comissão técnica e o departamento de fisiologia. Nesta primeira etapa de uma verdadeira maratona que a equipe vem enfrentando, e que só vai se encerrar na próxima terça-feira, o planejamento teve êxito, já que ninguém saiu lesionado de campo ou se queixou de dores após a partida.
O fisiologista do Cruzeiro, Eduardo Pimenta, explicou que foi feito todo um planejamento para esses dias de muitos jogos e pouco tempo de recuperação. O trabalho começou antes mesmo da partida de domingo, frente ao Atlético-MG, e só deve ser encerrado depois da próxima terça, quando a Raposa enfrenta o Universitario, de Sucre, no Mineirão.
- Antes da partida frente ao Atlético-MG já havia sido elaborada uma estrutura, uma logística que otimizasse a recuperação dos atletas. A alimentação, o sono e a carga de treinamento foi toda pensada antes daquele jogo em função desse intervalo reduzido – explicou Pimenta.
O planejamento, a logística e a parceria entre departamento de fisiologia e comissão técnica ficaram evidentes quando saiu a escalação do Cruzeiro. Peça importantíssima no esquema de Marcelo Oliveira, Alisson acabou vetado por causa dos resultados dos testes.
- Esse trabalho é realizado há muito tempo e não é uma conduta realizada somente no Cruzeiro. É uma prática comum a vários clubes. O Marcelo realmente aceita a ideia no intuito de preservar até a continuidade tática do time. Às vezes, é melhor tirar o atleta um jogo do que perdê-lo por uma sequência. Por isso, do ponto de vista da fisiologia, o objetivo foi satisfatório, porque a prevenção de lesões aconteceu. O atleta que deveria ser poupado foi poupado e não tivemos nenhuma queixa ou baixa.
Outra situação em que o trabalho em conjunto ficou claro foi com relação à substituição de Willians. O volante também tinha apresentado números relativamente preocupantes com relação ao desgaste.
- O Marcelo, até numa substituição, leva isso em consideração. O principal objetivo é uma prevenção de lesão, porque ela pode acontecer numa extensão elevada. Hoje o objetivo foi atendido. O Willians estava num limite um pouquinho superior que não justificava tirá-lo da partida, mas seria uma troca em potencial em função da história do jogo.
Opinião dos atletas
Apesar do trabalho realizado pelo departamento de fisiologia, Paulo André acredita que pouco pode ser feito com relação à recuperação dos atletas sem o tempo adequado.
- Vou ser sincero. Infelizmente, o pessoal da fisiologia não tem como trabalhar, não tem como fazer muito em 48 horas. Na verdade, eles tentam evitar que alguém corra o risco de lesão. Por outro lado, o trabalho de recuperação é nulo, não existe.
Alisson, antes de ser vetado para a partida, havia contado faz um trabalho no hotel na manhã de segunda-feira. Ele, inclusive, havia garantido que queria jogar, mas os resultados dos testes não permitiram a entrada do atacante em campo.
- Fizemos um pouco de gelo e um pouco de reforço para estar bem e 100% na hora do jogo – contou na ocasião.
Próximos passos
Como a sequência desgastante vai dar um tempo pelo menos até o próximo final de semana, Eduardo Pimenta se mostra tranquilo quanto à recuperação dos atletas. Porém, ele não esquece que pode haver mais um jogo com intervalo de cerca de 48 horas.
- Temos agora um intervalo interessante, de dias suficientes para o jogo contra o Atlético-MG. Será feita nova avaliação 48 horas após essa partida frente ao Huracán, mas temos tempo para recuperar os atletas. O que nos preocupa é à frente, quando teremos de novo um intervalo de 48 horas de um jogo para outro. Por isso vamos repetir os mesmos procedimentos.
Segundo Pimenta, o trabalho foi iniciado logo após a partida, conforme a ciência explica.
- Hoje a ciência aponta para duas condutas fundamentais e efetivas para uma boa recuperação: sono e uma boa alimentação, e isso é controlado. O fato de ter um voo fretado, com conforto e tempo reduzido de viagem e permanência em aeroportos, é fundamental. E o processo de hidratação e reposição nutricional foi iniciado logo depois da partida.
Alisson chegou a viajar com o elenco, mas foi vetado de última hora (Foto: Léo Simonini)