Wallace exibe as camisas com as quais conquistou seus maiores títulos: o Brasileiro de 2013, o Mineiro de 2014 e o bicampeonato do Torneio Internacional de Toulon com a seleção brasileira sub-21 (Foto: Fred Gomes)
A constelação celeste está perto de perder uma potencial estrela. O zagueiro Wallace, de 19 anos, e com apenas oito jogos entre os profissionais, deve rumar à Europa no segundo semestre. Apesar do pouco tempo que teve e terá para mostrar seu valor aos cruzeirenses diante da iminente transferência, o jovem trata a participação no Campeonato Mineiro 2014, conquistado pela Raposa, como primordial para sua tenra trajetória.
- Para mim, foi muito bom. Um menino novo, com pouca experiência, chegar e jogar num elenco daqueles, tão forte e com grandes jogadores, foi excelente. Pude mostrar meu futebol e, devagarzinho, vou aparecendo no mercado - afirmou o defensor, de 1,91m e 78 kg.
Wallace, embora já tratado como joia, ainda é pouco conhecido nacionalmente. Nasceu no Rio, mas não pôde realizar o sonho de atuar em um grande de seu estado. Revelado pelo Tigres, de Duque de Caxias, foi rejeitado por Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco.
- É sempre triste (ser rejeitado). Você está num estado onde há grandes clubes, e o sonho de todo mundo é jogar por Flamengo, Vasco, Fluminense. Enfim, em qualquer time grande, mesmo tendo um do coração. Quando isso acontece nessa vida do futebol, é assim mesmo. Tem que saber lidar com isso e, graças a Deus, tive a oportunidade de ir para outro estado, conhecer outra cidade e ser bem recebido no futebol mineiro - afirmou.
Se os brasileiros têm pouco tempo para se familiarizar com o estilo de Wallace, o próprio se autodefiniu dentro de campo.
- Sou um atleta muito sério e inteligente. Um jogador rápido, mas que tem muita calma - afirmou o garoto, fã da dupla de zaga titular da Seleção, formada por Thiago Silva e David Luiz.
Questionado sobre a possibilidade de jogar na Europa, disse que dificilmente imaginaria uma saída tão rapidamente. Porém, trata a situação com naturalidade.
- De começo a gente não pensa, mas depois vai vendo que futebol é assim mesmo. Mesmo tendo o pensamento de ficar no Brasil, de uma forma ou de outra, se você tiver sucesso por aqui, vai se abrir um horizonte no mercado. Com isso, você vai aprendendo a lidar com o pensamento de jogar na Europa.
Atualmente, os direitos econômicos de Wallace estão divididos entre a empresa Macar Sports (40%) e o Cruzeiro (60%). O português Jorge Mendes, empresário de Cristiano Ronaldo, deve acertar em breve a compra da parte que pertence à Raposa, fixada em 9,5 milhões de euros (cerca de R$ 30 milhões).
- Qualquer negociação do Wallace passa por um plano de carreira que é gerenciado por nós. Não basta só pegar um jogador promissor, como é o caso dele, e mandar para um mercado chinês ou russo. A perspectiva disso desportivamente é zero. Foi a mesma coisa que implantamos quando o tiramos do Rio e optamos pelo Cruzeiro. Para sair do Cruzeiro, para não ficar uma situação incoerente, o projeto tem que ser o mesmo - afirmou Mauro Azevedo, sócio de Fábio Costa na Macar Sports.
Wallace, no desembarque em Minas, após ser campeão com a seleção brasileira em Toulon (Foto: Marcelo Jordy)