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6/3/2024 11:41

Aprovação da "Invasão Estrangeira" e a Liberdade de Escalação no Futebol

Aumento do Limite de Estrangeiros no Campeonato Brasileiro: Liberdade de Escolha e Potencial de Desenvolvimento.

Aprovação da Invasão Estrangeira e a Liberdade de Escalação no Futebol

Uma das mudanças nas regras do Campeonato Brasileiro , após reunião dos clubes da Série A na CBF na última segunda-feira (5), é o aumento do limite de estrangeiros em campo . Agora, poderão ser usados nove "gringos" por time, algo que tem preocupado bastante algumas pessoas que lamentam o menor espaço para jogadores nacionais. Inclusive a Fenapaf (Federação Nacional de Atletas Profissionais de Futebol) se posicionou contra essa alteração que restringiria o uso dos garotos oriundos das categorias de base nas equipes principais, o que resultaria em prejuízo para o futebol brasileiro. Eu sempre defendi o aumento do limite de estrangeiros por clube, algo que até pouco tempo era reduzido a apenas três atletas. Antes de tudo, preciso lembrar aqui que ninguém é obrigado a escalar nove estrangeiros em um jogo. Também ninguém precisa parar de usar atletas da base, não há nenhuma regra que impeça a montagem de um time só com pratas da casa. Essa é a liberdade do mercado. Defendo que um clube tenha o direito de fazer o que bem entender com seu elenco, com seu projeto, com sua SAF. Se o plano é revelar jovens atletas e fazer dinheiro no mercado, pode encher o time de moleques. Se a ideia é contratar mão de obra estrangeira porque é mais barata ou porque oferece mais retorno técnico, que se invista mesmo em atletas de fora. Qual é o limite de estrangeiros na NBA ? Ter vários jogadores de outros países impediu a produção de grandes jogadores estadunidenses e o aproveitamento desses na principal liga de basquete do planeta? Qual é o limite de estrangeiros no futebol europeu? Esse intercâmbio desenfreado de jogadores e treinadores "gringos" no Velho Continente causou um problema para as seleções de Alemanha, Espanha, França e Inglaterra? Ao contrário, todas essas seleções foram campeãs mundiais neste século, três delas com seu time principal e uma delas no sub-20 e no sub-17.

Alemanha, França e Inglaterra ainda triunfaram bastante neste século com as suas seleções nacionais importando alguns atletas cuja origem é de outras nações. Citei os exemplos acima para mostrar que não vejo motivo para tanta preocupação com a invasão de "gringos" aqui. Nos últimos meses, vimos alguns times tendo que descartar bons jogadores de algumas partidas para atender ao limite de estrangeiros em campo. Estávamos desfalcando os nossos times por conta dessa regra. Alguém pode dizer que na Europa a situação é diferente porque muitos jogadores que vêm de fora não são de fato estrangeiros por conta do Mercado Comum Europeu (grande parte do continente integra a União Europeia). Se fizermos esse paralelo, também não deveríamos contar como estrangeiros os atletas que chegam de outros países do Mercosul, o bloco da nossa região aqui. Metade das nações que integram a Conmebol estão unidas politicamente e comercialmente. Imagina se argentinos, bolivianos, paraguaios e uruguaios não contassem como estrangeiros aqui no futebol brasileiro. A tal invasão certamente seria maior. Há um outro ponto competitivo que favorece muito o Brasil nesse mercado livre no continente: nós temos a maior economia da região, nossos clubes têm investido cada vez mais pesado em reforçar seus elencos e em desfalcar os nossos vizinhos. Isso se reflete no domínio que temos visto do nosso país nos torneios da Conmebol. Desde 2019 só temos brasileiros como campeões da América, muito com a ajuda de Arrascaeta, Gustavo Gómez, Cano, Jorge Jesus, Abel Ferreira etc.

Eu era pequeno e já ouvia sobre o sonho de o Campeonato Brasileiro ser uma NBA do futebol mundial. Como podemos ter essa liga que seja uma referência global se tivermos apenas atletas brasileiros? Talvez isso fizesse sentido nos anos 50, 60 e 70, quando contávamos de fato com vários dos melhores jogadores do mundo e ainda existia limite forte de estrangeiros na Europa. Hoje, mesmo se tivéssemos aqui todos os brasileiros que estão no futebol europeu, já não seríamos essa Coca-Cola toda não. Nós vimos a primeira convocação de Dorival Júnior na seleção e, convenhamos, não é nada de outro mundo, não temos uma geração das mais animadoras. O problema maior do futebol brasileiro, na minha mascarada opinião, não é dar mais espaço para os "gringos" nos nossos clubes, é sim a grande mudança da nossa mentalidade ao longo dos tempos.

Estamos com conceitos mais europeus, e isso vem desde a base, o que está resultando na carência de grandes armadores, centroavantes e até dos nossos alas, o que tem gerado menos dribles e ousadia em campo, o que vem deixando nosso jogo mais robotizado, físico e cheio de passes para o lado e para trás, o que talvez explique porque um talento como James Rodríguez mal é aproveitado pelo São Paulo , um dos tantos times da nossa elite repleto de "operários". O Vasco também é uma equipe lutadora que compete quase o tempo todo, mas achou um espaço para aproveitar a qualidade técnica de um francês ( Payet ). A torcida do Inter está eufórica com a chegada de Borré para jogar ao lado de Valencia e Alario .

Eu aprovo totalmente esse ataque e o esforço da diretoria colorada para implantar o limite de nove estrangeiros em campo no Brasileiro, campeonato que o Inter tem como prioridade neste ano porque não o vence desde 1979 e também porque não está na atual CONMEBOL Libertadores . O time gaúcho, que ainda conta em seu elenco com Rochet, Mallo, Bustos, Mercado, Aránguiz e De Pena, pode ser o campeão brasileiro mais "gringo" da história, ainda mais sendo treinado pelo argentino Eduardo Coudet . Se o Inter idolatrou de uma forma muito singular Don Elías Figueroa, lendário zagueiro chileno nos anos 70, agora teme a debandada de seus principais jogadores na Copa América , coisa que afeta também de maneira substancial o Flamengo , outro forte postulante ao título do Brasileiro (o meio-campo formado por Pulgar, De la Cruz e Arrascaeta pode entrar para a história do clube que já teve Andrade, Adílio e Zico e que se orgulhava bastante por formar craques em casa).

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