11/4/2015 10:35
O melhor do brasil
Em caso insólito de unanimidade dividida, atleticanos e cruzeirenses afirmam com convicção: nenhum dos goleiros do país supera o número 1 do seu time. E ninguém deixa de ter razão
O primeiro jogo das semifinais do Campeonato Mineiro, amanhã, às 16h, no Independência, oporá mais uma vez os dois maiores times do estado, Atlético e Cruzeiro, e também goleiros que são referência. Para a torcida atleticana, Victor é o melhor do país. Já a celeste não tem dúvida: é Fábio e não se discute. Pelas atuações dos arquirrivais debaixo das traves, pode-se dizer que tanto uma quanto a outra estão cheias de razão. Mesmo que Dunga, o treinador da Seleção Brasileira, não pense assim. Se grandes times começam por um grande goleiro, tanto Galo quanto Raposa estão mais do que bem servidos. Em meio a uma safra generosa de bons arqueiros pelos campos do Brasil – e até do exterior –, há anos eles se situam entre os melhores. Às custas de defesas espetaculares. E até mesmo de milagres.
RETROSPECTO FAVORÁVEL Ao longo de sua carreira de 14 anos, Victor disputou clássicos também no Rio Grande do Sul, defendendo o Grêmio de 2008 a 2012. Agora, perto de completar três anos no Atlético, vai disputar seu 14º dérbi mineiro com números altamente positivos. O camisa 1 do Galo não levou gol em seis deles e ajudou a equipe a sustentar um aproveitamento de 64,1% contra o maior rival. No histórico recente, tem sido um dos protagonistas na invencibilidade de nove jogos sem derrota para os cruzeirenses.
Ele entende que o grupo deve trabalhar para manter o comportamento da vitória sobre o Santa Fe, pela Libertadores, com muita vibração e concentração em cada lance. “Entramos em um período de decisão, tanto no Mineiro quanto na Libertadores. Perdemos para o Boa e não tivemos como escolher o adversário. Temos de corrigir os erros e nos concentrar cada vez mais para esses compromissos decisivos.”
Desde chegou ao Atlético, Victor é o jogador mais assíduo da equipe no confronto mais importante de Minas. Ficou fora apenas de um, logo depois da conquista continental de 2013, quando a Raposa goleou os reservas alvinegros por 4 a 1, no Mineirão. Na ocasião, Giovanni defendeu a meta. Para o goleiro titular, os clássicos mais emblemáticos foram os da decisão da Copa do Brasil, ambos com vitórias preto e brancas.
Para que o Galo garanta vaga nas finais do Mineiro, não adianta apenas Victor fazer seu papel. Como a vantagem de jogar por dois empates ou vitória e derrota pela mesma diferença de gols é do adversário, o Galo precisará balançar as redes celestes. Para o goleiro, seu time amadureceu muito nos últimos anos e não terá dificuldades em manter o empenho nas duas competições. “Em 2013 e 2014, passamos por pressão e tivemos viradas históricas. A resposta tem sido muito boa e positiva e faz com que tenhamos ainda mais confiança. O apoio do torcedor se torna fundamental neste processo, porque cria uma identidade com a equipe.”
DESAFIANDO TABUS Habituado a disputar o maior clássico de Minas desde 2005, quando assumiu a camisa 1 celeste, Fábio encara o de amanhã com naturalidade, mas sabe que o adversário está atravessado na garganta, porque a Raposa não vence o Galo desde julho de 2013, tendo empatado quatro e perdido cinco partidas depois disso. “Nesse período, já houve jogos que poderíamos ter vencido. O importante é a gente fazer um bom jogo”, afirma o arqueiro, que tem retrospecto positivo nos duelos com o rival.
A tarefa celeste será ainda mais difícil se for levado em conta que o jogo será no Independência, onde o Cruzeiro ainda não venceu o Atlético desde a reinauguração, em abril de 2012. Tabu que também não assusta Fábio. “A gente sabe das dificuldades, mas, se tivermos consciência tática, podemos conquistar a vitória.”
Como o adversário, o Cruzeiro ganhou ânimo novo com vitória durante a semana pela Libertadores. Mais que isso, mostrou bom futebol nos 3 a 0 sobre o Mineros-VEN, no Mineirão, o que anima o camisa 1. “Era importante vencer aquela partida. Ganhamos mais tranquilidade para essa sequência difícil que teremos pela frente”, afirma o capitão celeste, referindo-se não apenas às semifinais do Estadual, mas também ao duelo com o Huracán na noite de terça-feira, em Buenos Aires, pela quinta rodada da Libertadores – se empatar, a Raposa estará nas oitavas de final.
Mas essa uma preocupação para depois do clássico de amanhã, em que os goleiros podem mais uma vez ter papel decisivo.
VICTOR
32 anos
Paulista de Santo Anastácio
1,93m de altura
13 clássicos
7 vitórias
4 empates
2 derrotas
12 gols sofridos
0,92 gol sofrido por jogo
FABIO
34 anos
Mato-grossense de Nobres
1,88m de altura
44 clássicos
20 vitórias
11 empates
13 derrotas
56 gols sofridos
1,27 gol sofrido por jogo
FALA, ESPECIALISTA!
“São goleiros do mesmo nível, que poderiam estar na Seleção. Clássico é jogo como qualquer outro, importante, você tem de estar concentrado, bem preparado. Alguns se motivam mais em um clássico, mas sempre encarei todas as partidas com muita seriedade”
Raul, goleiro celeste entre 1966 e 1978
“São excelentes goleiros, e os admiro muito. Sem sombra de dúvida, estão entre os melhores do Brasil. São merecedores da situação que vivem no momento. Não só pelos títulos que conquistam com seus clubes, mas pela postura, pela envergadura debaixo da trave. O Fábio também pelo longo tempo no Cruzeiro, quebrando vários recordes”
Gomes, goleiro celeste entre 1982 e 1988
“Os dois são do mesmo nível. Qualquer um que fosse para a Seleção, seria justo. A fase é muito boa. Mas num clássico é impossível definir quem vencerá a disputa, porque se trata de um jogo igual”
Mussula, goleiro do Cruzeiro de 1958 a 1963 e do Atlético de 1968 a 1973
“É um duelo de muito equilíbrio. São dois goleiros experientes, que podem decidir o clássico e vivem excelente fase”
Velloso, goleiro do Atlético de 1999 a 2004
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