10/3/2015 12:11
Conflito de interesses
Não questiono a bandeira, mas qual a relação dela com o clube e se ela realmente representa a torcida
Hoje vivemos um momento no qual não conseguimos separar as influências e os interesses, sejam eles políticos, religiosos ou clubísticos . Pessoas que tem relevância nas redes sociais desfilam seu poderio ao influenciar um grande numero de pessoas por meio de simples postagens. Ainda é muito fraco o controle sobre o que se pode escrever e, de certa forma, as pessoas se sentem protegidas em um teclado de computador ou smartphone, criando coragem para se tornar agressivos e até irresponsáveis.
No fim do ano passado, tivemos dois embates muito fortes no estado de Minas Gerais, nos quais quem não perdeu amigos pelas divergências políticas precisou ter muita paciência por causa da decisão da Copa do Brasil entre o Cruzeiro e o time do Bairro de Lourdes. Tivemos que exercitar o nosso lado mineiro ao escutar muito e falar pouco, para não perder a paciência.
O jogador de futebol hoje é midiático, tem presença constante nas redes sociais, qualquer coisa que ele escreva vira notícia. As piadas e as provocações são sempre comentadas, se tornando verdades de forma imediata e inconsequente.
Vejo poucos clubes interferindo ou criando linha de conduta para os jogadores com relação ao que eles escrevem em seus perfis pessoais. Imagino que os clubes fiquem de mãos atadas, pois eles ainda não estão preparados para conviver e entender o alcance destes posicionamentos.
Os jogadores hoje são marcas que utilizam de sua visibilidade para vender de tudo. Esta é a regra atual do negócio futebol. Um short estrategicamente abaixado mostrando a marca da cueca virou mídia mundial durante a Copa e criou a dúvida sobre os limites de exposição de imagem.
Falei isso tudo para colocar em discussão a bandeira gigante com dizeres religiosos que está sendo estendida regularmente no Mineirão durante os jogos. Não questiono a bandeira, mas qual a relação dela com o clube e se ela realmente representa a torcida.
Na nossa torcida temos bandeiras clássicas, como a do Alberto Rodrigues, da Itatiaia, e de grandes craques da nossa história. Mas uma tão grande fazendo referência a um posicionamento pessoal sem ligação com o futebol é a primeira vez.
Num mundo em que a relevância e a formação de opinião não é mais privilegio das mídias clássicas, fico pensando se isso não é um exemplo de conflito de interesses, que abre um precedente para a manifestação de outros posicionamentos políticos e sociais.
Um velho ditado popular diz que “religião, partido político e time de futebol, cada um tem o seu”. Todos nós vamos ao Mineirão, pois somos cruzeirenses, esse é o motivo que nos faz sair de casa num domingo à tarde.
Com relação ao clássico, perdemos uma grande chance de colocar uma das mãos na taça de campeão mineiro, pois abriríamos ótima vantagem. Mas que ainda falta um armador, isso falta.
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