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4/5/2022 14:18

Do nome escolhido em sorteio ao lavador de carros: as histórias do persistente e globalizado Luvannor, atacante do Cruzeiro

Do nome escolhido em sorteio ao lavador de carros: as histórias do persistente e globalizado Luvannor, atacante do Cruzeiro
A lesão no púbis, logo aos 19 anos, poderia impedir Luvannor de alcançar o sonho de ser jogador de futebol e dar uma vida melhor à família Henrique, natural de Campo Maior, Piauí, mas criada na capital federal, Brasília. Mas a história de vida do moldávio-brasileiro, de 31 anos, novo atacante do Cruzeiro, é de persistência. Não desistência.

Das tentativas - infrutíferas - de atuar no futebol do Brasil aos mais diversos idiomas que teve de conviver ao longo da carreira, o "Luva do Cruzeiro" persistiu, venceu e se orgulha da história que escreveu até acertar com a Raposa no último mês.

Luvannor fez (quase tudo) antes de vingar no futebol. Mas o sonho mesmo era de ser jogador.

- Eu sempre busquei ajudar minha família, de qualquer forma. Só não roubei, e nunca farei isso. Vendi picolé, vendia vale em Brasília. Vigiei carro, lavei carro. Trabalhei em construção, como ajudante de eletricista. Sempre ajudando o meu pai, porque era o mais velho. Com 16 anos, queria já comprar minhas coisas para jogar meu videogame. Sabia que o duro que o pai dava era para o sustento da família, junto da minha avó, minha mãe, que nunca deixaram faltar nada.


Na Moldávia, de lateral a atacante
Luvannor tentou no profissional no Paranoá, de Brasília, e Morrinhos, de Goiás. Ganhou a chance de um teste no Sheriff Tiraspol, da Moldávia, país do Leste Europeu. Chegou em 2011, com 20 anos. Dez dias de teste. A CHANCE para o filho mais velho da família Henrique.

- Fui para lá sem saber onde era. Eu disse que jogava de qualquer coisa. Tinha que agarrar a chance. Disse ao meu empresário que poderia rasgar a passagem de volta, que eu iria para vencer.
- Que viagem. Andei de van, trem, até chegar ao local. Foi uma experiência. Botei minha mochilinha, nem sabendo onde iria. Foi uma viagem bem longa, de madrugada. Mas venci - complementa o atacante.

Antes disso, superou uma lesão no púbis.

- Passei por um momento delicado, tive uma lesão (no púbis). Jogava na várzea. É meio complicado, porque sempre me emociono quando fala, porque tem uma pessoa que ajudou muito, que tem clube, que ajuda os garotos na região do Paranoá. Ele tem um lava-jato. Eu trabalhava no lava-jato meio período e disponibilizava o carro dele para tratar ou treinar no outro período. Foi uma pessoa que me ajudou muito. Até ir a Moldávia, foi bem duro mesmo.

Assim como na vida, Luvannor venceu na carreira de jogador sendo multifuncional. Na Moldávia, começou como lateral esquerdo, mas logo viram que o ponto forte era a parte ofensiva.

- Eu tinha mais força para atacar do que defender. O treinador e o diretor começaram a ver isso. Jogamos o primeiro amistoso e joguei de lateral. No segundo, o capitão me perguntou se eu não jogava de ponta. Disse para ele que nunca tinha jogado de lateral (risos), mas do meio para frente jogava tranquilo. Quando foi o último amistoso, antes do jogo da pré Champions, entrei para jogar na meia e pela ponta. Em 15 minutos, dei duas assistências e fiz um gol.


- Você depara com jogador muito malinha. Não recebia bola de um sérvio de jeito nenhum. Então, comecei a jogar sozinho. Era muito agudo, gostava de arrastar. Não tocava bola não, saía driblando todo mundo. Se eu não me destacasse, iria voltar (para o Brasil).
Apesar de ser mais bem aproveitado no ataque, Luvannor sabia que precisava se firmar no Sheriff. Por isso, continuou aproveitando as chances que apareciam. Até mesmo pela seleção da Moldávia, por onde atuou em amistosos.

- Na segunda temporada, atuei metade como lateral, porque os jogadores da posição se lesionaram. E a terceira temporada foi a melhor, em que fui artilheiro do campeonato, fiz 26 gols, joguei pela seleção (da Moldávia) e, aí, fui para os Emirados Árabes.

Família Henrique globalizada
Foi na Moldávia e nos Emirados Árabes que Luvannor formou sua própria família. Casou com Aleona, natural da Moldávia. Lá teve Jasmine, a primeira filha do casal.

- Fiquei lá tres anos, casei com a minha esposa. Eles me ofereceram o passaporte, fiz quatro jogos. Mas a Fifa mandou carta à Federação, porque só tinha três anos lá. Fiz gol contra a Suécia e Andorra. Fiz bons jogos. Por lei, tinha que ser cinco anos. Tive minha filha, Jasmine. Quando terminou a terceira temporada, tive a proposta para os Emirados Árabes, para jogar no Al Shabab.

- O Caio Júnior (técnico) me ajudou bastante. Ele foi muito especial para mim. Fiz uma parceria muito boa com o Jô também. Ele me ajudou muito. O Edgar Junio também me ajudou muito no começo.
Nos Emirados Árabes, onde a família tem residência fixa, Luvannor também teve o segundo filho. A família ainda está por lá. Em casa, Luvannor fala em romeno com a esposa. Também consegue se virar com o russo e com o inglês com os filhos.

- É uma mistura, vai falando. Quem fala uma língua, duas línguas não pega nosso idioma. Vai uma palavra em russo, outro romeno e português. Só a gente entende (risos). Minha filha fala o inglês fluente. Ela responde em inglês, português e romeno. É uma bagunça em questão de conversa. Mas o importante é que a gente se entende.

A origem do nome
A família de Luvannor é toda ligada ao futebol. O pai, Paulo Henrique, atuou no futebol piauiense. Os irmãos (todos também Henrique) também. O irmão do meio, Klisman, atuou no Sheriff, junto de Luvannor. O mais novo, Boniek, está no ABC, de Natal.

Só nome de artista em casa - brinca o atacante do Cruzeiro, que explicou a origem do nome.
- O que meu pai fala, e que eu já escutei, é que ele estava com amigos e fez um sorteio na época. E tinha alguns nomes. E ele tirou, no sorteio, Luvannor três vezes. E ele fala que tinha um Luvanor que jogou no Goiás e no Flamengo. Ele fala que o Luvanor veio através do jogador Luvanor.

1404 visitas - Fonte: globoesporte




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