14/4/2015 12:29
Somos o que fazemos
'Um país hospitaleiro e tranquilo, que vai te conquistando aos poucos, assim como o nosso De Arrascaeta, ou Arrascaneta, depois do golaço no clássico de domingo'
Gostaria de parabenizar os nossos jogadores do vôlei por mais este título brasileiro. Mais um título num jogo com algumas viradas difíceis, mostrando que a garra e a vontade são virtudes desse time que já ganhou tudo e continua lutando para se superar a cada campeonato.
Há alguns anos, tive a oportunidade de fazer uma longa viagem de carro de BH a Buenos Aires. Coisa de juventude, mas que guardo com muito carinho. No caminho, passei por três cidades uruguaias. A famosa Punta del Este, com todo o seu glamour; Montevidéu, que mais parece capital europeia, e a pequena Colônia, que ainda conserva sinais da dominação portuguesa. Nessa viagem, conheci o Estádio Centenário, depois de rápida conversa com um segurança, que me deixou entrar depois de me apresentar como brasileiro apaixonado pelo futebol. Quem dera o Brasil tivesse o charme desse país que já nos deu jogadores como Revétria, que adorava um clássico. Um país hospitaleiro e tranquilo, que vai te conquistando aos poucos, assim como o nosso De Arrascaeta, ou Arrascaneta, depois do golaço no clássico de domingo.
Um jogador que, em dois lances, chamou a atenção de boa parte da imprensa para sua personalidade e qualidade. Um gol de bicicleta durante a semana e o gol de empate no clássico já lhe deram novo apelido e a certeza de que sua contratação foi acertada. Não sei até aonde pode ir. O que me importa é a demonstração de que jogos importantes são os seus prediletos, nos quais se sente mais à vontade.
Enquanto a turma do outro lado da Lagoa fica se vangloriando do empate, prefiro as piadas da caneta no Josué. Quem sabe o Cruzeiro não entra em contato com a Bic para patrocinador master neste ano? Lances como o do clássico serão lembrados muito mais do que uma vitória. Mas fiquei com a sensação de que perdemos boa oportunidade de vencer. Entramos com garra e vontade, sofremos o gol numa falha, mas voltamos para o segundo tempo com uma vontade que não víamos havia bom tempo.
Este time ainda não mostrou o toque de bola qualificado dos dois últimos anos, mas vejo nele uma força de vontade de brilhar os olhos. Talvez seja a assinatura de tantos jogadores latinos no elenco. Em homenagem ao nosso craque uruguaio, uma bela frase do escritor Eduardo Galeano, morto ontem: “Somos o que fazemos, mas somos, principalmente, o que fazemos para mudar o que somos”.
Chegou a hora de ganhar um clássico e garantir o primeiro lugar no grupo da Libertadores. Empates nos dois jogos desta semana já seriam suficientes, mas podemos mais. Não interessa se o jogo de volta da semifinal do Campeonato Mineiro será no domingo. Temos de garantir os resultados esta semana. Só temos de fazer como De Arrascaeta: tranquilidade e confiança. Vamos deixar assuntos extracampo para outra hora.
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