Como não conseguiram ingresso, os namorados Leiliane e Diego, vizinhos do Independência, assistiram ao jogo em um bar
Dia de clássico, e Belo Horizonte foi tomada pelo alvinegro e o azul e branco, na mais popular manifestação do país, o futebol. No entorno do Independência, a festa foi atleticana, já que o jogo foi de torcida única. A turma de azul era maioria nos bares e restaurantes da Rua Paraíba, na Savassi, e em outros pontos na mesma região. Fora de campo, o clima foi tranquilo antes, durante e depois da disputa, diante do forte esquema policial montado em locais estratégicos de concentração de torcedores dos dois times.
Os bares da Praça Estevão Lunardi, na Avenida Silviano Brandão, foram tomados pelos alvinegros, antes e durante o jogo. O local já é conhecido como ponto encontro da Massa, que adotou o estádio do Horto como sua casa. O engenheiro Diego Santos, de 26 anos, e sua namorada Leiliane Carvalho, de 23, estudante de direito, não conseguiram ingresso e, como moram perto do Independência, decidiram assistir ao jogo pelo telão em um bar. “Não se compara ao clima dentro do estádio, mas é pura emoção”, disse Diego. “Não importa onde for, Galo é Galo”, completou Leiliane.
Mesmo faltando alguns minutos para o início do clássico, o advogado Eduardo Cordeiro, de 40, parou para comprar uma camisa do goleiro atleticano Victor. “Meu filho, de quatro anos, é fã do Victor e quando vi a camisa me lembrei dele. Não importa o resultado, hoje (ontem) será especial para ele”. O árbitro já havia apitado o começo da partida e alguns torcedores ainda estavam do lado de fora da arena. O engenheiro Antônio Rache Rodrigues, de 32, se destacava, andando com apoio de uma muleta. “Só esperei a fila diminuir e vou entrar”, explicou Rodrigues, que há um mês passou por cirurgia no joelho. “Minha mulher fica preocupada por eu vir ao jogo, mas um clássico desse não dá para ficar assistindo em casa pela TV. Tem que ser no meio da Massa”, afirmou.
Os roqueiros da Metalzeiros se concentraram na Savassi
CLIMA O promotor de vendas André Felipe da Silva, de 19, colocou a bandeira azul nas costas e foi assistir à disputa num bar no Santa Tereza, bairro vizinho ao Independência, em que os cruzeirenses eram minoria. “Aqui todos se conhecem e a rivalidade é só de brincadeira. É a maneira que tenho de ficar mais próximo do estádio e sentir o clima do jogo”.
Na Rua Paraíba, conhecido reduto cruzeirense, o clima de festa só veio com o gol de empate. A torcida garantia que, independentemente do resultado de ontem, no segundo jogo os bares ficarão vazios, pois todos estarão no Mineirão para garantir a vaga para a final do Estadual. “Somos torcedores fiéis e temos que estar juntos. Esse era um jogo para ter sido no Mineirão com as duas torcidas. Mas já que os dirigentes atleticanos não se esforçam para isso, na volta seremos maioria”, afirmou o administrador Pedro Morais, de 23.
A estudante Gabriela Figueiredo, de 21, ao lado da amiga Ana Luiza Godinho, de 18, também lamentou não poder estar perto do time. “É, o Mineirão é nossa casa. Já o Independência é o barraco deles e não tem como receber todos”, provocou. Com relação ao título, Ana Luiza foi otimista: “Eu tenho certeza!”. Empolgação não faltou para a turma do rock. A torcida organizada Metalzeiros fechou um bar na Savassi e cerca de 200 cruzeirenses comemoraram muito o gol de De Arrascaeta. “No Mineirão, vai ser vitória do maior de Minas. O Cruzeiro e o rock são a nossa paixão e vamos comemorar muito ao som das guitarras no próximo domingo”, garantiu o administrador Marco Aurélio Goulart, de 35, um dos organizadores da torcida.